Pirataria na soja avança em Goiás e preocupa Coodetec
A Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola (Coodetec) de Rio Verde vai repetir na safra 2006/2007 o volume de sementes certificadas de soja vendidas na safra anterior: 300 mil sacas. O motivo, que já preocupa a gerência da cooperativa, é o aumento do volume do comércio de semente pirata nas regiões produtoras de Goiás. “O produtor está se iludindo optando em economizar centavos num produto que nunca lhe dará a mesma produtividade”, disse Gaspar José Zawadzki, supervisor regional de vendas da Coodetec Rio Verde, informando que a diferença média de preço entre a semente certificada e pirata está em torno de 50 centavos por quilo.
A Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem) estima que o Brasil perde cerca de 40% de sua produção agrícola em função de doenças provocadas pelo uso de sementes ilegais. Ainda segundo dados da Abrasem, o país produz cerca de 1,8 milhão de toneladas de sementes por ano, número que vem ficando cada vez mais longe de ser utilizado.
O supervisor da Coodetec não sabe precisar as perdas da cooperativa com a pirataria, mas estima “por baixo” que cerca de 30 mil hectares só na cultura de soja deixe de receber sementes do selo Coodetec na safra que se inicia em outubro. “Isso não inclui nossos concorrentes no negócio, o que eleva muito esse índice e preocupa a todos”, complementou Zawadzki informando que as sementes da cooperativa que mais sofrem a concorrência desleal do sementeiro ilegal são as cultivares de soja do tipo CD 219 RR, CD 217, CD 211. “A soja e o trigo são as cultivares mais exploradas pelo mercado negro, mas a de algodão não fica muito atrás”, teoriza.
O tempo médio de pesquisa para se desenvolver uma cultivar é de oito anos, informa Gaspar Zawadzki. Estudos da Abrasem mostram que a produtividade média cai cerca de 32% com a utilização de sementes piratas. No Mato Grosso e Paraná, por exemplo, com 90% de sementes certificadas, a produtividade alcança de 2,8 mil a 3,2 mil quilos por hectare, em média, dependendo da região.
"O Rio Grande do Sul, que usa cerca de 95% das sementes piratas, tem produtividade entre 1,7 mil e 2,1 mil quilos por hectare", afirmou Ywao Miyamoto, presidente da Abrasem. “Há que se considerar ainda que o sementeiro informal não investe em tecnologia, não paga imposto e não tem garantia nenhuma de padrão de germinação das plantas”, completou o supervisor da Coodetec dizendo que só o aumento da fiscalização dos órgãos públicos pode inibir o avanço das sementes piratas na lavoura. (Fonte:OCB-GO)
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