ENTREVISTA DA SEMANA: Robson Mafioletti

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Governo demonstra disposição para reformar o seguro rural e conta com o apoio do cooperativismo

Brasília (10/8/16) – Na segunda-feira (8/8), foi realizado em Curitiba (PR), o Fórum Nacional de Seguro Rural, com o objetivo de discutir modelos para o seguro rural que possam responder às necessidades dos produtores brasileiros, aumentando à adesão e ampliando a proteção aos empreendimentos do campo.

O evento é uma iniciativa do Sistema Faep, FenSeg, CNA, Sistema Ocepar, com apoio da Organização da Cooperativas Brasileiras (OCB), do Banco Mundial, Federação Nacional das Empresas de Resseguros (Fenaber), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado do Paraná (Seab-PR), Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap/Banagro) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

O Fórum contou com a participação de representantes do Sistema OCB e de diversas entidades relacionadas à representação do setor produtivo nacional. O superintendente da Ocepar, Robson Mafioletti, avaliou o evento e disse que as cooperativas estão participando ativamente das discussões sobre o assunto, já que seguro rural é fundamental para a economia brasileira. Confira.


Qual sua avaliação sobre o Fórum Nacional do Seguro Rural, realizado pelo Ministério da Agricultura, na sede da Ocepar?

Robson Mafioletti –
A avaliação é muito positiva, porque esse evento reuniu cerca de 250 pessoas, todas envolvidas na discussão acerca do seguro rural. Toda a cadeia produtiva do setor produtivo rural esteve representada. Vale ressaltar que também tivemos uma boa participação de cooperativas no Fórum que, resumindo, foi uma imersão junto ao seguro rural, provida pelo governo federal e todo o setor, com a intenção de discutir os desafios que temos neste mercado.

A questão do seguro rural tem sido tratada no âmbito das cooperativas, como um insumo de produção, pois quando o produtor contrata o custeio de sua lavoura, a compra de sementes e de fertilizantes, é praticamente obrigatório aderir ao seguro rural ou ao Proagro, porque são ferramentas de segurança para sua atividade.

A agricultura é uma indústria a céu aberto, e isso exige que tenhamos proteção, considerando os riscos inerentes à produção e ao mercado, por exemplo. Desta forma, o seguro é uma ferramenta fundamental.

Para se ter uma ideia, os maiores players do mercado mundial de commodities têm entre 50% e 80% da área cultivada, segurada. E, no Brasil, atualmente, esse percentual não ultrapassa os 20%, somando o seguro e o Proagro. Então temos muito a crescer, objetivando elevar o nível de segurança da produção nacional. Acredito fortemente que isso é bom para o produtor rural, para a cooperativa, para o governo e bom para a sociedade em geral.  


Acredita que há uma disposição por parte do governo federal em discutir as questões relacionadas ao seguro rural?

Robson Mafioletti –
Certamente. No dia 8 de julho o ministro Blairo Maggi esteve na Ocepar e discutimos, inclusive, a questão do seguro rural. Apresentamos algumas propostas do cooperativismo que, aliás, estão alinhadas às do sistema produtivo brasileiro.

A partir desta discussão, se mostrou bastante solícito e disse já estar a par dessa situação. Tanto que uma semana depois lançou a Portaria 136/16, instituindo um grupo de trabalho para discutir todas as questões relacionadas ao seguro. A equipe é composta por diversas entidades de representação do setor produtivo, dentre elas a OCB. Na minha opinião, o seguro rural precisa ser pauta constante de uma política agrícola, devido sua imensa importância para a economia brasileira.


Qual seria o perfil do seguro rural ideal?

Robson Mafioletti –
Há duas questões fundamentais que precisam ser consideradas para respondermos a esta pergunta. A primeira diz respeito ao custo do prêmio. Ele precisa estar adequado à atividade, que envolve diretamente a questão de recursos orçamentários do governo. A outra questão é o nível de cobertura das apólices, que precisa estar adequado à realidade do produtor. É fundamental que as coberturas de perdas de safra, por problemas climáticos, estejam adequadas às especificidades das regiões brasileiras.


Esses dois pontos são cruciais para construir um modelo novo para o seguro rural?

Robson Mafioletti –
É fundamental ter estes dois pontos bem delineados. Aliás, isso deverá ser discutido no âmbito do grupo de trabalho, no próximo dia 11 de agosto, quando ocorrerá sua primeira reunião, em Brasília. Nós estamos bastante otimistas para que as discussões tragam, de fato, uma melhoria da atual metodologia do seguro rural, já que ele é fundamental para mantermos o ritmo de crescimento da agricultura brasileira. E que bom que esta é a visão do ministro Blairo Maggi. Essa sensibilidade vai permitir que avancemos nesse tema.


As cooperativas estão unidas para participar da construção desse novo modelo do seguro rural?

Robson Mafioletti –
Sem sombra de dúvida. Nós tivemos uma boa participação de cooperativas agropecuárias e de crédito durante o Fórum, objetivando contribuir com a discussão de um novo modelo. Dentro disso, ainda é importante ressaltar que representantes da OCB estiveram conosco e têm dado todo o suporte para que essa política atenda todo o Brasil, afinal, uma das premissas do seguro rural é a universalização. Não adianta cada estado ter um modelo distinto. As lavouras do Brasil todo precisam de cobertura, independentemente do tipo de cultura. E se conseguirmos, de fato, universalizar o seguro, talvez se consiga, lá na frente, com um maior número de participantes, reduzir os custos e, quem sabe, no futuro, diminuir, também, a participação do governo no seguro rural.

(Colaboração: Assessoria de Comunicação da Ocepar)

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