Liderança e protagonismo marcam Congresso Brasileiro do Agronegócio

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Brasília (8/8/16) – Reforçar os investimentos em inovação tecnológica para alavancar a produtividade do agronegócio brasileiro foi o tema dominante no primeiro painel do 15º Congresso Brasileiro do Agronegócio, promovido pela Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), com o apoio da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), nesta segunda-feira (8), em São Paulo. O superintendente do Sistema OCB, Renato Nobile, participou do evento, cujo tema central é Liderança e Protagonismo.

“Entre as várias prioridades que o grave momento vivido pelo país demanda, pedimos muito atenção com a propriedade intelectual e com a inovação tecnológica”, reforçou o presidente da ABAG, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, na solenidade de abertura do evento, que contou com a presença de 900 participantes.

O presidente da ABAG também ressaltou a importância do agronegócio para o Brasil, seu crescimento contínuo e sua competitividade perante ao mercado global, enfatizando a necessidade de se promover diversas reformas para consolidar essa liderança. “As grandes reformas, trabalhistas, tributária, previdenciária e política, precisarão acontecer. Para tanto, as questões transversais ganham grande relevância e é preciso um posicionamento conjunto, não isolado”, pontuou Carvalho.

Para secretário da Agricultura e do Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, que representou o governador Geraldo Alckmin na solenidade de abertura, o agronegócio nacional está pronto para ter liderança e exercer seu protagonismo, uma vez que o segmento não apenas produz alimentos e fibras, mas também, produz bioenergia.

“Nosso setor está sempre em busca de agregar valor e de criar oportunidades para nosso país. O que precisamos é unidade de ação e uma boa governança e sintonia entre nossas entidades”, afirmou.  Ele ainda ressaltou a questão da sustentabilidade. “O Brasil aceitou definitivamente fazer uma agricultura sustentável. Por isso, aqui, o meio-ambiente e a agricultura não rivalizam”.

A competitividade, a qualidade e a produtividade somadas aos aspectos ambientais, a sustentabilidade, o cuidado com o bem-estar animal, em um ambiente de evolução tecnológica crescente, estão exigindo dos líderes do agronegócio nacional um embate efetivo, uma liderança mais assertiva, inclusive, muitas vezes, tomando o papel de instituições públicas para que o setor avance e exerça realmente seu protagonismo. A conclusão é da senadora Ana Amélia Lemos, durante o primeiro painel Liderança no Agronegócio

Segundo a senadora, o estado do Mato Grosso, que está se consolidando como um importante celeiro do agronegócio nacional, estabeleceu como uma de suas prioridades a aplicação de tecnologia e inovação no campo, visando obter o máximo de produtividade e qualidade no cultivo, resultando, dessa maneira, em alta competitividade frente ao mercado nacional e mundial. “Há 20/30 anos, o Rio Grande do Sul era considerado o grande celeiro agrícola do Brasil. No entanto, o agricultor migrou suas tecnologias para outros estados em função de melhores condições de trabalho. E, com o isso Estado perdeu a liderança para o Paraná e, agora, vemos o mesmo movimento com o Mato Grosso. Tudo isso devido as escolhas e as prioridades”, afirmou Ana Amélia.

A questão das escolhas deve estar também na pauta dos líderes do agronegócio, de acordo com a senadora, em especial em assuntos que prejudicam a produtividade do setor. O estado de Santa Catarina, um dos maiores produtores de suínos e aves do país, com um consumo de cerca de sete milhões de toneladas de milho, compra esse produto do Mato Grosso por um preço final que pode chegar a ser o triplo do valor dele, devido a logística. “Esse tipo de contradição, onde o custo do transporte é maior do que o preço do produto, vai exigir das lideranças do setor atitudes assertivas”, enfatizou Ana Amélia.

Para outro participante do primeiro Painel, Eduardo Leduc, presidente do Conselho Diretor da ANDEF – Associação Nacional de Defesa Vegetal, o desafio para a consolidação da liderança do agronegócio brasileiro no mundo depende de um posicionamento mais firme em relação a qualidade, tecnologia e posicionamento de marca. “Mesmo com o agro crescendo no ritmo que conhecemos, liderar é uma coisa muito diferente. Ser o maior exportador de carne não significa ser líder. Para consolidar essa liderança temos de aumentar e muito a produtividade do país. Para isso, é fundamenta termos uma visão de toda a cadeia produtiva”, observou Leduc salientando a importância de se dedicar ao conceito de marca e de percepção do consumidor final.

