Mulheres crescem no cenário cooperativista

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Belém (10/3) – A determinação e um modo especial de olhar a vida, características essencialmente femininas, tornam o cooperativismo um meio cada vez mais promissor para as mulheres. Dados da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) mostram um número crescente de mulheres empregadas no movimento cooperativista, correspondendo a 52% dos 296 mil empregados. A base de dados ainda é de 2011, mas dá uma ideia do potencial desse sistema.

A diretora financeira da Sicoob Cooesa, Francisca Monteiro Uchôa, conta que a participação das mulheres no universo cooperativista aumentou consideravelmente nos últimos anos. “Nós percebemos que o número de mulheres presidentes de cooperativas, ou mesmo dirigentes ou diretoras vêm aumentando. Nós estamos ocupando cargos de maior responsabilidade e conseguimos corresponder à altura. Hoje, a mulher se destaca como um agente expressivo do cooperativismo”.

Francisca, que é também sócia fundadora da cooperativa, está completando 21 anos de carreira no cooperativismo em 2015. Ela atribui seu sucesso a algumas características femininas fundamentais para esse meio.

“Eu tive o privilégio de acompanhar o nascimento e o desenvolvimento da minha cooperativa. No início, tive muitas dúvidas, mas costumo dizer que o cooperativismo é como um vírus. Temos o primeiro contato, depois ele nos toma completamente e não conseguimos mais sair. Hoje sou apaixonada pelo que faço e este é o meu segredo para continuar tantos anos na Cooesa. A mulher, por exemplo, tem muita habilidade de se relacionar com os outros e, no cooperativismo, relacionamento é indispensável. É preciso saber lidar com o ser humano, conversar e se importar com ele. É necessário às vezes ter muita paciência. Por isso, temos mais facilidade em enfrentar os desafios que o dia a dia no mundo cooperativo nos submete”, comenta Francisca Uchôa.

Vera Almeida, diretora da OCB/PA e presidente da Sicoob Federal Pará, está há 23 anos no cooperativismo. “A honestidade e a vontade de fazer a coisa certa e, principalmente, bem feita contribui para que a mulher se destaque no cooperativismo. Eu tive o privilégio de sempre fazer parte, direta ou indiretamente da diretoria da minha cooperativa e atribuo meu sucesso ao comprometimento com o que faço, uma característica especial das mulheres. Posso afirmar que, hoje, cerca de 70% das cooperativas de crédito são presididas por mulheres.” 

O empreendedorismo na opinião da Analista de Promoção Social do Sescoop/PA, Flávia Gil, é o que atrai as mulheres para o cooperativismo. “Nós temos um espírito empreendedor inato e o cooperativismo nos mostra muitas vantagens. Esse mercado de trabalho vem crescendo exponencialmente nos últimos anos e estamos acompanhando esse crescimento. Vejo a figura da mulher bem atuante e com uma presença expressiva”, comenta a analista.

Flávia Gil conta ainda que o cooperativismo vem transformando a realidade de muitas mulheres em situação de vulnerabilidade social, como é o caso da Cooperativa de Arte Feminina Empreendedora da Susipe (Coostafe). Recentemente, a Coostafe ganhou menção honrosa do Prêmio Innovare por uma iniciativa voltada exclusivamente para mulheres presas.

É a primeira cooperativa deste gênero no país e sua atuação ganhou repercussão nacional, tendo uma matéria publicada até mesmo no Jornal Estado de São Paulo, um dos jornais de maior circulação no Brasil. A reportagem foi divulgada no dia 15/2 e discorreu sobre a proposta da Coostafe, que é a reintegração dessas mulheres à economia do estado por meio da produção de artesanatos como pelúcias, crochê, vassouras ecológicas, sandálias e bijuterias que são comercializadas em feiras e praças públicas de Belém.

A Diretora do Centro de Recuperação Feminino (CRF) que abriga a cooperativa, Carmen Botelho, conta que essas mulheres estão encontrando no cooperativismo uma esperança de melhorias de vida.

“Depois que elas foram apresentadas aos princípios cooperativistas, nós percebemos que houve mudanças significativas no humor, no comportamento e nas perspectivas para o futuro. Muitas não sabiam nem ler e escrever. Agora, sabendo que são empreendedoras, elas sentiram a necessidade de estudar para aprimorar o trabalho delas. Temos mais de 50% das presidiárias dentro da sala de aula”.

Para o presidente do Sistema OCB/PA, Ernandes Raiol, essas transformações sociais profundas que a mulher está experimentando ao longo desses anos apenas contribui para o fortalecimento do espírito cooperativista.

“A mulher conquistou o direito de discutir, votar, criticar, propor, rejeitar, candidatar-se. Enfim, de participar das instituições ligadas direta ou indiretamente à sua vida. No cooperativismo, essa realidade é cada vez mais presente. Temos mulheres ocupando importantes posições e interferindo decisiva e positivamente no universo cooperativista. Esperamos ver ainda mais mulheres se destacando e provando que não existem limites para a cooperação”, finaliza. (Fonte: Assimp Sistema OCB/PA)

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