ENTREVISTA DA SEMANA_Sinésio Fernandes
Cooperativismo é saída para desenvolver agropecuária, diz economista
João Pessoa (5/8) – Quando o assunto é a conciliação entre agropecuária, desenvolvimento e meio ambiente, o professor Sinésio Fernandes Maia, é categórico: “o cooperativismo é a saída”. Ele coordenou entre os dias 26 e 29 de julho, o 53º Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural (Sober), realizado em João Pessoa (PB), com apoio do Sistema OCB/PB.
Professor do Departamento de Economia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Sinésio defende que a conjunção de forças proporcionada pelo modelo de organização cooperativista é a melhor forma de solucionar problemas relacionados à produção e comercialização, entre outras dificuldades enfrentadas pela agropecuária.
A Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) foi lembrada pelo professor Sinésio Fernandes como uma das apoiadoras fundamentais para sucesso do evento, que reuniu 1,1 mil participantes. O setor cooperativista também foi destaque em palestras, trabalhos apresentados no congresso, além do estande do Sistema OCB/PB, que ofereceu informações e orientação aos participantes.
Na entrevista abaixo, o professor Sinésio Fernandes avalia o evento e tece considerações sobre Cooperativismo e outras temáticas debatidas ao longo do congresso.
Considerando o tema do evento, como o cooperativismo pode conciliar o desenvolvimento agropecuário com equilíbrio ambiental?
Sinésio Fernandes - Acho que [o cooperativismo] seria a saída. Seja na produção ou na comercialização dos produtos locais, na hora de negociar preços de insumos e preços finais para o produtor. O cooperativismo para mim é a saída para qualquer construção de organização produtiva. Toda vez que você pensa em uma produção e tenta fazer isoladamente, perdemos poder de barganha, de determinação de preço e de negociação de custos. Então, quando entendemos a ideia do cooperativismo como fortalecimento e conjunção de várias forças para um determinado setor, vemos que é uma saída para solucionar problemas locais, às vezes são tão difíceis quando se está isolado.
Na Paraíba, quais as alternativas para o desenvolvimento do cooperativismo?
Sinésio Fernandes - Um dos parceiros nossos nesse evento é a cooperativa de laticínios Leite Cariri (Coapecal), um exemplo de organização e administração. Apesar de, ao longo do tempo, estar sem condições de maior densidade de associados, nos serve, ainda, de exemplo de organização. Sem uma essa conjunção local, perde-se espaço para lugares mais organizados. Se não se organizar enquanto cidadão ou empresa, perde-se competitividade. Tem de ser competitivo porque as grandes empresas e grandes cooperativas não estão brincando no mercado, estão lutando para sobreviver.
Espero que após toda essa discutição, tenhamos um legado nos processos de produção, transformação, comercialização do produto, na gestão de políticas públicas, na importância de se juntar para fazer planejamento estratégico... Necessitamos muito dessa forma de organização.
Qual a importância de eventos como este, para o fortalecimento dos elos entre universidade e outros entes do setor produtivo?
Sinésio Fernandes - Primeiramente, esse evento não se realizaria se não tivesse o apoio destas instituições, entre elas a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), na participação local do Sescoop, em nome de André Pacelli, que foi quem primeiro sinalizou que o evento seria realizado, pois tem a dimensão da importância de se discutir o tema”. Ele sinalizou positivamente desde o primeiro momento em que a gente foi sondar se teria parceiros para trazer esse evento para cá.
Qual a sua avaliação do evento?
Sinésio Fernandes - O evento tem 53 anos de vida e, pela primeira vez, nós trazemos esta discussão sobre o meio rural nacional para a Paraíba. Qual é a motivação de se fazer um evento dessa envergadura na Paraíba? É muito fácil dizer que o setor agropecuário da Paraíba tem pouca participação na construção do PIB, mas isto não é completamente verdade. Se fizermos uma medida correta da participação do agronegócio, nós vamos ter uma série de outros indicadores que não representam somente os 6% que geralmente são computados de participação do setor [no estado].
Então, quando trazemos um congresso dessa envergadura para “dentro de casa”, nós vamos discutir desde o método de cálculo que indica a importância do agronegócio para a construção do PIB até as políticas públicas.
Nós temos diversos focos aqui. É um evento que reúne economistas do Brasil todo e do exterior, com várias expertises como administração rural, sociologia rural e economia rural. É uma oportunidade de juntar todo esse pessoal num mesmo espaço e podermos tirar um legado disso. São 1.450 submissões, 800 trabalhos foram aprovados, 88 trabalhos colocados em forma de painéis em dos nove painéis setores que têm temas específicos. Etanol, Comércio Exterior, Políticas Públicas, Agricultura Familiar, Cooperativismo... Todos temas relacionados ao mundo do agronegócio e este ano a gente sugeriu mais a discussão sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.
Temos no evento professores, pesquisadores, alunos de graduação e pós-graduação, técnicos de setores públicos da Agricultura, além de instituições como Senar e OCB. Todos estes técnicos podem numa reunião desta se integrar e trocar informações de forma bastante objetiva.
Esperamos que o legado seja juntar esse pessoal todo para que a gente possa discutir, depois de tantas palestras e trabalhos, uma política de melhorias locais para o estado da Paraíba e a região Nordeste.
(Fonte: Assimp Sistema OCB/PB)