Nesse aspecto, outro palestrante do Painel, Carlos Alberto Paulino da Costa, presidente da Cooxupé – Cooperativa Regional dos Cafeicultores em Guaxupé, relatou o trabalho de constante aprimoramento tecnológico e de processo produtivo que tem levado a conquista de novos mercados em várias partes do mundo. “Você só pode melhorar o que é medido. Para tanto, desenvolvemos uma série de instrumentos para avaliar os processos e repassamos os avanços para todos os nossos 13 mil cooperados”, explicou.

Na sequência, o economista José Roberto Mendonça de Barros, sócio da MB Associados, afirmou que o que falta ao agronegócio brasileiro é uma visão estratégica. “Nossa estratégia básica é nos tornarmos, nos próximos dez anos, o maior player de produtos agrícolas do mundo, sem perda da qualidade do abastecimento local. Para isso, temos de equacionar alguns problemas como melhorar a infraestrutura de transporte e logística; resolver as questões tributária e trabalhista; pensarmos em termos de cadeia produtiva; agregar valor, para deixarmos de vender um quilo de café em grãos a R$ 16,00, para exportarmos café capsulas num valor que pode chegar a R$ 275,00; e entrarmos firmes na pauta da agricultura de precisão”. O painel Liderança no Agronegócio foi moderado pelo jornalista Celso Ming.

A Abag homenageou, com o Prêmio Norman Borlaug, o engenheiro agrônomo Sizuo Matsuoka, geneticista e responsável pela maioria das variedades de cana em produção; sócio fundador da Vignis, empresa especializada na produção de biomassa para o fornecimento de cana-energia para a indústria e usinas termelétricas. O prêmio foi entregue por Ismael Perina Junior, agricultor do segmento canavieiro e presidente da Câmara Setorial do Açúcar e Álcool, órgão consultivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Foi entregue também o Prêmio Personalidade do Agro Ney Bittencourt de Araújo, que este ano homenageou o governador do Mato Grosso, Pedro Taques, que tem se destacado nacionalmente como um dos principais defensores do agronegócio. O prêmio foi entregue por Rui Prado, presidente da FAMATO – Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso.

No início da tarde, ocorreram dois painéis. O primeiro, intitulado “Protagonismo do Agronegócio”, contou com a participação do embaixador, Marcos Azambuja, como um dos debatedores. Para ele, é de fundamental importância que o Brasil se firme como protagonista no setor.

“Não vamos esperar um comitê de boas-vindas para a entrada do Brasil no disputado mercado mundial de produtos agrícolas”, argumenta. Além de Azambuja, também participaram do painel o representante da Coalizão Brasil, Clima, Florestas e Agricultura, Marcelo Furtado, o deputado Federal e presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Marcos Montes, o coordenador do GVAgro, Roberto Rodrigues, e a economista chefe da XP Investimentos, Zeina Latif. E como moderador, o editor de agronegócios do Valor Econômico, Fernando Lopes.

Sobre a temática, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), afirma: “Toda liderança conquistada necessita ser transformada num autêntico protagonismo de uma forma menos tímida, que alargue ainda mais o campo das exportações nacionais. Nesse contexto, temos uma nova vantagem competitiva decisiva, que é o fato de sermos um dos poucos, senão o único país que ainda tem capacidade de expandir sua produção via elevação da produtividade, por meio de inovações tecnológicas e mecanização dos processos, mas também com o uso de novas áreas cultiváveis, sem necessidade de desmatamento”.

Já o terceiro painel: “Ética e o Brasil” foi realizado pelo ex-presidente do STF e do TSE, Carlos Ayres Britto, o economista Eduardo Giannetti da Fonseca, e o filósofo e ensaísta, Luiz Felipe Pondé. O moderador do painel foi o colunista da revista Veja e apresentador do programa “Roda Vida”, da TV Cultura, Augusto Nunes.

Segundo o presidente do ABAG, atualmente a nação brasileira convive com uma dramática crise econômica, política, social e, fundamentalmente, ética. “Temos de cultivar valores morais, abraçando comportamentos com disciplina nas pequenas e nas grandes ações. A ética dá segurança a um desenvolvimento equilibrado e que busca inserir as pessoas e não excluí-las”, enfatiza Luiz Carlos Corrêa Carvalho.

SAIBA MAIS – Promovido pela ABAG desde 2002, o Congresso Brasileiro do Agronegócio, já faz parte da agenda dos principais formadores de opinião do País e na edição deste ano também contou com a presença das mais importantes lideranças políticas, empresariais e setoriais do agronegócio brasileiro. O evento contou ainda com uma palestra inaugural, proferida pelo cineasta e jornalista Arnaldo Jabor e que teve como tema Brasil: Hoje e Amanhã. (Com informações da Abag)

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