Chuva corta lucro de produtores

"

Os reflexos da ausência de chuvas, que persistem por cerca de três semanas ininterruptas, já se fazem sentir junto aos agropecuaristas. Os produtores de leite já acusam o baque. A pequena margem de lucro a partir de dezembro se dissolveu por entre as tetas.

As precipitações pluviométricas que ocorrem são esparsas e localizadas, segundo o gerente de estudos técnicos e econômicos da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg),Edson Novaes. Sua equipe de trabalho vem acompanhando, passo a passo, as condições climáticas em todo o Estado com informações da extensa rede de sindicatos rurais da instituição.

"Cerca de 500 mil toneladas de grãos já foram prejudicadas pela ausência de chuvas nas principais regiões produtoras", observa, corrigindo informações sobre a área supostamente perdida, divulgadas ontem.

Vindo de Orizona, onde possui propriedade rural, o presidente da Organização das cooperativas de Goiás (OCB- Goiás), Haroldo Max de Souza, disse que os reflexos do baixo regime de chuvas são sentidos pelos produtores.

"Se não houver recuperação de chuvas os agricultores e pecuaristas podem botar as barbas de molho", manifesta, preocupado com os custos da produção. Segundo o dirigente da OCB-Goiás os custos da produção de leite estão altos e a tendência é de agravamento, retirando qualquer vantagem da ligeira reação nos preços do leite in natura a partir de novembro.

"A situação que já era ruim, pode piorar", observa ao informar que os índices de produção e produtividade de volumosos, destinados à alimentação do gado na seca prolongada no Estado, estão diminuindo e em consequência encarecendo no mercado.

A Organização das Cooperativas Brasileiras em Goiás (OCB-GO) ainda não dispõe de dados mais seguros sobre a dimensão do problema. Mas, pelas informações que chegam à sede da entidade em Goiânia, "a tendência é de agravamento".

Os preços pagos ao produtor permanecem sob pressão, em torno de R$ 0,80 por litro na média nacional. Os custos da produção subiram mais de 20%, conforme estudos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada/Escola de Agronomia Luiz de Queiroz (Cepea-Esalq), vinculados à Universidade de São Paulo (USP), especialmente em razão da disparada dos preços do milho e farelo de soja, usados na razão dos animais.

A Scot Consultoria acredita que as perspectivas de 2013 apontam parar um pequeno aumento no preço do leite ao produtor, de 2,5% a 3%. Haroldo Max de Sousa, no entanto, está convencido de que a nova alta nos insumos, retira essa pequena margem de lucro do produtor.

Em 2012, os custos de produção se elevaram mais de 20%, segundo o Cepea, agravados pela seca nos Estados Unidos, que provocaram a perda do grosso da colheita de milho e soja.

Criador de cavalos quarto-de-milha, em Campo Limpo de Goiás, Leandro Leal Canedo informou, ontem, de sua preocupação com as pastagens secas. "Não muito palatáveis pelos animais", salienta Canedo, uma das maiores autoridades em equinocultura no Brasil e que cria cavalos de raça desde a infância.
(Fonte: Diário da Manhã-GO)

"

Conteúdos Relacionados