Cooperativas atendem escolas públicas de Santarém
Belém (1º/8/16) – A merenda escolar que alimenta as crianças de Santarém, todos os dias, leva o sabor e a qualidade dos produtos de cooperativas. A Secretaria Municipal de Educação (Semed) firmou contrato licitatório para aquisição de produtos oriundos da agricultura familiar da região. Os 59.840 alunos das escolas da rede pública de ensino são atendidos pelas cooperativas Cooprusan, Cooparuã, Coopboa, Acosper, Coomaplas, Coopafs, Coperex e Coopromubel. Elas fazem parte do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).
O Programa implantado desde 1955, garante, por meio da transferência de recursos financeiros, a alimentação dos estudantes de creches, pré-escola e do ensino fundamental, inclusive das instituições indígenas, matriculados em escolas públicas e filantrópicas. Seu objetivo é atender às necessidades nutricionais dos alunos durante sua permanência em sala de aula, contribuindo para o crescimento, o desenvolvimento, a aprendizagem e o rendimento escolar dos estudantes, bem como a formação de hábitos alimentares saudáveis.
Todos os anos, a Prefeitura de Santarém abre Chamada pública e a eficiência das cooperativas tem sido determinante para a renovação do contrato desde 2010. De acordo com o previsto pelo Pnae, todos os municípios devem comprar o mínimo de 30% da agricultura familiar. Em Santarém, esse percentual começou em 6% com apenas quatro cooperativas fornecedoras. Hoje, chega a 40% com oito fornecedoras.
“Começamos com um contrato provisório para identificação da viabilidade do fornecimento das cooperativas. Vendíamos hortifrutigranjeiros como macaxeira, tomate, coentro e farinha. Em 2013 e 2014, o município conseguiu alcançar a meta de 30%”, afirma Cidinei Nunes, presidente da Cooperativa dos Produtores Rurais de Santarém (Cooprusan).
Em 2015, a Cooprusan conseguiu a implantação de agroindústria para a produção de polpa de frutas. Com a inclusão desse serviço, o fornecimento subiu para 35%. A previsão é que se ultrapasse a meta para 40%. As cooperativas estão se mobilizando para inserir o pescado no próximo ano e, com um abatedouro, vender galinha caipira para avançar a um percentual ainda maior.
Atualmente, são fornecidas 30 variedades de produtos de hortifrúti como melancia, melão, batata doce, cará, alface, colve, coentro, cebolinha, macaxeira, farina, farinha de tapioca e milho verde. As frutas são o taperebá, murici, caju, manga, goiaba e acerola. O transporte é feito em parceria com a Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA).
Desde o ano passado, a Universidade implantou o projeto Hortifrúti-Tapajós com a disponibilização de um caminhão frigorifico para a condução da merenda. As cooperativas são responsáveis pelo combustível e manutenção e a Ufopa pelo automóvel e o condutor.
Somente a Cooprusan atende a um percentual de 23% do total produzido. “A cooperativa cresceu junto com o Programa. Conseguimos um terreno e a construção de uma agroindústria. Fizemos concessão de uso com uma associação que possuía uma indústria paralisada e, através de um convênio, a colocamos em funcionamento. Agora processamos polpa de frutas desde o ano passado. Em levantamento feito com diretoras, secretárias, professoras, constamos o retorno sobre os nossos produtos. O que antes se produzia com 10 pacotes de suco, agora se pode render com 3 pacotes das nossas polpas, não comprometendo a qualidade do suco. É uma polpa 100% natural, sem contingente de água. A cooperativa ganha com isso credibilidade e a confiança do consumidor”, afirma Cidinei.
São atendidas mais de 300 escolas do município na área do centro da Cidade, Curuaruna 1, 2 e 3, rota Cuiabá, rota Eixo-Forte, Grande área do Santarémzinho, Maracanã, Grande área da Nova República, grande área da Prainha 1 e 2.
O objetivo do Pnae é gerar recurso e renda dentro do próprio município incentivando as famílias a permanecer na agricultura. Para a Cooperativa dos Produtores Rurais de Santarém, Mojuí dos Campos e Belterra (Coopromubel), o Programa representou transformação social aos cooperados.
“Nossa cooperativa foi fundada em 2011. A produção era basicamente de Macaxeira, farinha, e outros derivados da mandioca. Hoje, conseguimos produzir em torno de 25 produtos. Diversificamos bastante nossa atuação pelo mercado, o que agregou renda aos produtores. Estamos melhorando de vida pois agora há uma comercialização certa e há segurança para progredir. A grande maioria é pequeno produtor e alguns já tiveram condições de comprar carro próprio, reformar a casa e mudar a qualidade de vida das suas famílias”, afirmou o presidente da Coopromubel, Mario Zanelato.
Dentro desse processo, a Organização das Cooperativas Brasileiras do Estado do Pará (OCB/PA) atuou junto ao município e ao Estado para viabilizar a compra de pelo menos 30% que está previsto por lei. Auxiliou a Secretaria de Educação com a pesquisa de preços para constituição do edital de licitação e orientou a organização regimental das cooperativas.
“Como produtores, eles não possuem esse acesso direto aos gestores políticos. A OCB foi responsável por tornar tudo isso realidade, tanto o Pnae quanto o PAA. Ela foi fundamental para a estruturação das cooperativas, adequando-as a se candidatar às chamadas públicas. Aqui em Santarém, o Sistema estimulou a formação de muitas cooperativas novas, consolidou as antigas com um trabalho de campo bem dinâmico”, afirma a técnica de cooperativismo do Sistema OCB/PA, Francisca Camilo. (Fonte: Ascom Sistema OCB/PA)