Sistema Unimed estimula partos normais no Brasil
Brasília (15/4) – O número de cesarianas no Brasil tem preocupado o governo e as principais operadoras do sistema nacional de saúde, como o Sistema Unimed. Segundo dados do Ministério da Saúde 84,6% dos partos realizados no Brasil por planos de saúde são cesáreos. A porcentagem deste tipo de parto no Sistema Único de Saúde (SUS) é menor: 40%. No país, levando-se em conta tanto a rede pública quanto a privada, a cesariana representa 55,6% do total dos nascimentos. A recomendação da OMS é que somente 15% dos partos sejam realizados por cesariana, pois essa seria a porcentagem de situações reais de risco à mãe ou ao bebê se o parto for feito por via natural. A Unimed tem estimulado e difundido as vantagens do parto normal em suas unidades, é o que explica o coordenador do Centro de Inovação e Qualidade da Unimed Brasil, Paulo Borem.
Porque a Unimed tem estimulado os partos normais?
Paulo Borem – Por que é o certo a se fazer. Não existem evidências científicas que apoiem a prática atual de tantas cesarianas. No Sistema Unimed temos o compromisso de oferecer o melhor cuidado possível e que seja baseado em evidências científicas. É uma resposta à sociedade brasileira de que estamos atualizando o modo como cuidamos de nossos clientes, com base no recomendado pelas melhores práticas ao redor do mundo.
Quais os benefícios deste tipo de parto para a mãe e para o bebê?
Paulo Borem – A literatura mundial já provou que a mortalidade materna é três vezes menor no parto normal quando comparado à cesariana. É evidente que a cesariana pode salvar vidas e tem beneficiado muitas mães. Entretanto, quando utilizada abusivamente – como é o caso do Brasil – traz consequências sérias tanto a mães quanto a seus bebês.
Em se tratando dos recém-nascidos, o efeito negativo mais notável é o aumento da prematuridade. Quando eles são extraídos do útero materno por meio de uma cesariana eletiva antes da hora, desenvolvem, rotineiramente, o quadro de dificuldade respiratória e precisam ser levados à UTI Neo natal. Imagine o sofrimento de um bebê que, devendo estar em casa, perto de todos da família, permanece dentro de uma UTI, com tubos na boquinha, veias sendo puncionadas, longe do amor e afeto dos pais? É uma tragédia enorme que pode ser evitada. Nas Unimeds que iniciaram o projeto ocorreu uma redução de até 70% de utilização de UTI pelos bebês.
Qual a importância da atuação do Sistema OCB em apoio ao Sistema Unimed no que se refere à mudança do modelo de atenção ao parto, em cooperativas médicas?
Paulo Borem – O Sistema OCB tem contribuído enormemente, apoiando as Unimeds no redesenho do sistema de cuidados com a saúde. Sem exagero posso afirmar que sem este apoio não teríamos chegado tão longe. Com o estímulo da OCB, temos trazido o que há de melhor pelo mundo a fora, enriquecendo a nossa forma de atuação. A OCB tem contribuído também para capacitar o sistema da Unimed, promovendo melhorias contínuas no modelo de cuidado à saúde.
Qual sua opinião a respeito do projeto Parto Adequado da ANS?
Paulo Borem – É um presente às nossas gestantes, seus bebês e suas famílias. Precisamos dar um basta nas cesarianas realizadas sem indicação médica. E isso é urgente, pois muitos bebês estão sofrendo as consequências de um modelo de cuidado perverso. A ANS está absolutamente correta e apoiamos integralmente esta grande iniciativa.