Protesto de agricultores cresce com participação de caminhoneiros
Protesto de agricultores cresce com participação de caminhoneiros
O “Grito do Ipiranga”, movimento dos produtores rurais surgido no município de Ipiranga do Norte (MT) contra o descaso do governo para a crise na agricultura, cresce a cada dia e começa a gerar problemas como falta de alimentos e de combustível para algumas cidades. Não só produtores do Centro-Oeste bloquearam estradas com tratores como forma de “gritar” para que o governo ouça e tome providências. Caminhoneiros também aderiram ao movimento de protesto. A manifestação já se expandiu para as regiões Sul, Sudeste e até Nordeste, onde ontem (11/05) ocorreu uma morte quando a polícia fazia cumprir ordem de desbloqueio.
A OCB e a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) enviaram documento à Casa Civil, alertando o governo federal sobre “o risco de instabilidade social no campo devido à crise do setor rural”. O presidente da Ocesp, Edivaldo Del Grande, um dos participantes da reunião em Brasília (DF) que definiu o conteúdo da carta, salienta que o movimento é perigoso porque não tem controle nem coordenação. “Os agricultores estão desesperados, não têm mais o que perder; não há liderança de nenhuma entidade ligada ao setor, é um movimento espontâneo que pode gerar conflitos com a polícia nas estradas”, explica Del Grande.
A situação caótica fica mais evidente com o posicionamento do prefeito de Ipiranga do Norte, Ilberto Effting, que prefere “gritar” para ser ouvido nas estradas do que trabalhar e, mesmo assim, “morrer” na lavoura. Entre as reivindicações dos produtores de Mato Grosso está uma trégua com os credores, sustentação dos preços mínimos de seus produtos e subsídio para o frete, onde é gasto o equivalente a 50% da produção.
Caminhoneiros – A crise no campo já tem “efeito cascata”: os caminhoneiros se uniram aos produtores e, dia 16, vão intensificar o movimento. “Daremos apoio integral às reivindicações dos produtores, pois sofremos diretamente as conseqüências da terrível crise pela qual passa a agricultura brasileira”, exclama Nélio Botelho, presidente da União Brasil Caminhoneiros. Botelho afirmou que o apoio dos transportadores já está garantido no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia e Rondônia. “Ainda estamos em negociações com outros estados, mas as adesões conquistadas já garantem um apoio nacional”, avalia.
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