Sescoop promove I Seminário de Desenvolvimento Humano

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“O cooperativismo precisa ocupar, efetivamente, o seu espaço dentro da Promoção Social, desenvolvendo nosso maior capital: as pessoas. Assim, estamos colocando em prática um dos mais importantes princípios que norteiam nosso movimento: o interesse pela comunidade”. Com estas palavras, o presidente do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop), Márcio Lopes de Freitas, deu as boas vindas aos cerca de 160 participantes do I Seminário de Desenvolvimento Humano, organizado pela Gerência de Promoção Social da instituição. Reunindo representantes de cooperativas e técnicos das áreas de promoção social e desenvolvimento humano de 23 estados, o evento tem o objetivo de demonstrar a importância de o movimento cooperativista investir pessoas que integram o sistema. Afinal, o desenvolvimento humano colabora efetivamente com o desenvolvimento global.

“Nosso principal capital é o capital humano. Temos que criar mecanismos de valorar e mensurar os trabalhos que realizamos, levando em conta, sempre, a satisfação e a felicidade do nosso público”, completou Freitas.
 
Pilar do Cooperativismo
Ao longo do dia, os participantes do Seminário assistiram a três palestras e dois paineis. O primeiro tema tratado foi “O desenvolvimento humano como pilar do cooperativismo”, conduzido pelo professor da Fundação Dom Cabral, Benedito Nunes. A palestra apresentou uma reflexão sobre temas como capitalismo, qualidade de vida, e as consequências econômicas, sociais e ambientais do processo de globalização.“O cooperativismo é importante não só para a sociedade, mas para a humanidade. Com sua proposta de distribuição de riquezas, o movimento se apresenta como um espaço educativo para mostrarmos às pessoas que podemos fazer o que quisermos com responsabilidade”, afirmou Nunes.
 
Em seguida, o superintendente do Sescoop em Minas Gerais (Sescoop-MG), William Bicalho, acompanhado da Coordenadora de Promoção Social da unidade estadual, Claudia Mello, fizeram uma apresentação sobre “Voluntariado Empresarial”. Na palestra, explicaram em detalhes o funcionamento do projeto “Dia C – Dia de Cooperar”, criado pelo Sistema Ocemg, que reúne cooperativas de todo o estado. Segundo Claudia, são realizados diversos tipos de ações – desde caminhadas saudáveis até construção de casas e hospitais –, com apoio e envolvimento de toda a comunidade. “Ao longo dos anos, conquistamos números impressionantes. Na primeira edição, realizada em 2009, contamos com a participação de 139 cooperativas. Em 2012, foram 217. O projeto iniciou sendo executado em 76 municípios. Hoje, atingimos 231 cidades mineiras. Passamos de 144 mil pessoas beneficiadas com as primeiras ações ao número de 270 mil, em apenas quatro anos”, citou a coordenadora. E resumiu: “O Dia C tem o poder de envolver e conquistar!”
 
Ainda sobre o “Dia C”, o presidente da cooperativa Sicoob Credialto, Nelson Melo, falou da experiência de sucesso obtida pela entidade com a realização do projeto “Recicla Eletro”. Tendo como foco a preocupação com a correta destinação do lixo eletrônico na região de atuação da cooperativa, o projeto de voluntariado recolheu  30 toneladas de material reciclável em 2012. No total, a ação contou com 2 mil voluntários, 37 empresas parceiras e 10 escolas municipais. “Jamais imaginamos o envolvimento e comprometimento de tantas pessoas. A ideia nasceu pequena e se tornou grande, transformando a comunidade e dando uma lição de que as cooperativas fazem a diferença. Nossa cooperativa passou, inclusive, a ter uma imagem mais simpática perante o público”, afirmou o presidente.
 
Qualidade de vida
O período da tarde seguiu com o painel “Qualidade de vida, segurança e saúde do trabalhador”, moderado pelo professor Benedito Nunes. A palestrante Ana Cristina Limongi-França, dirigente e fundadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gestão da Qualidade de Vida no Trabalho, abordou o tema “O que é qualidade de vida?”, apresentando conceitos como bem-estar, o papel do cidadão do terceiro milênio, trabalho sustentável e FIB (Felicidade Interna Bruta).
 
“Falar em trabalho sustentável é refletir sobre as nossas atitudes em relação ao resultado que esta atividade traz para nós e para a comunidade onde estamos inseridos”, contextualizou. Na opinião da professora, o ambiente cooperativista é “um ambiente inclusivo, de diversidade e metaqualidade, que gera qualidade de vida pela sua legitimidade”.  Na sequência, Geraldo Magela, representante nacional do ramo trabalho pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), destacou a realidade do movimento frente às exigências legais para segurança e saúde do trabalho. “As cooperativas, por sua natureza, já estão inseridas nesse contexto e precisam participar ainda mais ativamente de discussões sobre temas voltados à qualidade de vida das pessoas, das organizações e à sustentabilidade do planeta”, ponderou.
 
Casos de sucesso 
A preocupação com a qualidade de vida e o bem-estar dos cooperados, na prática, foi o assunto tratado no último painel do dia: “Casos de sucesso de cooperativas em Qualidade de Vida”, que trouxe as experiências da Coopermota (SP), Coocapec (SP), Credimota (SP) e Sicoob (BA), cooperativas dispostas a fazer a diferença em suas regiões, por meio de ações envolvendo empregados, cooperados e seus familiares e a população em geral.
 
Da Coopermota veio o exemplo de preocupação com acidente de trabalho. Fabiano Alcântara, que coordena o projeto na cooperativa, contou que tudo começou depois de um diagnóstico feito em parceria com a Unesp. “Os números de acidentes preocuparam e decidimos formar um comitê para promover um trabalho de conscientização sobre os cuidados com os acidentes, que em 2004 somavam 959 dias perdidos por problemas de saúde”. A mobilização deu tão certo que em 2010 esse número diminui para 202 dias. 

 
A  Coocapec, representada por Cristiane Olegário, apresentou projetos que envolvem crianças, jovens e mulheres. “Para crianças, colocamos a sementinha do cooperativismo por meio de atividades lúdicas. Já para as mulheres, os assuntos são tratados com ações de integração; e para a população em geral as atividades envolvem eventos culturais e palestras de conscientização sobre cooperativismo”, citou. As cooperativas de crédito Credimota e Sicoob Bahia também apresentaram exemplos de projetos que promovem uma qualidade de vida mais adequada ao meio de trabalho.
 
Balanço
Ao final do primeiro dia do evento, o superintendente do Sescoop, Luís Tadeu Prudente Santos, concluiu: "Hoje, apresentamos diversos exemplos de ações que começaram pequenas e posteriormente tornaram-se projetos grandiosos. Em comum, essas iniciativas têm o engajamento da comunidade. Esse é o principal motivo de realizarmos este Seminário. Esperamos, de alguma forma, motivar os participantes a replicarem as boas práticas em suas comunidades”.
 
O I Seminário de Desenvolvimento Humano do Sescoop continua ao longo de toda esta quinta-feira (6/12). Hoje, teremos painéis sobre gerenciamento de mudanças, cooperativas no mundo do trabalho e responsabilidade social.
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