Um brinde ao cooperativismo

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Foi uma noite de gala, com direito a aplausos, honras, gritos de comemoração e muitas personalidades. Ministros e senadores da República deixaram as formalidades de lado e se misturaram a cooperados e líderes de vários setores como parceiros que lutam pelas mesmas causas. O encontro ocorreu durante a oitava edição do Prêmio Cooperativa do Ano, quando 21 cooperativas brasileiras foram homenageadas por seus projetos. O evento, promovido pelo Sistema OCB e pela revista Globo Rural, foi festejado, excepcionalmente neste ano, com um motivo especial: o Ano Internacional das cooperativas, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU).

 

Na noite de 20 de novembro, os holofotes iluminaram a sede da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Comércio (CNTC), em Brasília (DF), onde foram apresentados projetos considerados modelo para o setor, em várias áreas de atuação. "Alguns são simples, mas muito bem aplicados e geridos. Eles são o segredo do sucesso de uma cooperativa, que é uma empresa, com algumas diferenças. Elas (as cooperativas) desenvolvem sistemas de muita aplicabilidade econômica e social, mas, às vezes, poucos conhecem essas estratégias. É importante mostrarmos essas ideias para todo mundo e homenagear aqueles que fazem dar certo", diz o presidente da OCB, Márcio Lopes de Freitas. Segundo ele, a diferença entre uma cooperativa, na qual todos são donos, clientes e investidores, e uma empresa privada, em que existe um, dois, ou um grupo de proprietários, também contribui para a obtenção de resultados positivos. "Como todos os cooperados são donos do negócio, todo e qualquer projeto desenvolvido em uma cooperativa tem como principal premissa a transparência e a união dos executores", diz. "Nada é feito sem que haja a concordância de todos os que participam."

 

As 21 vencedoras ganharam troféus e diplomas, e a primeira colocada em cada categoria recebeu dois pacotes de viagem para o berço do Cooperativismo brasileiro, a cidade de Nova Petrópolis (RS).

 

Freitas celebrou o Prêmio Cooperativa do Ano 2012 com entusiasmo. "Para nós, a instituição do Ano Internacional das cooperativas pela ONU foi especial. Há anos vínhamos buscando esse reconhecimento", afirma. "Foi o ex-presidente da OCB e ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues quem iniciou o processo de solicitação desse reconhecimento." Freitas acredita que o ano comemorativo, que teve até lançamento de uma moeda especial pelo Banco Central do Brasil, empolgou o setor. A OCB recebeu 212 inscrições de projetos, originados de 138 cooperativas Brasil afora, em sete categorias: atendimento, benefício, comunicação e difusão do cooperativismo, cooperativa cidadã, desenvolvimento sustentável, fidelização e inovação tecnológica. Oitenta dessas instituições receberam ainda o selo Projeto de Referência Estadual.

 

 

 

Para Roberto Rodrigues, agora o desafio é maior. "A meta é conquistar o Nobel da Paz para o cooperativismo", afirmou. "Precisamos da mobilização de todos vocês", convocou o ex-ministro, lembrando que 4 bilhões de pessoas no mundo estão ligadas ao movimento. "O cooperativismo é um promotor de igualdade social, de sustentabilidade e equidade, o que resulta na promoção da paz social entre as pessoas e os países", resumiu.

 

Freitas destacou que a instituição do Ano Internacional das cooperativas foi um presente e tanto para o setor, principalmente porque esse reconhecimento veio logo após a ocorrência de sucessivas crises econômicas que estremeceram vários segmentos em todo o mundo. "As cooperativas, por sua estrutura, foram fundamentais para que as sucessivas crises econômicas que abalaram alguns países não fizessem estragos maiores", alegou. "O Brasil foi um dos países que saíram fortalecidos desses períodos conturbados e, sobretudo, devemos isso à força do nosso movimento cooperativista."

 

Bruno Blecher, diretor de redação de Globo Rural, lembra que um dos setores que ganharam destaque neste ano foi o do cooperativismo de crédito, que movimentou 2% de todo o mercado financeiro nacional. Blecher também destacou a força do cooperativismo no agronegócio. A maioria das cooperativas do segmento, hoje, está investindo em verticalização e agregação de valor e vem se tornando cada vez mais competitiva nos mercados nacional e internacional. "Somente no Estado do Paraná, a movimentação do segmento triplicou nos últimos anos", diz.

 

Meio ambiente e o novo Código Florestal também foram temas que permearam o evento. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, uma das convidadas de honra, lançou um desafio às cooperativas agrícolas. "Eu quero aproveitar que estou aqui e propor um desafio a vocês, porque eu sei que posso confiar nesse setor", disse a ministra, durante a cerimônia. "Faço aqui um convite à Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) para se juntar a nós em um termo de cooperação na implantação do cadastro rural no país. A OCB é uma grande parceira e, por isso, peço a ela e a todos os cooperativistas que nos ajudem a proteger o Meio Ambiente", propôs Izabella Teixeira, que teve como resposta uma longa salva de palmas. "Temos uma chance excepcional de fazer um Brasil mais justo, forte e sustentável."

(Fonte: Globo Rural)

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