Mulheres inovam no cooperativismo sul-mato-grossense
Campo Grande (4/3) – O cooperativismo desde o seu surgimento, oportunizou a participação de mulheres com os mesmos direitos ao voto, algo conquistado pelas mulheres na sociedade somente no século XX. A cada dia as mulheres conquistam novos espaços no cooperativismo. Hoje, o cargo de presidente da Aliança Cooperativa Internacional (ACI) é ocupado por uma mulher, Monique Leroux, do Canadá, eleita no final de 2015, sucedendo outra mulher: Dame Pauline Green.
No Brasil e no Mato Grosso do Sul não é diferente. Muitas mulheres ocupam posições importantes no segmento, claro que ainda está longe da abrangência masculina, mas já temos grandes exemplos a serem seguidos.
Um deles é a dentista, Sandra Araujo de Oliveira, que ingressou no cooperativismo em 1998. Em 2004 ela assumiu a presidência da Uniodonto Dourados e, atualmente, ocupa o mesmo cargo. Segundo a dentista, o cooperativismo oferece para sociedade uma opção de negócios com transparência e lucro para todos e a oportunidade de participar com sua própria empresa oferecendo serviço de qualidade, com preço competitivo de mercado.
“Hoje, as mulheres passaram a entender o cooperativismo como um negócio que cresce a cada dia. Há iniciativa feminina em vários ramos de cooperativismo, pois o trabalho em conjunto com pessoas faz parte da característica agregadora das mulheres”, declara Sandra.
No Mato Grosso do Sul há iniciativas recentes, como da cooperativa Cemar- Cooperativa Educacional Marechal Rondon, constituída em setembro de 2015 e presidida por uma mulher. Helena Rozangela Mattos Centurião conheceu o cooperativismo há muitos anos atrás, mas somente agora viu como alternativa para atender suas aspirações.
“O cooperativa é a nova perspectividade de futuro, pois com a atual conjuntura que vivemos, apenas a união das pessoas com o mesmo interesse é que pode gerar renda, atrair investimentos e promover o desenvolvimento”, declara Helena. Ela ainda considera a participação feminina no cooperativismo muito tímida e discreta, mesmo tendo relatos de mulheres em cooperativas desde o seu surgimento.
No ramo agropecuário tipicamente dominado por homens também tem bons exemplos. Dalva Costa Conchie Muller, produtora rural de Jaraguari diz que o cooperativismo mudou completamente o seu negócio em produção de leite.
“Antes da cooperativa não conseguíamos negociar o preço do nosso produto, hoje recebemos um valor muito maior devido o poder de negociação que temos em grupo”, declara a cooperada da Comprojá que foi a primeira presidente da cooperativa. Ela também conta que em muitos momentos a mulher ainda é subestimada quando ocupa um cargo de liderança.
Também no interior do Estado, em Naviraí, a Copasul sempre estimulou ações que envolvessem as cooperadas e mulheres de cooperados. Um deles foi o Programa de Desenvolvimento da Liderança Feminina, PDLF.
O curso, que teve início em 2014 e encerramento no final de 2015, com cooperadas ou esposas de cooperados, desenvolveu diversas habilidades e propôs um desafio a cada participante: executar um projeto que beneficiasse a comunidade. Os grupos arregaçaram as mangas em ações que foram muito além do esperado, englobando o meio ambiente, esporte, educação e cultura.
Cássia Hakamada, cooperada e esposa do vice-presidente da cooperativa Yoshihiro Hakamada, disse que ao longo dos anos as mulheres estão cada vez mais ativas na cooperativa e abertas a novos projetos que podem beneficiar tanto os negócios como a sociedade.
A superintendência do Sistema OCB/MS é ocupada por uma mulher, que há 30 anos dedica sua vida ao cooperativismo. Dalva Garcia Caramalac está na instituição desde 1985 e conta que logo se identificou com a doutrina e os princípios universais do cooperativismo que era um contraponto ao enfraquecimento de valores como a democracia, a solidariedade, o bem estar coletivo.
“A participação das mulheres no cooperativismo tem avançado bastante no Brasil e no mundo. Quando comecei no cooperativismo eu era a única mulher em cargo de direção num universo de 27 estados. No MS esse processo tem sido bem mais lento, por ser um estado com uma cultura ainda muito conservadora. Mas eu conquistei o meu espaço sem nenhum obstáculo pelo fato de ser mulher, pelo contrário sempre tive o apoio e o reconhecimento do meu trabalho. Talvez porque sempre tive propósitos claros e coragem e determinação para fazer as mudanças necessárias para transformar a OCB/MS num modelo bem sucedido, que atendesse às necessidades e expectativas de suas filiadas. O que facilitou a minha trajetória foi ter valores e propósitos convergentes com os do cooperativismo, então aqui me encontrei e tem sido muito gratificante trabalhar nesse sistema e isso me permite afirmar com absoluta convicção que, muito mais que uma solução econômica, o cooperativismo é uma realizadora opção de vida”, declara Dalva. (Fonte: Assimp Sistema OCB/MS)