Avicultura paranaense registra queda no acumulado do ano

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O crescimento negativo é um duro golpe para o setor que há cinco anos acumulava recordes de exportação. Em 2011, o faturamento foi 16,5% maior do que em comparação a 2010, o dobro da economia brasileira que, como um todo, avançou 7,5% no período. Porém, o crescimento em ritmo chinês foi freado pelas turbulências enfrentadas pela cadeira produtiva.

A partir de agosto a cadeia avícola paranaense foi obrigada a diminuir o ritmo de produção em plena temporada de recordes de abate e exportação de aves por causa dos altos preços da soja e do milho, que correspondem a 70% da ração utilizada para alimentar aves de corte. Se considerada a soma dos últimos quatro meses, o faturamento caiu 13%. Entre agosto e novembro do ano passado foram gerados US$ 727,6 milhões em divisas, já no mesmo período deste ano foram US$ 631,5 milhões. A indústria deixou de faturar US$ 96,1 milhões.

Já a quantidade de frango exportada aumentou 4%, mas não ajudou na balança. Até novembro deste ano, a indústria comercializou 985,5 mil toneladas com o exterior. "Além da crise interna, também enfrentamos a turbulência econômica mundial. Os países importadores não deixaram de comprar carne de frango, mas deram preferência aos cortes menos nobres. A exportação foi direcionada para produtos mais baratos por uma questão de mercado", explica o presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins.

Para Martins, o que ocorreu este ano foi uma verdadeira crise de crédito que se arrasta desde 2008 e que se intensificou por causa da alta dos insumos. "Além do problema do preço da ração, os avicultores enfrentam uma escassez de crédito que continua preocupando o setor, visto que o prazo para que produtores pagassem aquisições de grãos costumava ser de até 40 dias, enquanto após a escassez de milho e soja o pagamento precisou ser antecipado ou a vista", comenta.

Outro grande obstáculo da avicultura paranaense tem sido a falta de resposta do governo diante da solicitação de medidas para amenizar os efeitos da crise. Em agosto, o Sindiavipar, junto com outras lideranças do setor como a Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Secretaria Estadual de Agricultura e do Abastecimento (Seab-PR), encaminhou uma carta de reivindicações para o Governo Federal, que até agora não foram atendidas segundo Domingos.

Entre as solicitações encaminhadas ao ministro da Agricultura, Agropecuária e Abastecimento (Mapa) Mendes Ribeiro, estão uma linha de crédito com taxas de juros de 5,5% ao ano e prazo de reembolso de até 72 meses, assim como a prorrogação de dívidas de indústrias e produtores. O setor também pediu a criação de um Prêmio de Escoamento da Produção para trazer milho do Centro-Oeste para a região Sul com o objetivo de reduzir a pressão sobre os preços.

No final de novembro uma nova carta elaborada pelo Sindiavipar e Grupo Unifrango, holding que congrega 16 empresas avícolas do Paraná - foi enviada, desta vez à Assembleia Legislativa do Paraná para informar os parlamentares sobre a real situação da avicultura paranaense, que passa por uma verdadeira crise de crpedito. "O governo está demorando demais para ajudar o setor, ele não se mostrou sensível ao setor avícola nem mesmo quando ocorreram fechamentos de empresas e demissões", ressalta Domingos.

O presidente do Sindiavipar ressalta que a indústria avícola é o segundo item na pauta de exportação do Paraná, perdendo apenas para a soja, e, por isso, a importância do setor para a economia. Só no estado, o setor avícola paranaense emprega cerca de 660 mil pessoas, entre empregos diretos e indiretos, o que representa cerca de 7% da população do Paraná. Hoje, o estado tem 43 agroindústrias atuando na atividade, entre abatedouros e incubatórios, e mais de 18 mil avicultores integrados.

Na torcida por uma boa safra de verão, de forma que os preços dos insumos voltem a se estabilizar, o presidente do Sindiavipar acredita que a expectativa em longo prazo é positiva, mas que é necessária a junção de vários fatores para que o setor volte a se estabilizar. "Até março precisamos ser cautelosos. A safra tem tudo para ser fantástica, mas depende do clima. Também será um ano com menos feriados e isso significa mais produção, e é ainda temos que esperar pela recuperação da economia mundial", explica Martins.

Para o dirigente, o que se espera agora é que o governo adote medidas para evitar a redução na produção e o repasse de preços ao consumidor. Ele ressalta que o governo deve usar todas as ferramentas que dispõem para olhar para essa cadeia tão importante para a economia brasileira.
(Fonte: Portal do Agronegócio)

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