Jornada rumo à COP 29: coops do Acre mostram impacto ambiental e social
Visitas destacam como é possível unir proteção ambiental, trabalho, renda e progresso
A Jornada cooperativa rumo à COP 29, organizada pelo Sistema OCB chegou ao seu quarto dia de atividades e levou os representantes nacionais e internacionais ao Acre, na região Amazônica, para mostrar casos de sucesso que atestam como as cooperativas atuam em prol da conservação e harmonia do meio-ambiente, ao mesmo tempo em que geram desenvolvimento social e crescimento inclusivo, além de se encaixar nas mais diferentes realidades sociais, geográficas e culturais do país.
Nesta quinta-feira (26), os participantes da jornada tiveram a oportunidade de conhecer as práticas de sustentabilidade do Sicredi Biomas, Sicoob UniAcre e Sicoob Credisul. A comitiva também visitou a Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre (Cooperacre), onde foram apresentados produtos provenientes da floresta cultivados pelos cooperados, como castanha e borracha, e as práticas de extração que preservam o meio ambiente.
Yann Sena, gerente regional administrativo financeiro do Sicredi Biomas, destacou a importância das das cooperativas de crédito na região. "O impacto positivo das nossas ações é muito grande e, por isso, a atuação do Sicredi não é só emprestar dinheiro aos cooperados, mas também influenciar todo um ecossistema e colaborar com as comunidades que recebem o auxílio da instituição financeira de crédito. O cooperativismo é certamente uma ferramenta social e econômica muito importante para o desenvolvimento da nossa sociedade aqui e no Brasil", afirmou.
Por sua vez, Murilo Aluizio, gerente regional do Sicoob Credisul, explicou que a prioridade da instituição é focada na cooperação com a comunidade e a conformidade com as legislações ambientais. "Nós estamos comprometidos em apoiar a comunidade em todas as nossas operações, sempre de acordo com as leis. Incentivamos nossos cooperados a seguir práticas de conservação ambiental, florestas, rios e solos", disse.
O presidente da Cooperacre, José Rodrigues de Araújo, expressou satisfação em receber a comitiva da jornada e compartilhou as práticas sustentáveis da central. "Recebê-los representa um momento muito feliz. Na Cooperacre, extraímos os produtos e cuidamos do produtor e do meio ambiente, com base nos três pilares ESG, social, econômico e ambiental. Os produtos que extraímos e comercializamos não afetam a floresta. Mantemos ela em pé e nos preocupamos em evitar o desmatamento, ao mesmo tempo que entregamos renda para os nossos cooperados", declarou.
Sediada em Rio Branco, a Cooperacre é atualmente responsável pela maior produção de castanha beneficiada do país, com presença em 18 municípios do estado e mais de 2,5 mil famílias cooperadas. De acordo com José Rodrigues, sua fundação, em 2001, atendeu à necessidade de existência de uma entidade central que reunisse as cooperativas de extrativistas do estado para garantir melhores oportunidades de negociação de seus produtos.
Em 2003, a cooperativa abriu sua primeira indústria de beneficiamento de castanha-do-Brasil. Com o sucesso, uma nova planta foi concedida e entrou em operação. A terceira fábrica foi inaugurada em 2016 e, hoje, a produção de castanha é da ordem de 5 mil toneladas/ano. Nessas fábricas, as castanhas são armazenadas, limpas, quebradas, secas e empacotadas. As cascas também são usadas para produzir o biocombustível empregado na própria atividade industrial. Com isso, a Cooperacre torna todo o seu processo industrial ainda mais limpo.
Wenyan Yang, chefe da divisão de Participação Social sobre o Desenvolvimento das Nações Unidas, comentou sobre a experiência da jornada no Acre. "Incrível. Foi possível ver de perto como as cooperativas financeiras são muito importantes para o desenvolvimento local, de forma social e econômica. Conhecer e entender como a Cooperacre funciona é muito valioso. É bonito ver como as iniciativas sustentáveis colaboram com as pessoas e, ao mesmo tempo, cuidam do meio ambiente. O mercado que é criado, pensando nos trabalhadores e também na floresta, é muito interessante".