Setor lácteo reclama freio
O setor lácteo nacional irá pressionar para que o governo federal negocie a imposição de cotas para aquisição de matéria-prima do Uruguai, após as importações terem fechado em 2012 com alta de 16% em relação ao ano retrasado. De forma inédita, o país ultra-passou a Argentina, cujas exportações estão limitadas a 3,6 mil toneladas ao mês, assumindo a liderança do ranking de maior volume embarcado por categoria para o Brasil. As quase 129 mil toneladas de leite em pó colaboraram para o incremento.
De acordo com o deputado Alceu Moreira, relator da Subcomissão do Leite da Câmara dos Deputados, a primeira medida de enfrenta-mento será aprovar, na Comissão de Agricultura da Câmara, no início de fevereiro, um requerimento para que os ministros envolvidos com o tema compareçam para dizer as pretensões para o ano, dentre eles Mendes Ri-beiro Filho, da Agricultura.
Para o coordenador da Câmara de Leite da Organização das cooperativas Brasileiras (OCB), Vicente Nogueira, o impacto do crescimento das importações nos últimos anos (veja o box) é negativo para a cadeia produtiva. Conforme dados do Conseleite/RS, apesar da alta no custo, o valor pago ao produtor pelo litro de leite deve ter alta de apenas R$ 0,06 na comparação entre a cotação de dezembro de 2011 e o valor projetado para o mês passado (R$ 0,7035). "É uma competição absolutamente desleal. Para 2013, todo o setor terá que buscar defender a produção nacional." Nogueira defende que a cota do país seja o equivalente a, no máximo, a metade do que está em vigor hoje para os argentinos, já que o Uruguai produz 2 bilhões de litros de leite e a Argentina, 11 bilhões.
O secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Rio Grande do Sul, Darlan Palharini, admite que a importação é a oportunidade para algumas tradings operarem com uma margem de lucro maior. "Temos que reduzir custos para fazer frente." No entanto, segundo ele, a entidade é favorável às cotas, pelo impacto social do ingresso da matéria-prima uruguaia. "Só no Estado são mais de 120 mil propriedades envolvidas e no Brasil, mais de 1 milhão, sendo que no Uruguai são apenas 11 mil."
Importação de leite em pó em 2012
■ Uruguai: 128.899.682 kg
■ Argentina: 123.445.754 kg
(Fonte: MDIC)