Covatti Filho é a favor da produção nacional de fertilizantes
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia deixou clara a forte dependência do setor agropecuário em relação a fertilizantes importados. O Brasil, com um consumo de 8,3% da produção global, fica atrás apenas da China (24%), da Índia (14,6%) e dos Estados Unidos (10,3%). Juntos, esses quatro países representam quase 60% do consumo mundial, mas, das quatro nações, apenas o Brasil tem produção doméstica de baixa relevância, o que coloca o país na sensível posição de maior importador de fertilizantes do mundo - cerca de 85%, sendo que desse total, 23% vem da Rússia.
Diante dessa situação, o deputado Covatti Filho (RS), diretor da Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop), considera que um novo marco regulatório para produção nacional de fertilizantes pode ajudar a minimizar a dependência brasileira. “Precisamos fazer uma política de Estado para que possamos produzir os nossos fertilizantes aqui no Brasil. Por isso, é importante aprovarmos o projeto de lei de Licenciamento Ambiental em tramitação no Senado Federal”, destaca.
O parlamentar diz ver com bons olhos o Plano Nacional de Fertilizantes (PNL), lançado recentemente pelo governo federal, mas acredita que a atual legislação do setor inviabiliza um avanço significativo para a produção nacional dos insumos. “O Brasil inteiro tem possiblidade de produzir e isso é uma boa notícia. Mas precisamos melhorar a legislação para separar, por exemplo, os agrominerais das demais minerações”.
Ainda segundo ele, “a redução da dependência não ocorrerá em curto prazo, mas é prioritário que uma política pública seja levada a sério, mesmo quando a fase mais aguda da crise passar. Essa política também deve considerar instrumentos de incentivo às práticas agrícolas sustentáveis”.
Fertilizantes
Segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), em 2021, mais de 85% dos insumos consumidos no Brasil foram importados. No caso dos fertilizantes potássicos, um dos principais nutrientes da cadeia produtiva, a dependência é ainda maior. O mercado global de fertilizantes é controlado por cinco países (Rússia, Canadá, China, Belarus e Marrocos), o que torna os preços altamente voláteis, como mostraram as sanções à Rússia e Belarus após o início da guerra na Ucrânia.
Dados da balança comercial do país de abril, divulgados pela Secretária de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia, mostram que o valor médio pago pela tonelada de fertilizantes importado subiu 318,72% na comparação com o mesmo mês do ano passado.
Coordenador do Ramo Agropecuário do Sistema OCB, Luiz Roberto Baggio, ressalta que o setor produtivo brasileiro não pode ficar à mercê de soluções externas. “Nós precisamos aumentar a produção de suprimentos dentro de casa para atender a cadeia produtiva nacional e manter o nivelamento de preços no mercado internacional. Isso faz parte de política pública”, ressalta.