Agricultores amazonenses de Envira constituem cooperativa

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Cinquenta e cinco agricultores organizados do município de Envira, localizado no sudoeste do Amazonas, empreenderam mais uma ação concreta em direção ao resgate do espaço e da prosperidade perdidos, em decorrência da polêmica demarcação territorial que subtraiu juridicamente 40% das terras e um terço da população do município. Organizados, eles criaram a Cooperativa Agroextrativista Mista dos Produtores de Envira (Coopenvira) com o objetivo de reconquistar e ampliar os limites do poder socioeconômico dos produtores locais, fortalecendo a renda familiar.

Apresentando a farinha de mandioca como carro chefe da produção, somado à cultura de grãos como milho e arroz, além do plantio de frutas e hortaliças, passando pela criação de frangos, produtores e produtos conquistaram o acesso às negociações institucionais com a Companhia de Abastecimento (Conab) e o programa de merenda escolar do município de Envira, após adquirirem a identidade cooperativista.  A cooperativa representa uma resposta dos trabalhadores às limitações que o novo mapa impôs a região.  

Coordenada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma tríplice comissão com representantes dos estados de Rondônia, Acre e Amazonas começou ainda em 1985/86 antes da Constituição de 1988, os trabalhos de redemarcação dos limites territorial, entre os anos de 1985/86, por conta de litígios em dois pontos geodésios nos rios Envira e Juruá.

O primeiro, na divisa de Acre e Amazonas, na localidade conhecida como Estirão do Elieso, próximo à cidade de Feijó-AC, avançou 45 quilômetros adentro do Amazonas, em direção a foz do rio Jurupary. O segundo no Juruá, reconsiderou juridicamente um bairro inteiro do município de Guajará(AM) para dentro do estado do Acre. Foram desapropriados aproximadamente 1.200 hectares de área física do município de Envira, uma devastação econômica para a cidade.

Para se ter uma idéia da importância da cooperativa à economia local, basta lembrar os efeitos causados pela ação do governo federal. Houve uma redução de 8 mil habitantes no censo demográfico, e 44% das terras produtivas, em função da demarcação, como conseqüência, uma queda sensível no coeficiente de arrecadação dos recursos que Envira recebe do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), repassado pelo governo do Amazonas. A Coopenvira amplia os limites econômicos do município e tira da asfixia a economia local, que o novo mapa impôs aqueles trabalhadores.
(Fonte: OCB/AM)

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