RJ encerra novembro com live voltada à consciência negra

 

Rio de Janeiro (4/12/20) – “Diversidade Racial no Cooperativismo: comunicação e mercado de trabalho”. Este foi o tema da live promovida pelo Sistema OCB/RJ no último dia 30 de novembro, no encerramento do mês dedicado à Consciência Negra. Assista aqui na íntegra

A atividade abordou questões ligadas ao racismo e ao antirracismo e também procurou entender os conteúdos que perpassam a participação e a representação das pessoas negras nas cooperativas, especialmente quando possuem cargos de destaque e liderança.

Os convidados foram: Ivonete da Silva Lopes – jornalista, doutora em Comunicação e professora da Universidade Federal de Viçosa (UFV); Eliane dos Anjos – Cientista Social , doutora em Ciências Sociais e professora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB); Jorge Luiz – diretor administrativo da Unimed Nova Iguaçu; e Jéssica Cardoso – graduanda em Bacharelado em Cooperativismo pela UFV e estagiária do setor de Formação Profissional do SescoopRJ.

O presidente do Sistema OCB/RJ, Vinicius Mesquita, falou sobre racismo e diversidade racial. Segundo ele, grande parte da sociedade brasileira entende que não há preconceito de raça no Brasil porque compara os fatos com outros países.

“Nos Estados Unidos, por exemplo, durante a sua história, houve uma época em que tinha segregação racial, e muitos brasileiros usam este argumento para dizer que no Brasil não há racismo. É preciso entender esta conjuntura e separar os dois modelos. Quer entender de preconceito? Pergunta para quem sofre. Estas pessoas, sim, sentem isso no dia a dia”, disse Vinicius, que elogiou o tema da live:

“O cooperativismo não faz distinção de raça, gênero e religião. Somos um modelo apartidário. Está em nossa essência valorizar as pessoas e acho muito válido discutir e trazer este tema para as cooperativas”, avaliou.

Em seguida foi iniciada a parte do debate. A Dra. Ivonete Lopes apresentou a relevância da diversidade racial na formação nas Universidades, a importância da formação continuada e apresentou indicadores de que a sociedade brasileira tem pensamentos e atitudes racistas.

“Os negros estão na pior situação do país. A maioria compõe aqueles que estão abaixo da linha da pobreza. E quando o negro tem a mesma escolaridade que o branco, ganha cerca de 33% a menos, segundo dados do IBGE de 2019. O Brasil é um país desigual e as raças hierarquizam as ações. E as pessoas, assim como as instituições, têm a tendência de reproduzir práticas racistas. E para consertar isso, devemos educar e formar. Mas não somente a educação propriamente dita, porque tem muitas pessoas com doutorado e mestrado que continuam a ter a visão racista. A educação e a formação voltadas para a diversidade e à promoção da igualdade racial, com concepção humanística são o caminho para mudarmos estas atitudes”, explicou.

Para a Dra. Eliane dos Anjos, levar a discussão sobre diversidade racial às cooperativas é essencial. Ela afirma que este tema é ainda invisível no cooperativismo brasileiro.

“Já participei de diversos encontros com pesquisadores de cooperativismo do Brasil e em nenhum o tema diversidade racial foi pauta. Que esta iniciativa do Sescoop/RJ ganhe âmbitos nacionais e seja uma provocação a fim de que as pessoas possam refletir e contribuir para mudar este cenário”, torce.

Jéssica Cardoso falou da pesquisa que fez acerca da correlação entre os princípios cooperativistas e a promoção da diversidade racial nas ações de comunicação nas páginas do Facebook e nos Canais do Youtube dos sistemas de cooperativas de Crédito Sicoob, Sicredi e Cresol para saber o que estas instituições fazem para valorizar as pessoas negras. Segundo ela, “a diversidade racial deve ser tratada também como uma questão econômica, afinal, mais da metade da população brasileira é composta por pessoas negras”.

Antes do encerramento da live, o Dr. Jorge Luiz, que se formou em medicina pela Universidade Federal Fluminense (UFF) no ano de 1993, em uma turma com apenas três alunos negros, pediu mais reflexão e humanização para tratar do tema diversidade racial.

“É necessário dialogar e não apenas querer ser luz, mas também iluminar com atitudes e pensamentos. Parabenizo as professoras Ivonete e Eliane que fazem um trabalho muito importante de educar e formar cidadãos com essa consciência voltada para a pluralidade racial. É este o caminho para que os negros consigam o espaço que lhes são de direito”, prevê. (Fonte: Sistema OCB/RJ)

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