Mulheres do coop: quem são as líderes desse movimento?
Brasília (14/8/20) – A presença da diversidade nas empresas e organizações é uma tendência cada vez mais atual e forte na sociedade. Entretanto, qual o impacto disso na prática? Muito mais que ocupar espaços, é preciso escutar e dar voz para as mulheres que contribuem diariamente para o desenvolvimento coletivo. E dentro do cooperativismo não é diferente. A cada dia a presença feminina se torna mais efetiva e positiva, mas você conhece as mulheres à frente do movimento? Para debater inúmeras questões a respeito desse tema a MundoCoop conversou, com exclusividade, com a Aureliana Luz, assistente social, empresária e presidente do Sistema OCB/MA, sendo única mulher a frente de uma Organização Estadual no Brasil. Confira!
O cooperativismo é um modelo que visa a igualdade e a gestão democrática. Pensando nisso, o que as cooperativas podem fazer para incentivar mais a diversidade dentro de suas estruturas? O cooperativismo é facilitador da inclusão no mercado de trabalho, principalmente de mulheres?
O modelo de negócio cooperativista sempre me encantou, a forma como atua, indo além do plano estratégico dos sócios que se repercute no bem-estar e qualidade de vida das pessoas envolvidas, isso é fantástico! Bem, quando penso em igualdade e gestão democrática, estabelecidas nos princípios cooperativistas, me pego a refletir nos valores cooperativistas que ganhamos automaticamente em transparência e honestidade, trata-se da oportunidade que todos os sócios possuem no meio cooperativista seja de votar e ser votado ou de deliberar sobre assuntos da cooperativa e construir um plano especial naquele momento.
As cooperativas são regidas pela Lei 5.764/71 e nela estão os princípios cooperativistas, que trabalham de forma unificada a inclusão de todas as classes, mas não só isso, as unidades estaduais de representação (OCBs) atuam em seu plano de trabalho para reforçar todos eles, por meio de palestras, seminários, encontros e cases de sucesso que visão reforçar a diversidade dentro da estrutura das cooperativas.
Em se tratando da inclusão das mulheres no cooperativismo, posso afirmar que este é um espaço destinado a emancipação e empoderamento, haja vista o enfretamento coletivo para um ambiente necessariamente inclusivo e que visa o fortalecimento político, econômico e social, bem como o enfrentamento de adversidade juntos e o acesso às oportunidades de mãos dadas.
Como representação feminina hoje no Maranhão temos mais de sete presidentes mulheres de um total de quarenta e nove cooperativas, isso é muito bom! Sou também a única presidente mulher no Brasil das OCE´s e tenho que representar as mulheres de modo significativo e atuante, nasci com essa missão e honro esse propósito todos os dias, por isso respeito a ética cooperativista, a moral e os bons costumes. O cooperativismo ativa em nós essa atmosfera do bem!
O Brasil possui 27 OCEs que representam o movimento cooperativista de cada estado do país e, entre elas, apenas uma tem uma personalidade feminina, que é a senhora. Como é estar à frente de uma organização que faz parte de um sistema majoritariamente masculino? Qual o significado dessa realização?
Esse reconhecimento me deixa muito feliz, sempre que alguém me pergunta lembro da importância do exercício desta função frente ao movimento de cooperar e ensinar o fazer cooperativo no território maranhense de forma proba e comprometida com os princípios que o regem.
Sobre a diferença masculina no total de presidentes, não fico intimidada, sou mulher e sinto-me privilegiada de aprender com a liderança masculina e somar com o espírito feminino – que traz em sua essência aspectos que somam e fazem a diferença, ambos são igualmente importantes e unidos produzem força, competência e destacam-se em suas habilidades, pois há espaço na sociedade para essa ampla diversidade que somos!
O que uma mulher no papel de liderança representa e pode mudar para a coletividade ao seu redor?
Em um mundo moderno dotado de diferenças e oportunidades, o que posso registrar é que a luta por igualdade de espaços – daí podemos citar de gêneros também – e que há anos tem sido requerida pelas mulheres – está sendo claramente demarcada e conquistada em espaço ante ao seu enorme valor. Claro que há muito mais a conquistar, porém é visível o que já avançamos, não posso diminuir a trajetória de lutas e sucesso conquistado por minhas precursoras, mas sonho por um mundo povoado pela beleza da diversidade, liberdade e igualdade de oportunidades.
Uma mulher no papel de liderança representa “avanço” – somos imbuídas numa sociedade patriarcalista, mas nascemos com uma mente e um coração livre, mãos talentosas, então assumir a posição de comando e gestão significa conquistar a oportunidade de servir mais pessoas numa extensão muito maior do que a nossa limitação cultural foi capaz de prever. Isso para mim significar romper e isso é crescimento!
Como você enxerga o futuro do cooperativismo e do mundo em relação a representatividade feminina?
Para o futuro precisamos reorganizar como sociedade, nos conhecer como sistema, pois sabemos que hoje o cooperativismo alcança mais de quinze milhões de famílias brasileiras, somos um armazém de confiança! Então a grande sacada para o novo futuro é a intercooperação como uma chave que abrirá a porta para o fortalecimento econômico e social.
O que você diria para as mulheres que querem alcançar o sucesso em suas vidas profissionais? E para as mulheres cooperativistas?
Eu diria as mulheres que querem alcançar o sucesso em suas vidas profissionais sendo elas cooperativistas ou não que devemos ser persistentes, que não desanimem em função de uma falha e sim insistam nos seus objetivos até alcança-los, precisamos ter coragem para não deixar de batalhar por oportunidades boas, mesmo que as considere pouco prováveis de conseguir, ter Coragem é fundamental para crescer. Precisam definir seus objetivos de forma bem clara é essencial para não perder o foco durante o caminho, e tanto o profissional como o pessoal devem entrar nesse planejamento, precisamos também ter curiosidade pois essa é uma das melhores características para quem deseja progredir profissionalmente, e ajuda a gerar novas ideias e caminhos de pensamento, outra, não podemos deixar de ignorar o preconceito, pois inevitavelmente, uma mulher terá que enfrentar alguns preconceitos ao se destacar no mercado de trabalho.
Mas para as mulheres cooperativistas eu deixo aqui palavras de impulsionamento – é necessário amar pessoas para viver o cooperativismo, compartilhar da mesma visão, ser solidário e perspicaz! Mulheres, é necessário o desejo de desbravar e confiar no caminho. A essas mulheres desejo que não desistam – a confiança e constância é a mola mestra do aperfeiçoamento.
Enfim, a todas nós mulheres, diria que o sucesso vem com o tempo que dedicamos a fazer aquilo que acreditamos e que não se trata de obtê-lo na linha de chegada, mas no compasso que se constrói dia após dia.
(Fonte: MundoCoop)