Audiência na Câmara dos Deputados discute a exportação de boi vivo

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Em audiência pública realizada nesta terça-feira (4/5) pela Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio (CDEIC) da Câmara dos Deputados, deputados e representantes do Governo e do agronegócio buscaram esclarecer se a exportação de bois vivos está ou não ameaçando a produção nacional. O autor do requerimento que solicitou a audiência pública foi o deputado Dr. Ubiali, membro da Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop). 

Segundo a coordenadora de agronegócios do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Rita de Cássia Vieira, a venda de bovinos vivos para o exterior interfere pouco na estabilidade do mercado interno brasileiro de carne resfriada ou congelada. Rita Vieira informou que, atualmente, apenas 1,6% do rebanho brasileiro é destinado à exportação de bovinos vivos, o que representa anualmente 500 mil cabeças e um lucro de 400 milhões de dólares em 2009. 

De acordo com a representante do MDIC, a atividade tem crescido de forma moderada e está concentrada basicamente no Pará, responsável por 96% das operações nacionais. "Não há desequilíbrio na cadeia produtiva. O ministério, porém, continuará monitorando o mercado. Se houver um aumento espetacular nos índices de exportação de gado em pé, aí sim poderemos pensar em medidas compensatórias para a indústria", afirmou. 

O deputado Ronaldo Caiado, membro da Frencoop, defendeu a venda de animais vivos no Pará como forma de fugir dos interesses dos frigoríficos locais. "Sem a exportação do boi em pé, os produtores rurais paraenses estariam quebrados, pois eles sofrem nas mãos de cartéis", disse. Atualmente, os maiores importadores de bovinos vivos brasileiros são, pela ordem: Venezuela, Líbano e Egito. 

Para o economista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Reinaldo Gonçalves, no entanto, é um erro o País investir na comercialização de bois em pé. "Trata-se de um lamentável exemplo de 'primatização' da pauta de exportação; de nos tornarmos meros fornecedores de matérias-primas", argumentou. O estudioso acrescentou que a prática conflita com as pretensões do Brasil de se tornar referência no comércio internacional. 

Essa opinião foi compartilhada pelo representante da Associação Brasileira de Frigoríficos, Francisco Victer, que considerou o abate necessário "não só por questões econômicas, mas também como estratégia para agregar valor à nossa indústria". 

Já o consultor da Associação Brasileira dos Exportadores de Gado em Pé (Abeg), Alcides Torres, afirmou que a comercialização de bovinos vivos não inviabiliza outros negócios. "É mais um canal de escoamento da produção. É por causa da exportação de produtos primários que a nossa balança comercial deve fechar positivamente neste ano", defendeu.

Mesmo sendo um mercado pequeno, a exportação do chamado boi em pé causa divergências de opiniões. Para a representante da Sociedade Mundial de Proteção Animal, Charlí Ludtke, o principal problema desse tipo de exportação são os danos causados aos animais: "As viagens são longas, há cansaço; assim como acontece com pessoas, os animais se desgastam e cansam viajando três semanas para o Líbano." 

Em defesa dos exportadores de gado em pé, Alcides Torres garantiu que os produtores também estão preocupados com o bem-estar animal e tomam todos os cuidados possíveis com o transporte do gado. Ele destacou que o produtor se beneficia mais exportando gado vivo. "Exportando o bovino em pé, o produtor recebe mais pelo animal. Esse dinheiro fica no campo, representa investimento e quando o produtor vai bem a indústria de insumos também se dá bem. E, se fizermos uma conta, a agregação de valor no campo em função do pagamento melhor pelo produto é 255% maior do que o valor agregado na exportação", argumentou. (Fonte: Agência Câmara)

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