Pedágio é problema no Paraná, avaliam cooperativistas

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As altas taxas de pedágio cobradas pelas concessionárias que operam nas estradas paranaenses aumentam os custos para o setor produtivo, comprometem a competitividade do País e não estão sendo revertidas nas melhorias previstas nos contratos.

 
Essa é a opinião de presidentes de cooperativas agropecuárias do Paraná que também são diretores do Sistema Ocepar. Eles estiveram reunidos na manhã desta segunda-feira (12/08) na sede do Sistema Ocepar, em Curitiba (PR) e, também, são contra a renovação dos contratos.
 
Em 1997, seis concessionárias venceram a licitação feita no Paraná para a exploração de 2,5 mil km de rodovias. Os contratos começaram a vigorar em 2008, quando ocorreu o início da cobrança do pedágio, e vencem em 2022, ou seja, daqui a nove anos. Entre 1998 e 2012, as concessionárias arrecadaram R$ 10,5 bilhões com a cobrança do pedágio. De acordo com levantamento feito pela Ocepar, o pedágio causa um impacto de 20% a 30% no preço do frete.
 
Falta de contrapartida - O presidente da Confepar Agro-Industrial Cooperativa, Renato José Beleze, diz que o custo elevado do pedágio do Paraná encarece a produção agropecuária e não traz benefícios ao setor produtivo. “Em alguns trechos, as concessionárias pegaram um asfalto que já estava pronto e estão cobrando pedágio, sem oferecer uma contrapartida, ou seja, sem benefícios para a sociedade em termos de construção de novas pistas. Então, isto acaba encarecendo o nosso produto”, avalia.
 
Por este motivo, ele se coloca contra a renovação dos contratos do Estado com as concessionárias. “Não pode haver renovação, afinal, passaram-se todos esses anos e as obras necessárias não foram feitas. Portanto, tem que abrir espaço para novas empresas e ver quem tem condições de, primeiramente, duplicar os trechos que são emergenciais”, disse.
 
Em sua opinião, projetos como a duplicação do Anel de Integração, bem como do trecho Londrina/Ponta Grossa, além da construção de desvios visando tirar o fluxo intenso e pesado de veículos de dentro das cidades, são obras que precisam ser executadas com urgência no Paraná.
 
Diferenciação - “O pedágio representa um custo muito alto no transporte da produção. Cada aumento da tarifa do pedágio reflete no custo de transporte e, consequentemente, tira a lucratividade do nosso produtor”, afirmou o presidente da Cooperativa Copagril, Ricardo Chapla. Ele acredita que o setor agropecuário poderia ter uma tarifa diferenciada pela quantidade transportada por meio das rodovias.
 
“Deveria ser discutida uma tarifação diferenciada em relação ao outros produtos, especialmente para os cereais e outros produtos alimentício porque, no final, esse custo tem grande repercussão em toda a cadeia produtiva”, acrescentou. Em relação aos contratos com as concessionárias, Chapla acredita que os que estão em vigor devem, primeiramente, ser encerrados.
 
“Não faltam tantos anos para o encerramento dos atuais contratos e talvez o ideal seria não renova-los e, sim, esperar que eles cheguem ao final do prazo. Após isso, fazer um planejamento onde a negociação com as futuras concessionárias seja bem mais favorável para todos e que as obras necessárias sejam realmente realizadas”, acrescentou. “A duplicação das principais rodovias que cortam o Paraná é algo muito necessário e urgente. Se nós compararmos com outros países no mundo, nós estamos muito atrasados nesse aspecto”, completou.
 
Apagão logístico - Para o presidente da Cooperativa Batavo, Renato Greindanus, é necessária uma profunda avaliação sobre a situação dos atuais contratos, quais são os serviços inclusos e as obras previstas, para que se possa entender de fato o que foi tratado com as concessionárias.
 
“Você tem que saber em que terreno está pisado em relação a isso para que se possa dar continuidade a uma eventual negociação. Em termos de uma ampliação dos contratos de concessão, acho que deve ser analisada de forma extremamente criteriosa e, primeiramente, entender de fato o que está acontecendo”, afirmou.
 
“A gente percebe que este apagão logístico acontece em todas as áreas e o sistema de transporte, por meio de rodovias, vive esse mesmo problema, com aumento muito grande do tráfego de veículos. Com isso, as concessionárias aumentaram em muito o seu faturamento e o serviço que hoje elas prestam, cobrando esse pedágio, não está sendo de alguma forma colocado à disposição da população, com novos investimentos nos trechos dados para elas explorarem”, acrescentou. “Isso aumenta o nosso custo de produção porque, afinal de contas, toda a produção acaba sendo escoada via rodovia. Logicamente que não é só devido ao pedágio, mas ele influencia muito no custo de transporte”, disse.
 
