Setor lácteo suspeita de importação mascarada
Dois aspectos ajudam a suscitar a desconfiança levantada durante reunião da Câmara Setorial do Leite. Primeiro, a quantidade do produto exportado ao Brasil, que tem aumentando nos últimos dois anos. Segundo, o fato de o país não ser autossuficiente na produção de lácteos. A motivação para mascarar a real origem do produto estaria no fato de o Brasil ter um acordo com o Chile de tarifa zero na importação do leite em pó, como explica Darlan Palharini, secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios e Derivados do Estado (Sindilat-RS). "A suspeita é de que o leite poderia estar vindo de países como Nova Zelândia e os Estados Unidos, com excedente de produção", diz.
O presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Leite, Rodrigo Alvim, afirma que as suspeitas ainda não foram confirmadas e que o fechamento dos dados referentes às importações de outubro é aguardado para que se possa ter um panorama mais completo e, então, solicitar uma investigação dos ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e da Agricultura.
"É obrigação do governo levantar a origem dos produtos exportados pelo Chile, verificar se o país está importando leite, por exemplo", aponta Vicente Nogueira, coordenador da Câmara Temática do Leite da Organização das cooperativas Brasileiras (OCB).
Nogueira tem sido o negociador oficial do Brasil nas tentativas de renovação do acordo feito com a Argentina, que estipula uma cota máxima de 3,3 mil toneladas de exportação de leite em pó por mês. A questão é outra dor de cabeça para o setor, já que a dificuldade de manutenção do acordo está no fato de o país vizinho querer ampliar a quantia mensal para 4,4 mil toneladas/mês.
(Fonte: MDIC)