ENTREVISTA DA SEMANA_HELENA BANDEIRA

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Presidente de Cooperativa de Crédito em Moçambique elogia estrutura do movimento brasileiro

Brasília (24/6) – O cooperativismo brasileiro tem chamado a atenção de vários países do mundo, que vêm até aqui para conhecer mais sobre leis, formas de gestão, estruturas organizacionais. Um bom exemplo é Moçambique. Uma comitiva do país africano esteve no Brasil, na semana passada, para conhecer a realidade do setor. A visita contou com o apoio do Sistema OCB. Uma das integrantes da comitiva moçambicana, a presidente da Cooperativa de Crédito das Mulheres de Nampula, Helena Bandeira, ficou impressionada com o que viu.

Confira abaixo a entrevista.

Qual sua impressão sobre o cooperativismo brasileiro?

Helena Bandeira –
Estou muito impressionada com a organização das cooperativas brasileiras e com sua maneira de trabalhar. Notamos que cada coisa está em seu compartimento, diferentemente das cooperativas moçambicanas, onde vemos que precisamos avançar muito, ainda. Certamente estamos voltando com um outro olhar. É por isso que esta viagem não chega a ser uma troca de experiências, pois estamos levando muito mais do que deixando no Brasil. Por isso, agradeço muito à OCB por ter contribuído com a edificação da ponte que agora liga as cooperativas dos dois países.

O que nos chamou muito a atenção foi a organização das cooperativas brasileiras, formadas de forma diferente das de Moçambique. Aqui, cada uma é uma comunidade onde todos trabalham juntos. Outro ponto que destacamos é o ato cooperativo. Em Moçambique não existe isso. Não estamos organizados a este ponto, embora precisamos do ato.

Nas cooperativas agrícolas que visitei, me impressionei bastante. Gostei de ver a organização, o empenho dos cooperados e seus produtos. Do mesmo jeito as cooperativas de saúde, com suas unidades hospitalares muito bem estruturados. No Ramo Crédito, então, tudo que vi será possível implementar ao longo do tempo. Como ainda precisamos caminhar! Por isso, espero que a OCB possa continuar contribuindo conosco.

A lei geral do cooperativismo moçambicano foi sancionada em 2010. De lá para cá, é possível avaliar se ela atende à realidade do movimento?

Helena Bandeira
– A lei é muito boa, mas acredito que, com base no que vimos aqui no Brasil, possa ser melhorada sobretudo em relação à boa governança dentro das cooperativas. Para além disso, a lei deve ser mais clara e específica no que se refere às atribuições dos conselhos Fiscal e de Administração.

O governo e o Congresso moçambicanos estimulam o desenvolvimento do setor?

Helena Bandeira –
Sim. Tanto que um dos integrantes do governo faz parte da comitiva que visita o Brasil. A intenção do governo é estimular o grupo e acompanhar todo o aprendizado, levando para Moçambique tudo que seja possível de ser implementado.

Em sua opinião, quais os desafios da Cooperativa de Crédito das Mulheres de Nampula?

Helena Bandeira –
O desafio tornar a cooperativa em um banco de referência na região norte de Moçambique, voltado às mulheres. Queremos que a cooperativa seja olhada como um grande banco e, para isso, precisamos qualificar as cooperadas, ampliar a carteira de serviços oferecidos. Estes são os principais desafios que temos diante de nós, por agora.

Porque a cooperativa se especializou em mulheres?

Helena Bandeira –
A cooperativa nasceu em 1994, na cidade de Nampula, região norte de Moçambique, com um grupo de sete mulheres que viviam da venda de bolos de mandioca. Elas guardavam seu dinheiro de forma muito precária. O grupo se desenvolveu e o número de cooperadas aumentou bastante. Neste ano já somos 5.614 cooperadas. O que pretendemos, todas juntas, é mostrar que somos capazes de nos desenvolvermos, de lidar com o mundo dos negócios e que estamos sempre prontas a contribuir com o desenvolvimento do nosso país. A figura feminina é muito presente na cooperativa. Todos os cargos são ocupados por mulheres e há, apenas dois homens contratados como técnicos especializados em serviços bancários.

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