Tembés constitui primeira cooperativa indígena do Estado
Para melhorar as práticas agropecuárias e lutar de maneira incisiva pelos direitos da terra e produção sustentável, os índios Tembés, da comunidade Iarapé I’wazú, localizada no alto rio Guamá, no município de Santa Luzia do Pará, formalizaram, no dia 26, a primeira cooperativa agropecuária indígena do Estado: a Cooperativa Indígena Amazon. O objetivo é qualificar a produção.
Segundo o Antropólogo Rudivaldo Souza, as aldeias indígenas ainda enfrentam diversos problemas decorrentes de invasões em seus territórios, além das ameaças que ferem profundamente suas dignidades. Para ele a constituição de cooperativas vai auxiliar os índios nas negociações junto ao governo federal.
Em uma área menor que um campo de futebol, com 300 metros quadrados, 680 índios sobreviveram nos últimos dois anos com recursos mínimos proveniente do extrativismo informal. Antônio Pastana, membro da aldeia e futuro presidente da Coop.Indi.Amazon, explica que a cooperativa é uma forma de profissionalizar o trabalho e melhorar o manejo dos recursos da reserva.
A Coop.Indi.Amazon implantará atividades voltadas para o aproveitamento racional dos recursos naturais amazônicos, como a piscicultura, apicultura, artesanato, recuperação de áreas alteradas – por meio da utilização de sistemas agroflorestais e manejo de plantais medicinais.
O presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras do Estado (OCB-PA), Ernandes Raiol, considera esse empreendimento um grande passo para o Estado do Pará, sobretudo em relação à organização social, econômica, institucional e produtiva. “Esse é um projeto piloto em que a OCB-PA espera promover o Estado em âmbito nacional. Estamos fazendo um levantamento para verificar se no Brasil já existe uma cooperativa indígena. Se não existir, podemos afirmar com orgulho que essa é a primeira e é paraense”, comenta Raiol.
Iarapé I’wazú - O nome Iarapé I’wazú significa “Igarapé da fruta madura” na língua Tupi-Guarani. Os Tembés sofrem com os efeitos da atuação irregular de madeireiros e fazendeiros há anos. A cooperativa é mais uma forma de organização social para colaborar com as reivindicações de direitos junto aos órgãos públicos e poderes locais, com a diferença de poder econômico.
“A partir do momento que uma comunidade ganha mais poder econômico, ela passa a se legitimar em outras esferas de poder e ganha mais forma política para conquistar novos direitos e cobrar os órgãos públicos”, explica o presidente da OCB-PA.
O Antropólogo afirma que o cooperativismo numa aldeia é de grande importância. “Esse é um tipo de organização que os indígenas poderão evoluir ainda mais e serem inseridos verdadeiramente no processo de globalização, tão propalada, garantindo melhores condições de vida para a comunidade indígena”.
Por meio da cooperativa, os produtores indígenas receberão ainda qualificação técnica de organização social, o que permitirá a gestão de projetos e o fortalecimento das organizações indígenas. Todos os projetos terão assistência técnica permanente e serão monitorados pela OCB-PA para garantir a sustentabilidade. (Fonte: OCB/PA)