Produção de trigo é tema de audiência pública na Câmara
O presidente do Sistema Ocepar e membro da Diretoria da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), João Paulo Koslovski, participou, na tarde da última quarta-feira (5/12), de uma audiência pública na Câmara dos Deputados sobre as políticas agrícolas do Brasil dentro do Mercosul, em especial em relação ao trigo. Koslovski concordou com os demais debatedores quanto à concorrência desleal que o produto nacional sofre em relação ao cereal vindo da Argentina, que entra no Brasil com preço bem abaixo ao do mercado.
Potencial - Atualmente, a produção brasileira de trigo não é suficiente para cobrir a demanda no País, que é de mais de 10 milhões de toneladas. No entanto, o presidente da Ocepar ressaltou que o Brasil tem potencial para produzir mais trigo, mas falta política pública para o setor. Neste ano, informou o presidente da Ocepar, a área cultivada do produto foi de 1,88 milhão de hectares, “quando o potencial é de 5 milhões de hectares”. Já a estimativa da produção é de 5,2 milhões de toneladas para um potencial de 14 milhões. Segundo Koslovski, com uma política consistente para o setor, a demanda interna seria suprida. “Por causa da falta de estímulo, a produção de trigo no Paraná caiu 30% nas duas últimas safras”, alertou.
Medidas necessárias - Ele destacou as medidas necessárias para aumentar a produção nacional de trigo. Entre elas, vontade política para inserção do produto na pauta do agronegócio; interação entre todos os atores da cadeia do trigo; definição de política de comércio externo, especialmente no Mercosul; e políticas públicas claras para o cereal.
Resultados positivos - Ainda de acordo com ele, uma política consistente para o setor geraria resultados positivos. “Além de suprir 100% da demanda interna, isso poderia representar superávit de US$ 1,15 bilhão na balança comercial brasileira, que atualmente é de US$ 3,35 bilhões. Também geraríamos mais de 203 mil empregos no País”, ressaltou.
Audiência - A audiência pública foi promovida pelas comissões de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural; e de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, e requerida pelos deputados Eduardo Sciarra (PSD-PR), Luis Carlos Heinze (PP-RS), Moreira Mendes (PSD-RO) e Eleuses Paiva (PSD-SP). O presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Sérgio Silva do Amaral, também participou do debate, bem como os deputados federais paranaenses Luiz Nishimori, Luiz Carlos Setim e Nelson Padovani, além do gerente técnico e econômico da Ocepar, Flávio Turra.
Grupo de trabalho - Na tentativa de encontrar uma solução para o problema, Luis Carlos Heinze propôs a formação de um grupo de trabalho para debater o assunto com os ministérios da Agricultura, das Relações Exteriores e da Indústria e Comércio. O diretor de Assuntos Comerciais da Secretaria de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Benedito do Espírito Santo, afirmou que o ministério está à disposição para discutir as dificuldades do setor de trigo e buscar uma solução.
Setor produtivo - Por sua vez, Orlando Leite Ribeiro, chefe da Divisão de Agricultura e Produtos de Base do Ministério das Relações Exteriores, adiantou que a melhor solução para o problema seria investir no setor produtivo. Em sua avaliação, a imposição de medidas antidumping teria impacto indesejado para a indústria brasileira, que exporta outros produtos para a Argentina.
(Fonte: Sistema Ocepar, com informações Agência Câmara)