Juventude, o futuro do cooperativismo brasileiro
Jornal Correio Braziliense
27/06/2011
*Márcio Lopes de Freitas
Cooperativismo é sinônimo de inclusão. É inegável sua capacidade de despertar o espírito empreendedor, de promover o desenvolvimento econômico com justiça social, e ele se destaca perante outros segmentos justamente por isso. Tanto é assim que a base do segmento está no capital humano, e a meta é, acima de tudo, o bem-estar coletivo e as necessidades do grupo. Mais que isso, é uma filosofia de vida que não está centrada no lucro, mas busca a sustentabilidade nos 13 ramos de atividades econômicas nos quais atua.
Por sua natureza, o cooperativismo investe na prosperidade conjunta, que, associada a valores universais particulares, se desenvolve independentemente de território ou nacionalidade. Estamos falando de um movimento rico e diverso, formado mundialmente por 1 bilhão de homens e mulheres de todas as idades, raças e credos. Um universo em que estão inseridas as novas gerações, com idealismo e olhar inovador, com certeza. São elas, sem dúvida, que pavimentarão o futuro desse movimento no Brasil e no mundo e vão protagonizar novas histórias para o país.
O cooperativismo acredita e defende que o caminho para o futuro está na juventude. E realmente está. Serão os jovens os propagadores desses ideais de solidariedade e valorização do capital humano, a partir da união e não do individualismo. Ciente do papel desses atores sociais, o segmento se mobiliza para refletir sobre o tema juventude: o futuro do cooperativismo e fomentá-lo na prática. O processo faz parte de uma iniciativa da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), que está na 89ª edição. O Dia Internacional do Cooperativismo, comemorado oficialmente no primeiro sábado de julho, propõe esse debate.
Nesse contexto, vale ressaltar a capacidade particular do setor de impulsionar o crescimento econômico com justiça social. Certamente, o cooperativismo se apresenta como um modelo de inclusão para essas novas gerações. As cooperativas têm mesmo o diferencial de inserir as pessoas no mercado de trabalho, gerar oportunidades de negócio e agregação de renda. No Brasil, elas reúnem cerca de 9 milhões de associados e praticamente 300 mil empregados. Se incluirmos as famílias desses cooperados, falaremos, na verdade, de 30 milhões de brasileiros.
Mas essa não deve ser uma reflexão restrita ao segmento cooperativista. Hoje, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os jovens representam 13,5% da população brasileira, e são mais da metade dos extremamente pobres, 16,2 milhões. As necessidades de investimento são, portanto, evidentes.
Estudos apontam, por exemplo, falhas no sistema de educação, indicando, inclusive, que muitos não têm sequer acesso a escolas e universidades. Não há como pensar em desenvolvimento sem formação. O censo escolar 2010 aponta queda no número de matrículas no último ano, em todas as etapas de ensino.
A educação também influencia diretamente a entrada dos jovens no mercado de trabalho. Sem o adequado grau de instrução, grande parte desse público acaba excluída do processo. Por isso, é necessário o fomento de políticas públicas voltadas exclusivamente para a juventude.
Os projetos e programas de inclusão devem ser intensificados. De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), cresceu em 2010 o número de jovens com carteira assinada, na comparação com o ano anterior. Para os que têm entre 16 e 17 anos, por exemplo, o aumento foi de 19,06%.
Em nível federal, a presidente Dilma Rousseff lançou o Plano Brasil sem Miséria, o Programa Nacional de Acesso à Escola Técnica (Pronatec) e o novo Financiamento Estudantil (Fies), mais acessível à população de baixa renda. Além disso, o MTE e o governo do Distrito Federal assinaram um termo de compromisso para implementação do programa ProJovem Trabalhador, que pretende qualificar 5 mil deles na região.
Assim como o Executivo, os demais poderes e diversos setores econômicos, entre os quais o cooperativismo, precisam se mobilizar cada vez mais em prol da juventude. É dessa forma que o sistema cooperativista brasileiro traça os caminhos do amanhã, unindo o espírito audacioso das novas gerações ao rico conhecimento daqueles que já são líderes.
* Presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop)
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