Triticultores buscam garantia de renda em Brasília

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Documento com propostas para a política agrícola, elaborado pelo setor produtivo da região Sul, foi entregue ao ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wagner Rossi, nessa quarta-feira (15/12), em Brasília (DF). Para a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), os problemas com a produção e comercialização do trigo têm sido recorrentes e é necessário definir uma política para o setor.  “Temos que ter ações que viabilizem a continuidade do cultivo do trigo no território nacional” diz, Paulo César do Nascimento Júnior, analista da Gerência de Mercados da OCB, que acompanhou a reunião.
 
A audiência teve a participação de representantes dos produtores e cooperativas como a Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar),  Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), Ministério da Agricultura, Fecoagro (RS) e parlamentares.

Outro ponto que preocupa o setor produtivo, explicou Nascimento Júnior, é o aumento da produção e participação do Paraguai e Uruguai no mercado brasileiro, que, junto com a Argentina, contribui para depreciar o preço do trigo brasileiro, apesar de sua atual valorização internacional. Considerou que a importação do trigo argentino deve respeitar a sazonalidade de produção do trigo nacional e considerou a necessidade de se definir uma política para impedir o fluxo do produto argentino neste período.

A Ocepar, por sua vez, está preocupada com o futuro dos produtores paranaenses: “há uma expectativa de que ocorra uma diminuição de, no mínimo, 10% na área cultivada da próxima safra, devido aos problemas registrados anteriormente como a redução do preço mínimo anunciada pelo governo quando os produtores paranaenses já haviam plantado cerca de 90% da safra,” explicou o presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski. Segundo ele, a proposta de política para a triticultura nacional visa evitar a perigosa dependência da importação do produto que, persistindo, poderá prejudicar especialmente os consumidores dos derivados de trigo e colocar em risco a competitividade da produção de milho e de soja na safra de primavera/verão.

De acordo com dados da Ocepar, os estados do Sul são responsáveis por 90% da safra nacional de trigo. O Paraná é o maior produtor do País e colheu 3,2 milhões de toneladas em 2010, o que corresponde a quase 60% das 5,7 milhões de toneladas da produção nacional. O Brasil consome por ano 10,5 milhões de toneladas do cereal. Para cobrir a demanda, importa de países como Argentina, Uruguai, Paraguai, Estados Unidos e Canadá.
Na audiência com o ministro ficou definido que, na próxima segunda-feira (20/12), uma equipe técnica irá analisar detalhadamente o documento apresentado nesta quarta e encaminhar as discussões.

Entre as principais propostas destacam-se:
- Alocar recursos para Empréstimos do Governo Federal com opção de venda (EGF/Cov), resgatando este instrumento e garantindo ao produtor, nesta modalidade, o amparo de pelo menos 50% da produção anual;
- Criar um programa de seguro de preços, isento de IOF, atrelado ao seguro de produção;
- Implementar o programa de subvenção ao prêmio do seguro de preços;
- Nova classificação do trigo;
- Atribuir ao Mapa a coordenação do programa de validação das cultivares, de forma a assegurar aos produtores rurais a efetividade das características qualitativas informadas pelos obtentores de sementes de trigo;
 - Não permitir a importação de trigo e derivados durante os meses de comercialização do produto nacional, entre 01 de setembro a 31 de janeiro;
- Criar a contribuição e o fundo de pesquisa destinados às pesquisas pública, privada e de cooperativas, de interesse da triticultura nacional, com recursos oriundos da cobrança de 0,5% do valor do trigo importado.
 

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