Cooperado - O presidente da Cooperativa Integrada, Carlos Murate, lembra que o preço alto do pedágio do Paraná impacta não apenas no custo de produção das cooperativas agroindustriais, mas também na ponta, ou seja, no cooperado. “A cooperativa é uma prestadora de serviço, então, o valor do pedágio vai impactar diretamente no custo de produção dos nossos cooperados”, explica. Segundo ele, quando os Estados foram autorizados a promover a concessão das estradas, esperava-se que haveria uma melhora significativa na infraestrutura das rodovias, o que acabou não se concretizando.
 
“A Cooperativa Integrada é de Londrina e para que seus produtos cheguem ao Porto de Paranaguá é preciso passar por várias praças de pedágio.  Mas também é preciso enfrentar várias rodovias perigosas, cheias de curvas, o que mostra que até hoje nada aconteceu em termos de melhoria. Gostaríamos de saber para que fim, ou seja, aonde foi parar os recursos que foram cobrados de todos nós produtores em todos esses anos de pedágio? É bastante decepcionante. A realidade é que as rodovias não melhoraram, não foram duplicadas, e continuamos pagando um valor absurdo de tarifa”, ressalta Murate.
 
Herança– O presidente da Coamo, José Aroldo Gallassini, também concorda com a ideia de que a população paranaense hoje paga caro por um serviço que deixa a desejar. “O projeto inicial previa duplicações e obras de infraestrutura, inclusive, nas entradas das cidades. Mas houve um período conturbado no governo anterior, com muitas ações contra o pedágio e, por conta disso, atrasou o cronograma das obras. Hoje estamos pagando caro por um serviço que não traz benefícios, com exceção de pequenas obras. Os grandes projetos não saíram do papel. A via que liga Campo Mourão e Maringá, por exemplo, era para estar pronta em 2008. Já estamos em 2013, e nada foi feito. Isto preocupa, porque o dinheiro foi arrecadado”, comenta.
 
Custo elevado – Enquanto isso, resta arcar com os custos do pedágio. No caso da Coamo, maior cooperativa agropecuária da América Latina, essa conta não sai barato. “Temos uma frota de 650 caminhões e carretas, e mais ou menos este mesmo número de carros pequenos. Por conta disso, pagamos em 2012, R$ 40 milhões em pedágio, somente com a nossa frota. No entanto, recebemos em nossos postos em torno de 6 milhões de toneladas em produtos, sendo que uma parte é transportada  por nós e outra por transportadora, que também paga pedágio.
 
Então, o custo do pedágio para transportar os produtos Coamo é muito elevado”, avalia Gallassini. Segundo ele, quando o serviço prestado é bom, a população não tem o que reclamar, mas no caso do pedágio do Paraná, deixou-se de cumprir a grande meta que era a duplicação das vias, principalmente do Anel de Integração. “Se isto acontecesse, teríamos um custo elevado, mas teríamos muitos benefícios. Estamos vendo uma movimentação do governo junto às concessionárias, no sentido de fazer uma nova negociação. Esperamos que de fato negociem e que os preços tenham uma redução naquilo que for possível”, afirma.
 
Solução - Na opinião do presidente da C.Vale, Alfredo Lang, há importantes obras que há anos vem sendo deixadas de ser realizadas nas rodovias paranaenses pelas empresas concessionárias, como resultado de renegociações feitas com o intuito de promover um desconto ou reduzir o aumento da tarifa. Para ele, esse quadro deve ser solucionado de forma efetiva. “Temos que encarar de uma vez por todas essa situação, melhorar realmente a qualidade das estradas e, dentro de uma análise do valor do pedágio, chegar a um reajuste justo e correto para ambos os lados, ou seja, para o setor produtivo e para a concessionária. O pedágio não deve ser utilizado como grande fonte de lucratividade. Sim, as empresas devem ganhar, e tem direito de ganhar, mas não fazer disso uma extorsão junto ao usuário”, afirmou.
 
Duplicação – “As obras de duplicação deveriam ser feitas em trechos críticos por onde há maior escoamento da produção e de trânsito, congestionamentos mais frequentes e que representam maio risco para os motoristas. A BR 277 é uma rodovia vital nesse sentido, por onde grande parte da nossa produção”, disse. “Nós temos que enfrentar esses problemas e não ficar mais postergando”, frisou. (Fonte: Ascom OCEPAR)
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