Cooperativas organizam-se para reunião mundial em Curitiba

"Produtores agrícolas do Paraná e de Santa Catarina reuniram-se na última sexta-feira (3/2), no parque industrial da Cooperativa Agropecuária Cascavel (Coopavel), durante o seminário "Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança: impactos para o Brasil". Realizado pela OCB, o evento contou com o apoio do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB) e Ocepar.

No encontro, os produtores decidiram defender a posição brasileira tomada na segunda reunião sobre o Protocolo de Cartagena, chamada 2ª Reunião das Partes de Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança - realizada em 2005, no Canadá -, que sustenta o uso do termo "pode conter Organismos Vivos Modificados (OVMs)" nas cargas agrícolas que saem do País. Este posicionamento será levado novamente à discussão na 3ª Reunião das Partes de Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança (MOP-3), que acontecerá de 13 a 17 de março, em Curitiba.

A justificativa das organizações agrícolas se baseia no fato de que o termo "pode conter" identifica a possibilidade de presença de OVMs na carga, levando em conta que os produtos contidos já tenham sido aprovados comercialmente, e, portanto, que tenham passado por todos os testes necessários para garantia de sua segurança. Por outro lado, caso os países signatários do Protocolo adotem o termo "contém OVMs" nas exportações de commodities, os agricultores brasileiros terão de arcar com custos muito elevados referentes aos testes de identificação, à segregação e à rotulagem de cada um dos OVMs contidos nos carregamentos, enquanto os principais concorrentes (Estados Unidos e Argentina, principalmente, que não são signatários do Protocolo) estariam livres deste ônus.

Na avaliação de Alda Lerayer, secretária-executiva do CIB e uma das palestrantes do evento, o custo por amostragem para identificação de cargas de OVMs pode chegar a US$ 500. "A competitividade brasileira no mercado internacional corre o risco de ser seriamente afetada", afirma.

Além da secretaria-executiva do CIB, ministraram palestras no seminário a secretária-executiva da Rede de Biossegurança da Embrapa, Mônica Amâncio e o pesquisador do Núcleo de Economia Agrícola do Instituto de Economia da Unicamp (NEA/IE), José Maria da Silveira. Segundo ele, a adoção do termo "contém OVMs" abre espaço para que as exigências do Protocolo resultem em aumentos de 6% a 10% no preço dos grãos, sem que o comprador pague pelo valor agregado da certificação. "O custo é desnecessário porque já temos normas internas de rastreabilidade, identificação e rotulagem, além da própria Lei de Biossegurança", diz.

Posição rural

A OCB deve entregar, ainda nesta semana, ao ministérios da Agricultura e ao de Relações Exteriores um documento oficial manifestando o apoio. "Acreditamos que a escolha mantém as condições dos negócios dos produtores, sem aumentar custos na exportação", justifica Evandro Ninaut, gerente de Apoio e Desenvolvimento em Mercados da OCB. "Ao apoiarmos a decisão brasileira, estamos certos de que todas as forças agrícolas estarão equilibradas e, assim, o agricultor terá a livre escolha pelo nicho de mercado que quer atuar, dos transgênicos aos orgânicos", completa. Hoje (8/2) o gerente está participando do grupo preparatório do MPO3. A reunião, que acontece até a próxima sexta-feira (10/2), tem como principal objetivo discutir a posição brasileira sobre Biossegurança, para ser apresentada na reunião que acontece em março, em Curitiba."

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