ENTREVISTA: Fidelização é diferencial para cooperativa Agrária
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Brasília (14/08) - Maior produtora nacional de cevada, sétima empresa que mais cresceu no Brasil e uma das maiores cooperativas do Brasil. Assim é a Agrária, uma cooperativa com 62 anos de existência que melhorou as vidas de seus 550 cooperados, na região de Guarapuava, interior do Paraná. Seu diretor-presidente, Jorge Karl, foi eleito no início do ano uma das 100 personalidades mais influentes do agronegócio pela revista “Dinheiro Rural”.
Karl esteve hoje, em Brasília, para tratar de assuntos de interesse de seus cooperados. Antes de sair para uma audiência com representantes do governo – em companhia do presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas –, ele falou com exclusividade ao Informativo sobre os motivos que fazem da Agrária uma campeã no quesito produtividade.
Informativo: Qual é a sua avaliação sobre os resultados obtidos pela Agrária em 2012/2013?
Jorge Karl: Tivemos um crescimento muito bom nos últimos anos. Em 2012, a Agrária teve faturamento de R$ 2,1 bilhões. Estamos muito bem no mercado de malte, farinha, rações animais, farelo e óleo de soja. Ganhamos recentemente o prêmio “Produtividade da década” do Rally da Safra. Isso é resultado de uma somatória de fatores: são anos de cuidado com a produção, diversificando os culturas e produtividades. Acumulamos, então, uma década de crescimento da produtividade. Não foi um único ano bom. Estamos falando de dez anos de crescimento. Já a revista Exames Maiores e Melhores mostrou que somos a sétima empresa brasileira que mais cresceu no ano de 2012. Em resumo, a Agrária está bem. Mas está bem, porque nós investimos bastante na gestão profissional, no treinamento de pessoas, sempre atentos ao que acontece no mercado e no mundo.
I: Quais são os planos para o futuro?
JK: Temos alguns planos de expansão. Estamos hoje começando a construção de uma indústria de beneficiamento de milho. Pensamos em fazer um terminal no porto, justamente para conseguir a atender melhor os mercados, pois dependemos bastante da importação e exportação.
I: Qual é o principal diferencial da Agrária?
JK: A Agrária é uma cooperativa de perfil diferente das demais. Temos um número reduzido de cooperados, são apenas 550. Mas são cooperados extremamente ativos em relação à cooperativa. Cooperados que têm 100% de suas atividades realizadas dentro da cooperativa. Significa dizer que os cooperados da Agrária compram e vendem 100% de sua produção dentro da cooperativa. O princípio da fidelidade é um diferencial muito forte da nossa cooperativa e um dos maiores exemplos disso no Brasil. Então os cooperados têm toda sua vida econômica dentro da cooperativa. Outro diferencial é que a Agrária também faz parte da vida pessoal desses cooperados. Nós fazemos mais do que fornecer insumos, recepção da produção e assistência. Nós fazemos mais do que isso: somos mantenedores de um colégio, de um hospital, de uma fundação cultural e de uma fundação de pesquisa agropecuária. Então, a atuação da Agrária ultrapassa as barreiras econômicas e entra também na área social. E isso melhora a vida dos cooperados.
I: E como a Agrária consegue manter o seu grupo de cooperados tão unidos e fidelizados?
JK: A Agrária foi fundada por imigrantes alemães, um grupo que permaneceu junto ao longo dos anos. E essa comunidade – por ser cultural, técnica e financeiramente homogênea – permaneceu unida, se fortalecendo e mantendo suas particularidades ao longo dos anos, crescendo fora dos centros urbanos.
I: Qual a importância – para a Agrária e para outras cooperativas brasileiras – da parceria com o Sistema OCB?
JK: O cooperativismo agropecuário vive um momento muito bom de crescimento, especialmente no Paraná. A OCB evoluiu junto com isso e, às vezes, até tomou a dianteira dessa evolução. O Brasil é muito grande, então dá para entender que a OCB tem de abrigar todas as pessoas e todos os 13 ramos do cooperativismo em um único guarda-chuva. E essa representatividade está sendo bem cumprida. Nós, da base, temos muitas demandas e sempre encontramos apoio na OCB e na unidade estadual, que no nosso caso é a Ocepar. Nós primeiramente procuramos a Ocepar. Daí ela repassa, quando necessário, a demanda à OCB. E a organização tem um papel fundamental, enquanto representação política. Sempre existem questões pendentes ou que estão para serem deliberadas, em Brasília. Questões que afetam diretamente as cooperativas e precisam de um interlocutor na capital.
I: E como o Sistema OCB poderia ajudar melhor a base?
JK: É importantíssimo termos pessoas que conheçam o sistema cooperativista e que possam representar bem essas demandas da base aqui, em Brasília. Muitas vezes a OCB trata de questões que impactam fortemente os resultados das cooperativas. A própria lei cooperativista precisa ser acompanhada e tem pequenos decretos e medidas provisórias que podem nos colocar em situação muito difícil perante ao mercado. Nós precisamos que a OCB nos represente aqui, com pessoas muito focadas, preparadas e capacitadas. Na área tributária, por exemplo, precisamos de um acompanhamento de ponta. Não é qualquer amador que pode discutir Ato Cooperativo ou PIS/Cofins na exportação. É preciso ter conhecimento e capacitação para nos representar aqui. E o Sistema OCB tem feito isso muito bem.
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