Combustível: mais um item na lista dos entraves para o transporte de carga
Florianópolis (11/2) – O segmento de transportes de carga é historicamente penalizado pela inadequada condição da infraestrutura brasileira que, além de elevar o custo operacional do serviço, prejudica a produtividade das empresas e diminui a competitividade da produção nacional. Agora, mais um empecilho trava o desenvolvimento do setor: o reajuste no combustível -principal insumo utilizado pelas transportadoras.
O presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), diretor de agropecuária da Cooperativa Central Aurora Alimentos e empresário do ramo, Marcos Antonio Zordan, ressalta que o transportador vem trabalhando no limite há muito tempo. “Já sofremos com a falta de incentivo para financiamento e as más condições das rodovias. Agora se somam a essas dificuldades o aumento do diesel. É preciso puxar muito frete para compensar e, mesmo assim, muitos não conseguem dar a volta”, enfatiza.
Aliado a esses fatores, Zordan destaca ainda, a Lei do Motorista que impõe limite de horas na jornada diária, o que implica na conservação e na segurança da carga transportada. “Essa lei também dá carta branca aos ladrões porque o caminhão não pode rodar mais que o tempo estabelecido e, muitas vezes, precisa parar em locais perigosos.
O transporte é essencial em todos os segmentos, mas no agronegócio os impactos de um dia parado vão além, complicando a vida do produtor e da indústria. “Não temos como sobreviver. A falta deste serviço influencia diretamente no desempenho de toda uma cadeia produtiva que precisa ser transportada em cada etapa do processo. Os produtos não podem ficar armazenados, pois não têm vida útil suficiente para isso”, argumenta o presidente da Ocesc.
Zordan também realça a importância da especialização no transporte de carga para acompanhar a evolução do mercado. “O setor precisa se especializar cada vez mais, afinal cada tipo de produto, necessita de estrutura diferenciada. Essa especialização custa caro e os gastos com manutenção vêm aumentando pela necessidade de consertos frequentes em razão de rodovias defasadas e danificadas. Quem paga tudo isso no final é o consumidor”.
Há algumas décadas, o transporte era feito de forma diferente, mas as margens de lucratividade eram grandes. Agora, com caminhão moderno, o custo é mais alto, os insumos são bem mais caros e as estradas são péssimas. “Quem freta não quer saber disso, no entanto, possuir transporte próprio também é inviável”.
Uma alternativa, segundo o presidente da Ocesc, é a parceria entre empresa que contrata o serviço e a transportadora. “As empresas devem entender que para ter qualidade é necessário repassar o valor do frete. Portanto, a profissionalização do transportador com modernização da frota, motorista capacitado adequadamente e planilha aberta com exposição dos custos são alternativas importantes”.
Zordan observa ainda que o diesel é barato em qualquer lugar do mundo e lembra que no Brasil o valor é cerca de 50% acima do cobrado no mercado internacional. “Os órgãos públicos devem entender a importância de dar condições a quem utiliza esse insumo para manter seu negócio. Se não houver conscientização do Governo para redução de custos, facilitando a logística e revitalizando as estradas, muitos não sobreviverão”. (Assimp Fecoagro)