CRISE DO TRANSPORTE: Cooperativistas se reúnem com governo para encontrar solução a prejuízos
Reunião está marcada para logo mais e contará com lideranças de todo o setor produtivo
Brasília (24/2) – Representantes do setor produtivo se reunirão ainda hoje com os ministros Miguel Rossetto (Secretaria Geral da Presidência da República) e Kátia Abreu (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) para tentar encontrar uma solução aos graves problemas enfrentados pelo setor produtivo, em decorrência da série de paralisações dos transportadores rodoviários de cargas. O movimento cooperativista está representado pelo presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, e pelo diretor da OCB, Marcos Antônio Zordan.
No fim desta tarde, representantes do Sistema OCB, da Confederação Nacional da Indústria, da Confederação Nacional da Agricultura, da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e da Associação da Indústria de Laticínios Brasileira (Viva Lácteos) se reuniram para elaborar um documento que evidencie o impacto econômico e produtivo das manifestações dos caminhoneiros. Representantes dos ministérios dos Transportes, da Casa Civil e da Agricultura também participaram da reunião.
COOPERATIVAS – Enquanto os transportadores buscam, por meio de paralizações, reduzir seus impactos econômicos negativos, as cooperativas agropecuárias acumulam prejuízos milionários a cada dia de paralisação, que atinge principalmente cooperativas do Ramo Agropecuário, prejudicando os setores de grãos, carnes (suínos e aves) e leite.
PARANÁ - Segundo dados da Confederação das Cooperativas Centrais Agropecuárias do Paraná Ltda (Confepar) os bloqueios estão sendo feitos tanto em estradas a asfaltadas, quanto nas de terra. Com isso, há diversos caminhões presos e mais de 40 bitrens vazios parados. Devido à falta de acesso dos caminhões de coleta, o serviço foi suspenso e o produto acumula nas fazendas.
RAIO X – Na cidade de Cascavel, havia, hoje de manhã, mais de 200 mil litros de leite em estoque crítico. Em Pato Branco havia 150 mil litros concentrados e 100 mil litros crus; ontem foram descartados 35 mil litros azedos, proveniente de Pitanga/PR; Nos estados de SC e RS as coletas foram canceladas; havia, ainda, 50 mil litros estocados em silo emprestado do Laticínio Guairaça. Este volume foi coletado no último domingo;
COAMO – A cooperativa se viu obrigada a paralisar suas indústrias, e função da falta de insumos. A unidade de Paranaguá já está parada por falta de soja. Em Campo Mourão já há falta de hidrogênio para produção de margarinas e gorduras. A cooperativa padece com a impossibilidade de retirar o farelo e a capacidade de armazenagem é limitada.
Números da cooperativa
- 26.276 cooperados;
- Conta atualmente com 116 unidades localizadas em 67 Municípios nos estados do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul;
- Industrialização: 1,53 milhão de toneladas de soja, 58,77 mil toneladas de trigo, 2,86 mil toneladas de café beneficiado e 10,03 mil toneladas de algodão em pluma;
- Exportação: 33ª maior empresa exportadora do país; 2ª do Paraná e a 1ª do agronegócio paranaense.
FRIMESA – No Paraná, a Frimesa, uma central, fruto da união de cinco cooperativas filiadas e que possui mais de cinco mil produtores enfrenta bloqueios em rodovias no norte, centro e oeste do estado do Paraná, Oeste de Santa Catarina, norte e noroeste do estado do Rio Grande do Sul que impossibilitam toda a cadeia de movimentação.
Estão retornando com alguns veículos que saíram para viajar e efetuar as entregas de produtos acabados, que ficaram presos em paralisações, e efetuando a descarga para minimizar os prejuízos.
As filiais de vendas da empresa localizadas nos estados de RS, SC, PR, SP, RJ e MG também estão com suas operações comprometidas, pela falta de produtos acabados para atendimento ao mercado consumidor e também por de bloqueios de rodovias que impedem as entregas aos clientes. O atendimento a clientes nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país foi prejudicado.
A indústria já contabilizou prejuízo de 125 mil litros de leite, que estavam em trânsito entre plantas que não conseguiram passar pelas barreiras. O produto será descartado.
SANTA CATARINA – Neste estado, das 15 unidades da Central Aurora Alimentos, quatro já estão fechadas e, a partir de hoje à noite, as outras 11 baixam as portas. Somente desta cooperativa, há 300 carretas frigoríficas paradas, sem contar os veículos que aguardam, em suas bases, a possibilidade de trafegar. A Central é formada por 12 cooperativas filiadas, mais de 62 mil famílias associadas e mais de 22 mil funcionários.
A cada dia de paralisação, deixam de ser abatidos 18 mil suínos e 900 mil frangos. A produção de leite também caiu. Cerca de 1,5 milhão deixaram de ser processados. E já faltam: insumos e embalagens nas indústrias, combustíveis para a frota e espaço para armazenagem.
Suínos e aves já começam a sofrer com a escassez de ração e o abate de pintos é iminente devido à impossibilidade de alojamento; há 100 contêiners parados nas estradas e que podem perder os navios, comprometendo as exportações.
MATO GROSSO – Localizada na região sul do estado, a cooperativa Comajul paralisou sua produção de 100 mil litros de leite/dia. O prejuízo já é de mais de R$ 150 mil/dia. A cooperativa suspendeu a coleta e os produtores não têm onde armazenar o alimento. A cooperativa está desde de ontem sem transportar leite para a capital.
TRANSPORTE – O Sistema OCB trabalha para ampliação da competitividade de suas cooperativas de transporte, buscando melhorar a sinergia e a eficiência do escoamento de mercadorias, face ao papel estratégico deste ramo dentro da cadeia produtiva. As mais de 450 cooperativas de transporte rodoviário de cargas são responsáveis, atualmente, por aproximadamente 330 milhões de toneladas/ano.
Por isso, o movimento cooperativista ressalta que o transporte cooperativo encontra-se extremamente apreensivo com a delicada situação do setor de transporte rodoviário de cargas brasileiro, reconhecendo como imperativo que o poder executivo entenda sua importância estratégica, visando ao desenvolvimento econômico do país, adotando, imediatamente, medidas adequadas para restabelecer sua a viabilidade econômica.