Água pode ser elemento chave para garantia da segurança alimentar
“Da mesma maneira que existe o Vale do Silício nos Estados Unidos, que oferece insumo fundamental para a indústria de microprocessadores e gerou a grande indústria de tecnologia da informação, o Brasil é um vale da água e talvez tenha o mais determinante insumo para a segurança alimentar do mundo nos próximos 50 anos". A afirmação é do presidente do Novo Banco de Desenvolvimento do Brics (NDB, em inglês), Marcos Troyjo, que participou, nessa quarta-feira (24), da última etapa do seminário Sustentabilidade e Inovação no Cooperativismo, promovido pelo Sistema OCB em parceria com o Canal Rural.
Com o tema Da COP26 à COP27, o Brasil e o agro sustentável do século 21, o evento fez parte da programação da Semana de Competitividade e reuniu cerca de 130 participantes, entre cooperados, produtores rurais, autoridades e representantes de entidades públicas e privadas do agronegócio brasileiro, no Centro Internacional de Convenções do Brasil, em Brasília.
Para Troyjo, a consolidação do Brasil como protagonista na manutenção da segurança alimentar mundial passa, obrigatoriamente, pela questão da disponibilidade da água, elemento que o Brasil possui em abundância. “China, Índia e vários países da Europa têm problemas gravíssimos de acesso à água, o que limita a expansão da produção de alimentos e abre novas oportunidades de comércio para os produtores brasileiros. Para isso, o que nos falta é construir a infraestrutura necessária para fazer o uso inteligente e sustentável desse recurso”, afirmou.
A abertura do seminário foi feita pelo presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, que reforçou o papel das cooperativas agro na construção de uma economia verde. “Construímos uma plataforma para continuarmos trabalhando a ideia da sustentabilidade e seus valores reais, que são muito superiores a preservação do meio ambiente. É também a preservação de uma humanidade mais próspera, que respeita o futuro das próximas gerações. Nossas cooperativas já fazem isso e fazem muito bem. A questão é que a parte boa feita pelo setor produtivo ninguém conta. Precisamos ousar mais e nos fazer mais conhecidos e reconhecidos pela sociedade”, ressaltou.
O embaixador Paulino Franco de Carvalho Neto, secretário de Assuntos Multilaterais Políticos do Ministério das Relações Exteriores, afirmou que o Brasil é um exemplo com sua agricultura pujante e sustentável. “Temos que mostrar cada vez mais, tanto internamente como no plano internacional, o que temos feito. O Brasil é parte da solução para o combate às emissões de gases e à garantia da segurança alimentar. Não temos do que nos envergonhar, muito pelo contrário”.
“Nossa agricultura é maior agricultura regenerativa do mundo. É uma agricultura convencional, que todo ano melhora o solo para aumentar a produtividade. Estamos novamente com previsão de recorde de produção para este ano, o que significa que o produtor cuidou bem do solo, cuidou bem da natureza e garantiu alimentos em volumes relevantes e acessíveis”, declarou o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite.
Já o ministro da Agricultura, Marcos Montes, reforçou que o Brasil já vem adotando técnicas sustentáveis em suas lavouras e também na pecuária. “Como importante player mundial na produção de alimentos, o Brasil tem condições de ampliar a produtividade, com inovação e tecnologia, sem a abertura de novas áreas. O mundo precisa do Brasil para produzir alimentos. Temos essa reponsabilidade, mas também a de preservação, como já fazemos e precisamos aprimorar cada ver mais”.