Sistema OCB e Cresol iniciam projeto de cooperação em Timor-Leste
O Sistema OCB e o Instituto Cresol realizam, nesta semana, missão internacional ao Timor-Leste para estabelecer cronograma de capacitações e intercâmbios técnicos para cooperados timorenses, em especial, nos segmentos da agricultura familiar e de acesso ao microcrédito. O intercâmbio de conhecimento é fruto de acordo de cooperação firmado com a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), órgão vinculado ao Itamaraty para o fomento da cooperação técnica prestada e recebida pelo Brasil.
Após a criação da Secretaria de Estado de Cooperativas do país, o governo do Timor-Leste solicitou apoio brasileiro para capacitar dirigentes das cooperativas dos setores agropecuário, financeiro, de turismo e de pesca. O pequeno país de língua portuguesa, que conquistou sua independência em 2002, tem pouco mais de 1,3 milhão de habitantes e conta com pelo menos 100 mil deles envolvidos diretamente com o cooperativismo.
“A ideia é focar, primeiro, no fortalecimento das cooperativas de crédito para que, depois, elas possam financiar outros segmentos, como as de produção e exportação de café orgânico, por exemplo, muito expressivas no país”, explicou o coordenador de Relações Internacionais do Sistema OCB, João Marcos Silva Martins. Ainda segundo ele, as visitas vão incluir as regiões menos desenvolvidas do Timor-Leste para garantir o crescimento econômico inclusivo e o desenvolvimento sustentável das comunidades. “Um dos aspectos de abordagem dessa parceria é o cumprimento dos Objetivos dos Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela Organização das Nações Unidas”, complementou.
Nesta segunda-feira (13), a comitiva brasileira foi recebida pelo embaixador do Brasil no país, Maurício Medeiros de Assis, pelo ministro da Economia, Joaquim Amaral, e pelo secretário de Estado de Cooperativas, Elizário Ferreira. Durante a semana, a agenda na capital Díli será extensa, com uma série de reuniões com autoridades do governo, dirigentes de cooperativas, cooperados e parceiros locais. A intenção é entender as necessidades mais urgentes para construir metodologia adequada para a transferência de conhecimentos aos cooperados e fortalecer o movimento no país, impulsionando o trabalho deles.
Parceria
Há cerca de dez anos o Sistema OCB, em parceria com a ABC, desenvolve ações para impulsionar o cooperativismo no mundo. A Argélia, Botsuana e Timor-Leste são os três países que contam com a ajuda do cooperativismo brasileiro nesse programa. Além disso, o Timor-Leste faz parte da Organização Cooperativista dos Países de Língua Portuguesa (OCPLP) e, por isso, já mantinha contato com o Brasil em outras iniciativas. O prestígio do movimento brasileiro é oriundo, principalmente, do reconhecimento das boas práticas em defesa do desenvolvimento socioeconômico com sustentabilidade e responsabilidade na gestão e governança.
Para ajudar nesta empreitada, o Instituto Cresol intega o programa com a transferência de conhecimento técnico, uma vez que já atua com intercâmbio em seis países da América Latina. De acordo com João Marcos Martins, essa é uma das formas que a cooperativa encontrou de devolver o que recebeu quando iniciou suas atividades. “A solidariedade é uma característica intrínseca do cooperativismo e a intercooperação funciona como uma roda. A Cresol nasceu em 1995 com a ajuda de uma cooperação internacional e hoje é o quarto maior sistema do Brasil em microcrédito. Então, é natural que agora ela contribua com outras iniciativas do movimento”.
Atualmente, o Instituto Cresol está presente em 16 estados da Federação e oferta cursos e treinamentos para educação financeira de forma gratuita. São mais de 26 mil alunos e 265 mil pessoas certificadas nos cursos de gestão de finanças, educação financeira, planejamento e outros.
Articulação
A capacidade de articulação brasileira para defender e fortalecer o modelo cooperativista em âmbito internacional se solidifica a cada ano. Isto porque há 33 anos o coop brasileiro abriu as portas para o mercado externo com a presença do cooperativista Roberto Rodrigues, como único presidente não-europeu da Aliança Cooperativa Internacional (ACI). Hoje, além da presença do presidente do Sistema OCB, Marcio Lopes de Freitas, no Conselho de Administração da ACI, o movimento brasileiro integra outros 12 órgãos internacionais relacionados à pauta cooperativista.
A Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) como membro-fundadora, e atual vice-presidente da Organização Cooperativista dos Países de Língua Portuguesa (OCPLP), tem realizado intercâmbio técnico e educacional com cooperativas de oito países de língua portuguesa: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Além disso, o Sistema OCB é parceiro de órgãos do Governo Federal em feiras e missões internacionais. Internamente, estimula e auxilia suas Organizações Estaduais e cooperativas a projetarem seus negócios e ganharem mais espaços nos mercado externo. Esta referência, traz ao país dirigentes de outras nações para conhecer melhor o modelo brasileiro de empreender de forma coletiva. Neste primeiro semestre, por exemplo, serão recebidos na Casa do Cooperativismo,em Brasília, representantes do coop do Senegal e do Paraguai.
A relevante participação do cooperativismo brasileiro na política externa do país é observada pelo presidente do Sistema OCB, Marcio Lopes de Freitas, como fundamental para se fazer cumprir os princípios universais do movimento. “A cooperação para o desenvolvimento mútuo traz valores imensuráveis. Estamos sempre dispostos a ajudar o governo brasileiro em iniciativas que contribuam para o desenvolvimento socioeconômico de todas as sociedades no mundo”.