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Coops têm vocação para ampliar conectividade no campo

Brasília (8/6/21) – Élio, Ivone e Lucas Polo viram suas vidas serem transformadas em abril deste ano. Eles foram a primeira família do interior de Passo Fundo (RS) a receber conexão de internet fibra ótica fornecida pela Coprel Telecom em parceira com a prefeitura do município por meio do projeto Campo Conectado.

“Ficamos muito felizes! Era algo que exigíamos há muito tempo”, afirma Élio. Segundo Ivone, “ter internet de boa qualidade em casa é muito importante. Estamos sempre precisando. Agrega muito”. Já Lucas, de 13 anos, não esconde o entusiasmo: “Ficou tudo melhor, desde assistir TV até jogar e estudar”, afirma.

A família reside na comunidade de Nossa Senhora das Graças, no Distrito de Capinzal, interior de Passo Fundo. Da residência até o ponto de distribuição de internet montado pela Coprel no Bairro de Santa Marta, são mais de 9 quilômetros de estrutura de fibra construída.

Esse, no entanto, é só o começo. O projeto Campo Conectado prevê a construção de 221 quilômetros de rede de fibra ótica para atender 1.127 famílias de 18 localidades do interior de Passo Fundo ainda no primeiro semestre de 2021. E esse é também, apenas um dos projetos de conectividade da Coprel Telecom.

Braço da Coprel Geração que, por sua vez, faz parte da Coprel Energia, a empresa de telecom aguarda com ansiedade a aprovação no Senado e a promulgação do Projeto de Lei 8824/2017, que permite a prestação de serviços de telecomunicação por cooperativas, de autoria do deputado e presidente da Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop), Evair de Melo (PP-ES).

“É uma medida importante para nós porque poderemos atuar direto como cooperativa, reduzindo custos e com mais acesso a linhas de financiamento apoiadas pelo governo para a prestação do serviço em áreas rurais ou localidades distantes e sem conectividade”, explica Luís Fernando Volpato, facilitador da Coprel Telecom.

Atualmente, para poder prestar o serviço, a Coprel Telecom é uma empresa limitada controlada pela Coprel Geração. “Isso encarece os custos para o cooperados que acabam sofrendo dupla tributação. Com a aprovação do PL, além de podermos atender dentro da nossa vocação natural, que é a do cooperativismo, também podemos investir em projetos de intercooperação com outros ramos como o do agro, por exemplo”, acrescenta Volpato.

No momento, a Coprel Telecom oferece serviços de conectividade para 35 municípios do Rio Grande do Sul, com cerca de 32 mil conexões urbanas e rurais. Dos 56 mil cooperados, 9.500 são atendidos. Para viabilizar a prestação do serviço, são utilizados recursos das sobras do exercício anterior da Coprel Geração. A empresa participa com 50% do orçamento e os cooperados com o restante.

“É importante salientar que criamos a Coprel Telecom em função da pressão dos próprios cooperados que pediam e precisavam do acesso à Internet. Nosso primeiro projeto foi feito em 2010. Inicialmente atendíamos as áreas rurais com antenas de radiofrequência. Em 2016 começamos a levar fibra ótica, oferecendo também os serviços de telefonia e TV à cabo”, destaca Volpato.

 

Potencial

A quantidade de usuários e serviços online tem aumentado significativamente no Brasil. Apesar desse avanço, ainda persistem muitos espaços vazios de conectividade nas áreas rurais. De acordo com o último Censo Agropecuário, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2017, mais de 70% das propriedades localizadas no campo não possuem conectividade.

Na prática, segundo a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), em mais de 3,64 milhões de propriedades rurais não há internet nem mesmo para atividades básicas de comunicação, acesso à educação e ao entretenimento. “Não há conexão nem mesmo para a emissão de uma simples nota fiscal”, exemplifica o presidente da OCB, Márcio Lopes de Freitas.

Já segundo dados da Confederação Nacional das Cooperativas de Infraestrutura (Infracoop), existem cerca de 67 cooperativas de distribuição de energia elétrica ativas no Brasil e todas elas possuem potencial para oferecer o serviço de acesso à internet aos seus cooperados.

Atualmente, apenas oito cooperativas, todas concentradas na região Sul do país, já oferecem esse serviço por meio de empresas limitadas formadas especificamente para esse fim. Para Evair de Melo, a aprovação do PL facilitará e ampliará esse número rapidamente.

“As cooperativas possuem capilaridade para identificar as necessidades dos produtores rurais cooperados, somado ao fato de que, por não haver lucro e sim sobras que podem ser reinvestidas para a melhoria e ampliação dos produtos e serviços ofertados, o modelo é ideal para levar internet a locais onde não há interesse econômico por parte das grandes empresas”, afirma. 

“Com essa medida e a possibilidade aprovada recentemente de utilização dos recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), na forma de linhas de crédito, investimentos diretos em estatais ou como garantia para projetos do setor, vamos conseguir levar tecnologias para o desenvolvimento da produção agrícola e a melhoria da qualidade de vida nas áreas rurais onde as cooperativas já estão presentes, ressalta Freitas.

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