Plano estratégico do CECO é prioridade
Brasília (26/4/18) – O presidente da SicrediPar e da Central Sicredi PR/SP/RJ, Manfred Alfonso Dasenbrock, assumiu, nesta quarta-feira (25), o cargo de coordenador nacional do Conselho Consultivo do Ramo Crédito (CECO), no âmbito da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). A posse no cargo ocorreu durante a reunião plenária da Conselho, em Brasília. (Saiba como foi)
Dasenbrock estará à frente do CECO pelos próximos dois anos. Segundo ele, o foco de seu mandato estará, dentre outras vertentes, nas ações do Planejamento Estratégico 2018 – 2022, construído por todos os sistemas de crédito cooperativo do país. Para ele, um dos gargalos do segmento diz respeito ao Poder Legislativo.
“É preciso buscar maior acesso das cooperativas aos fundos constitucionais de financiamento (FCO, FNO e FNE), com vista a pulverização dos recursos e disponibilização aos pequenos produtores rurais e microempreendedores”, comenta.
GESTÃO 2018-2020
Com a posse de Manfred, a coordenação do CECO pelos próximos dois anos terá a seguinte composição:
- Manfred Alfonso Dasenbrock (Sicredi) – coordenador
- Henrique Vilares (Sicoob) – vice coordenador
- Moacir Krambeck (Confebras) – 1º secretário
- Paulo Barcellos (Unicred) – 2º secretário
ENTREVISTA
Quais devem ser as prioridades do seu mandato?
Atualmente são mais de mil cooperativas singulares, cerca de nove milhões de associados cinco mil pontos de atendimento no Brasil. A participação do cooperativismo de crédito no Patrimônio de Referência do Sistema Financeiro Nacional é de 3,9%, segundo o Banco Central.
Todos esses números são resultado de muito trabalho e têm grande relevância, mas ainda existe muito espaço para crescermos, principalmente quando olhamos para exemplos de países como Alemanha, França e Estados Unidos, entre diversos outros.
As prioridades serão a intercooperação no cooperativismo de crédito, a efetividade do Acordo de Cooperação Técnica entre Banco Central do Brasil e OCB, e as ações do Planejamento Estratégico 2018 – 2022, sendo este o maior desafio, já que trata da execução das ações planejadas e força da cooperação e colaboração dos sistemas que integram o movimento.
Considerando a sua expertise no cooperativismo de crédito, quais os principais gargalos/necessidades do SNCC, atualmente?
Na última década tivemos ótimos avanços no arcabouço regulatório considerado atualmente um dos mais modernos do mundo. Essa é uma conquista muito relevante, que norteia todos os passos e ações visando o futuro. Sob a ótica legislativa, é preciso buscar maior acesso das cooperativas aos fundos constitucionais de financiamento (FCO, FNO e FNE), com vista a maior pulverização dos recursos e disponibilização aos pequenos produtores rurais e microempreendedores. Também avaliamos como meta importante manter uma agenda constante e aberta com os órgãos apoiadores como Banco Central e entidades afins.
Como o SNCC pode garantir mais inclusão e educação financeira ao brasileiro?
Formas efetivas de promover a educação financeira é desenvolver e apoiar, por meio de sua capilaridade, projetos que entrem em contato direto com as pessoas. Os sistemas cooperativos de crédito já desenvolvem iniciativas importantes por meio de organizações específicas como fundações e institutos e queremos que esse trabalho seja constantemente aprimorado e expandido.
Exemplificando, uma das iniciativas que promove a inclusão e a educação financeira no Brasil é a Semana Nacional de Educação Financeira, uma iniciativa do Comitê Nacional de Educação Financeira (CONEF) com o intuito de promover a Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF).
As cooperativas de crédito filiadas ao Sicredi, por exemplo, apoiam fortemente a Semana ENEF. Só no ano passado, em todas as regiões do Brasil, foram desenvolvidas mais de 550 ações dentro da programação da semana. Foram palestras, cursos (presenciais e a distância), oficinas, feiras e até peças de teatro para estimular a conscientização sobre hábitos de consumo e divulgar oportunidades de organização das finanças pessoais.
O sucesso foi tanto que o Sicredi ampliou o calendário das suas ações em 2017 até o final de maio e registrou cerca de 700 atividades no total. Para 2018, as cooperativas já estão fortemente engajadas em repetir a forte participação dos anos anteriores.
Considerando os dados do Banco Central, a idade média de um associado a cooperativas de crédito é 45 anos. Como atrair a atenção dos jovens?
Para atrair a atenção dos jovens, é preciso, antes de mais nada, conhecer o perfil desse público bem como compreender as suas necessidades. Na verdade, o cooperativismo de crédito, mesmo tendo sido criado há dois séculos, tem muita conexão com valores praticados pelos jovens atualmente, como a colaboração mútua, o interesse pelo meio no qual está inserido e sustentabilidade. Acredito que o grande desafio é transmitir de forma clara e simples para o público jovem o que é o cooperativismo de crédito.
Levando em conta que as gerações mais jovens estão cada vez mais conectadas e vivem uma rotina dinâmica em que, muitas vezes, o maior meio de interação é o smartphone, acredito que a tecnologia é um importante fator nesse caminho de aproximação. As cooperativas de crédito estão atentas a isso e têm investido em tecnologia.
O Sicredi, por exemplo, está lançando neste ano o Woop Sicredi, uma plataforma digital que tem como foco oferecer soluções financeiras digitais por meio do autosserviço garantindo, assim, conveniência, praticidade e agilidade aos usuários que querem e/ou precisam cuidar das suas finanças. Essa solução moderna promete atender pessoas que buscam gerenciar a vida financeira de maneira fácil, prática, ágil e cooperativa. Vale ressaltar que os demais sistemas investem fortemente e agregam nesse movimento.
O que dizer àquele que ainda desconhece as vantagens de fazer parte de uma cooperativa de crédito?
Ao contrário das instituições bancárias convencionais, as cooperativas de crédito estabelecem um contato mais próximo com os seus associados e, dessa forma, conseguem entender melhor as necessidades e disponibilizar os produtos e serviços adequados, de acordo com a realidade e o perfil de cada um. Ao mesmo tempo em que os objetivos e necessidades comuns dos associados são alcançados, a comunidade também é beneficiada com o desenvolvimento local, promovido pela geração de valor econômico, social e ambiental.
Além disso, pela própria natureza do cooperativismo de crédito, os “donos” de cada cooperativa são os próprios associados, e não os investidores. As tomadas de decisões, assim como a distribuição dos resultados, são feitas de forma democrática e igualitária, sem levar em consideração capital, mas sim o quanto cada associado gera de receita para a cooperativa a partir da utilização de produtos e serviços.