Plano anunciado atende algumas reivindicações do setor, diz Koslovski
O Plano Nacional de Trigo contemplou reivindicações importantes do setor produtivo, principalmente, nas questões do preço mínimo, que estava sem reajuste há cinco safras, e dos limites de crédito por produtor. Esta é a avaliação feita pelo presidente do Sistema Ocepar, João Paulo Koslovski, sobre as medidas de apoio à triticultura para a safra 2008/09 anunciadas ontem, pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes.
"As medidas são positivas e conferem mais segurança aos produtores. São ações necessárias para incentivar a produção interna de trigo e diminuir a dependência do país às importações", analisa.
Medidas anunciadas - Entre as medidas do Governo destacam-se o reajuste de 20% no preço mínimo do trigo para a safra 2008/2009; a ampliação do limite de financiamento para custeio das lavouras de trigo de sequeiro, para R$ 400 mil por produtor, um reajuste de 33%; e a possibilidade de contratação de Empréstimo do Governo Federal (EGF) durante todo o ano, e não apenas no período de safra. As três medidas foram aprovadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) esta semana, no dia 14. Estão previstas ainda a criação de uma Linha Especial de Crédito (LEC) para comercialização com taxas de juros de 6,75% ao ano e a garantia de R$ 1,2 bilhão do crédito rural.
O que faltou - De acordo com Koslovski, apesar dos pontos favoráveis, como a disponibilidade de R$ 1,2 bilhão em recursos, o volume mais alto da história, medidas importantes ficaram de fora do Plano. "A tarifa compensatória sobre a farinha argentina, o tratamento interestadual uniformizado do ICMS e o fim do monopólio no transporte de cabotagem são questões que ainda precisam ser equacionadas", conclui.
Aumento da produção - O objetivo do Governo é, a partir das medidas anunciadas, aumentar em 25% a produção de trigo da safra 2008/2009. Este crescimento vai garantir uma produção de 4,75 milhões de toneladas, o que corresponde a 47% da demanda brasileira. A estimativa de aumento da produção de trigo tem como base a produtividade da safra atual, de 2,1 mil quilos por hectare.
Problema conjuntural - A produção acumulada de trigo no Brasil, entre 2000 e 2007, atingiu 29,2 milhões de toneladas, suficientes para cobrir 36% da demanda nacional pelo cereal que foi de 81,6 milhões de toneladas. Para complementar o abastecimento, foram importadas 52,4 milhões de toneladas, com custo de US$ 7,8 bilhões. Na safra 2006/2007, a produção brasileira de trigo foi de 3,2 milhões de toneladas e o consumo nacional, de 10,3 milhões de toneladas, ou seja, tivemos que importar 6,5 milhões de toneladas do cereal. Fatores externos também deixaram a conjuntura desfavorável, a partir do segundo semestre de 2007, como resultado da redução dos estoques mundiais, houve forte alta de preços da commodity, impulsionada pela quebra de safra de países produtores importantes e pelo aumento do consumo no mundo. Na Europa, houve uma redução de 5 milhões de toneladas na produção e uma queda de 2 milhões de toneladas nos estoques.
Déficit mundial - Entre as safras 1999/2000 e 2006/2007, o déficit mundial na relação produção/consumo foi da ordem de 63 milhões de toneladas de trigo, cerca de 10% da média anual da produção mundial no período. Aliado a isso, o custo de produção do trigo aumentou consideravelmente. Desde o segundo semestre de 2006, os preços dos insumos no mercado interno subiram entre 18% e 34%. Essa alta reflete a situação do mercado internacional que registrou a desvalorização mundial do dólar e forte aumento no consumo, principalmente de fertilizantes, nos países produtores. (Ocepar com informações Mapa)