Movimento cooperativista debate estratégias para crescimento do setor

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Guarujá (08/10) - Cooperativistas das Américas estão reunidos para discutir questões estratégicas à competitividade e à permanência das cooperativas no mercado global. Eles participam da XVIII Conferência Regional da Aliança Cooperativa Internacional para as Américas (ACI-Américas), até esta sexta-feira (11/10), no Guarujá (SP). Os debates estão fundamentados em pontos definidos pela Aliança Cooperativa Internacional (ACI) como essenciais ao desenvolvimento do setor e à sua consolidação nos próximos dez anos, na chamada Década do Cooperativismo. São eles: participação, sustentabilidade, identidade, arcabouço legal e capital. Nesta terça-feira (8/10), iniciativas promovidas pelo movimento no Brasil foram apresentadas por representantes do Sistema OCB em painéis sobre temas diversos. 

Trabalho – A importância da regulamentação do cooperativismo de trabalho foi ressaltada pelo representante nacional do ramo na Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Geraldo Magela. “Em 2012, tivemos um marco para o segmento, a sanção da Lei 12.690/12, que regulamenta as relações entre as cooperativas de trabalho e tomadores de serviços. Foi um avanço no sentido de garantir um ambiente de reconhecimento ao legítimo cooperativismo de trabalho e combater o pré-conceito de que o setor é sinônimo de precarização, o que vai totalmente contra à sua proposta, de ser uma alternativa de organização e de geração de trabalho e renda. Foi determinante, também, para sensibilizarmos governo e outros órgãos de decisão sobre essa realidade. Temos agora o desafio de implementar essa regulamentação e fortalecer a prática da gestão cooperativa plena, ocupando espaço tanto no serviço público quanto na iniciativa privada”. 

Educação – “Os investimentos em educação são convertidos, claramente, em resultados efetivos para as cooperativas”. Esse foi o tom dado por Leonardo Boesche, gerente de Desenvolvimento Humano do Sescoop/PR, ao apresentar um projeto desenvolvido pela unidade estadual junto às cooperativas do Paraná. “O nosso desafio é preparar pessoas para a prática, é contarmos com cooperados cada vez mais cooperativistas, comprometidos com os princípios e valores do movimento. E a base de sucesso de uma sociedade cooperativa está justamente na participação ativa dos seus associados. Para avançarmos nesse sentido, desenvolvemos um software a partir do qual temos um diagnóstico das cooperativas, onde estão e onde querem chegar. Assim, temos dados consistentes para definir de que forma o treinamento, a capacitação pode auxiliá-las nesse processo”.

Consumo – Para se manter competitiva, concorrendo com outras organizações do mercado, a Coop, a maior cooperativa de consumo da América Latina, com 1,6 milhão de associados, está atenta às exigências do consumidor. “Faz parte do nosso planejamento estratégico a realização de ações de sustentabilidade, sejam elas voltadas ao campo econômico, social ou ambiental. Temos uma preocupação não só com os negócios, mas com o planeta, e queremos transmitir essa mensagem aos nossos cooperados. Desenvolvemos projetos que ressaltam, por exemplo, a importância do cuidado com a saúde e o consumo consciente. Além disso, apostamos em outros nichos de mercado. Hoje, também disponibilizamos os serviços de drogaria e postos de combustível aos nossos associados”, destacou o presidente da Coop, Márcio Valle.

Agropecuário – Como exemplo de gestão no cooperativismo agropecuário, Fernando Degobbi, gerente Comercial da Coopercitrus, ressaltou que é fundamental acompanhar as variações e tendências de mercado para o desenvolvimento de estratégias bem-sucedidas. “O mercado tem se movimentado com muita velocidade, com fortes oscilações de preços. Nossa cooperativa, por exemplo, nasceu com o objetivo principal de fornecer insumos, mas temos equilibrado essa atividade com o recebimento da produção. Sobre esse ponto, nosso carro-chefe, inicialmente, eram os cítricos. Hoje, a realidade é outra, diversificamos nossa atuação, trabalhamos com outros produtos como o milho. Fazemos uma análise das culturas atendidas e organizamos o processo de produção, fornecendo aos nossos cooperados assistência técnica e acesso a novas tecnologias. Essa é a nossa missão”.

Igualdade de gênero – “Precisamos mexer na nossa cultura para vencermos impasses antigos na questão de igualdade de gênero. Para isso, mulheres e homens devem trabalhar juntos, e o cooperativismo pode ser um importante aliado nesse sentido, um caminho de inserção do público feminino no mercado e na sociedade. O investimento em educação é outro ponto fundamental e complementar, além da capacitação, do preparo das pessoas”, disse Inês Salles, presidente da Cooperativa Tupambaé, que trabalha com a igualdade de gênero no Estado do Rio de Janeiro, com o apoio do Sistema OCB/RJ. 

Conferência – O evento, que conta com o apoio do Sistema OCB, também é uma realização do Sistema Unimed. Acompanhe na edição desta quarta-feira (9/10) a cobertura de outros temas debatidos durante a XVIII Conferência Regional da ACI-Américas, além da abertura oficial, prevista para a noite de hoje.

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