Cooperativistas do Brasil e da Argentina trocam informações
Curitiba (17/12) – O engenheiro agrônomo e coordenador da Gerência Técnica e Econômica do Sistema Ocepar, Robson Mafioletti, apresentou uma palestra sobre o cooperativismo e o agronegócio brasileiro e paranaense, na segunda-feira (14/12), em Sunchales, cidade localizada na província de Santa Fé, na Argentina. Foi durante um encontro com 80 participantes promovido pela Casa Cooperativa, entidade vinculada à Aliança Cooperativa Internacional, que possui 32 cooperativas filiadas.
Em Sunchales, Mafioletti realizou ainda visitas técnicas às unidades da Cooperativa Sancor que atuam nas áreas de lácteos e seguros, e também à Cooperativa Sunchales, que produz gado de corte. No dia seguinte, esteve reunido, em Rosário, com representantes da empresa Renova, que possui uma planta nas margens do Rio Paraná e faz o processamento de 20 mil toneladas de soja por dia. Na Bolsa de Rosário, participou de discussões sobre as perspectivas do agronegócio na Argentina levando em consideração o atual mercado mundial e as mudanças anunciadas pelo novo presidente argentino, Maurício Macri.
SITUAÇÃO - “A Argentina encontra-se numa situação dramática do ponto de vista econômico, devido ao elevado déficit público - 7% do PIB, limitadas reservas cambiais, moeda valorizada, inflação elevada, falta de energia, infraestrutura e províncias com dificuldade financeiras. No entanto, com a posse do presidente Macri, em 10 de dezembro, está havendo possibilidade de ajustar grande parte dos problemas que impactam na economia argentina em mais de uma década do governo Kirchner. Uma das primeiras medidas tomadas por Macri foi eliminar e/ou reduzir as retenciones, que sãoimpostos sobre as exportações do país, tanto para bens primários como industriais”, afirma Mafioletti.
ESTOQUES - Ainda de acordo com ele, os estoques de soja e milho estão maiores que a média histórica na Argentina, pois os produtores estavam aguardando a redução e/ou eliminação das retenciones e das cotas, anunciada no último dia 14 de dezembro. “Esta redução propicia uma maior rentabilidade ao setor e maior competitividade no mercado internacional, com concorrência mais acirrada com o Brasil e Estados Unidos no abastecimento mundial”, acrescenta o analista da Ocepar.
DIFERENÇAS – Mafioletti também destaca que, no setor de grãos, o principal diferencial entre o Brasil e a Argentina encontra-se na região do Pampa Úmido, onde estão localizadas as províncias de Santa Fé, Buenos Aires e Córdoba, que possui elevada fertilidade natural dos solos, propiciando menores custos de produção. Outro fato que distingue os dois países é a localização das propriedades em relação aos portos do Rio Paraná na região de Rosário, em que as produções localizam-se entre 300 e 400 km do porto, com menores custos de logística. “Estima-se que 65% da produção é gerada por grandes produtores e grupos empresariais com áreas sob o regime de arrendamento e otimização dos sistemas de produção”, informa.
OUTROS SETORES- Ele lembra que no setor de carnes de bovinos e lácteos, a diferença se encontra na alimentação das criações com alfafa e na localização geográfica, referindo-se à latitude. “Eles também enfrentam dificuldades quanto ao déficit de armazenagem da safra em relação à produção. Já as indústrias de processamento da soja na Argentina têm maior volume de processamento por planta e eficiência em comparação com as brasileiras. Na região de Rosário encontra-se o segundo maior parque industrial de soja no mundo, ficando atrás somente da China”, complementa. (Fonte: Assimp Sistema Ocepar)