29/06/2011 - Brasil doará alimentos para formar estoque de emergência global

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Assis Moreira | De Roma

O Brasil deverá contribuir diretamente com o fornecimento de alimentos para a criação do estoque de emergência aprovado pelos ministros de agricultura do G-20 para atender países pobres em crise alimentar aguda. O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, acha que os países produtores poderão contribuir com alimentos e os desenvolvidos importadores, com dinheiro para formação do estoque.

"O Brasil já tem feito doações, como 500 mil toneladas de alimentos (recentemente) e achamos que todos os membros do G-20 devem participar do mecanismo, para atender situações de dificuldade crônica", afirmou ele, à margem da assembleia anual da FAO.

Países desenvolvidos do G-8 costumavam anunciar pacotes de ajuda sem depois cumprir as promessas. Agora, no G-20, parecem aliviados por dividir a fatura com os emergentes.

O Programa Alimentar Mundial (PAM) lista 30 países em situação de insegurança alimentar. A discussão agora é sobre que países poderão recorrer ao estoque, como e qual o volume das reservas.

Para a ONG Oxfam, uma reserva global de cereais de 105 milhões de toneladas custaria US$ 1,5 bilhão, ou US$ 10 por cada pessoa a mais que entrou na categoria de desnutrido como resultado da mais recente crise alimentar.

O diretor eleito da Agência da ONU para Agricultura e Alimentação (FAO), José Graziano da Silva, não tem dúvida: "temos que voltar a ter estoques". Reservas emergenciais são consideradas essenciais para evitar distúrbios em caso de crises alimentares em países pobres. "Numa situação de preços já voláteis, havendo crise, seca, guerra e tendo que se comprar grandes quantidades, o preço vai ainda mais para cima", diz Graziano.

A FAO foi criada há 66 anos para enfrentar a fome no mundo. Há 20 anos, os governos se comprometeram a cortar pela metade o número de famintos até 2015. Hoje, 970 milhões de pessoas não têm o suficiente para comer.

A FAO vai trabalhar com o PAM num projeto-piloto de estoques. Mas a Oxfam considera que os ministros de agricultura deram um "pequeno" passo ao abordarem só os impactos dos preços altos e voláteis e não suas causas.

"Os ministros do G-20 fracassaram em reconhecer que reservas estratégicas de alimentos ou estoques de segurança têm também um papel essencial para ajudar países pobres a enfrentar a volatilidade dos preços", diz a ONG.

Veículo: Valor Econômico
Publicado em: 29/06/2011

 

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