Brasileiro presidente da ACI-Américas diz que cooperativas podem reduzir desigualdades no continente
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Um cooperativista brasileiro lidera a representação regional da Aliança Cooperativa Internacional (ACI) nas Américas e tem a missão de fortalecer o cooperativismo no continente no momento em que a Organização das Nações Unidas (ONU) reconhece e valoriza o segmento como ferramenta para construção de um mundo melhor.
Ao longo de mais de 30 anos dedicados ao cooperativismo, José Alves de Souza Neto conheceu de perto o potencial de transformação das cooperativas e acredita que elas são um modelo de negócios capaz de promover a equidade, autonomia e justiça social em uma região com tantas desigualdades.
Com décadas de experiência no comando de uma das maiores centrais de cooperativas de saúde do país, a Uniodonto do Brasil, Dr. José Alves, como é conhecido, afirma estar pronto para conduzir a ACI-Américas no Ano Internacional das Cooperativas e aproveitar a oportunidade de 2025 para construir um legado cooperativista para as novas gerações.
“É fundamental aproveitarmos esse momento não apenas para realizar ações pontuais ao longo de 2025, mas para desencadear processos e projetos que tenham continuidade e impacto nos anos seguintes”, disse Alves em entrevista concedida ao Sistema OCB após participar, em Nova Delhi, na Índia, da Conferência Global da ACI. Confira a entrevista completa:
Sistema OCB: Como o senhor recebeu o desafio de liderar a ACI-Américas em um momento tão importante para o cooperativismo, às vésperas do Ano Internacional das Cooperativas?
Dr. José Alves: Recebi a missão de liderar a ACI-Américas com profundo senso de responsabilidade e entusiasmo. Estar à frente de uma organização tão representativa neste momento histórico é uma oportunidade única de potencializar o impacto do cooperativismo nas Américas e no mundo. O reconhecimento da ONU ressalta a relevância do nosso movimento para o desenvolvimento econômico e social, e estamos comprometidos em aproveitar essa oportunidade para fortalecer e promover iniciativas que evidenciem nosso impacto positivo nas comunidades.
Como líder da ACI-Américas, qual a expectativa do senhor para o Ano Internacional das Cooperativas? Como o segmento pode aproveitar a visibilidade desse reconhecimento global?
O Ano Internacional das Cooperativas é uma oportunidade única para aumentar a visibilidade do movimento em todo o mundo. Pretendemos destacar como as cooperativas constroem um mundo melhor, promovendo eventos, campanhas de conscientização e fortalecendo parcerias com governos e organizações internacionais.
No entanto, é fundamental que aproveitemos esse momento não apenas para realizar ações pontuais ao longo de 2025, mas para desencadear processos e projetos que tenham continuidade e impacto nos anos seguintes. Nosso objetivo é criar movimentos que fortaleçam o cooperativismo de forma duradoura, consolidando práticas, iniciativas e parcerias que permaneçam e continuem gerando benefícios para as comunidades e para a sociedade global.
Qual o papel do cooperativismo nas Américas, tendo em vista os indicadores econômicos e sociais do continente, e também a diversidade de realidades entre os países?
O cooperativismo nas Américas desempenha um papel crucial na promoção da inclusão social, geração de empregos e desenvolvimento sustentável. Embora rico em recursos e culturas, o continente apresenta profundas desigualdades sociais e de direitos, que demandam soluções inovadoras e inclusivas. Nesse contexto, as cooperativas se destacam por oferecer modelos que promovem equidade, autonomia e justiça social.
Além disso, é fundamental que a ACI-Américas se aproxime de organismos internacionais que possam potencializar nossas ações, reconhecendo nas cooperativas um parceiro estratégico que comprovadamente promove a distribuição de renda, justiça e inclusão social. Essa articulação não apenas amplia o impacto das iniciativas cooperativistas, mas também fortalece o movimento como uma força transformadora para enfrentar os desafios sociais e econômicos do continente. Nossa missão é fortalecer essas iniciativas por meio da intercooperação e do compartilhamento de boas práticas, contribuindo para a construção de sociedades mais justas e igualitárias.
Quais os principais desafios para o cooperativismo nas Américas e como a ACI pode apoiar entidades e cooperativas para ampliar o conhecimento sobre o coop e aumentar a adesão ao modelo de negócios cooperativista?
Os principais desafios para o cooperativismo nas Américas incluem o fortalecimento do alinhamento legal entre os países, a diversificação e modernização dos modelos de negócios cooperativos e a disseminação de boas práticas para ampliar a adoção do modelo cooperativista. A ACI-Américas atua como facilitadora, promovendo o diálogo e a intercooperação entre as cooperativas do continente.
Um aspecto fundamental é aproveitar os modelos de sucesso como exemplos para o desenvolvimento de outras cooperativas. Existem países com mais experiência em determinados ramos do cooperativismo, como o agropecuário, financeiro ou de saúde, que podem servir de referência para outros países menos desenvolvidos nesses setores. Vale destacar que o alinhamento legal entre os países é crucial para reduzir barreiras burocráticas, facilitar a intercooperação e criar um ambiente favorável para o crescimento do cooperativismo.
Quais são as prioridades e perspectivas de sua gestão à frente da ACI-Américas?
Minha gestão à frente da ACI-Américas tem como prioridade o fortalecimento institucional do movimento cooperativista, criando uma base sólida para que as cooperativas possam se desenvolver e prosperar. Isso inclui fomentar a intercooperação entre cooperativas de diferentes países, harmonizar marcos legais e promover uma governança mais eficiente e inclusiva.
O fortalecimento institucional passa também por assegurar que as cooperativas sejam reconhecidas como atores-chave nos debates econômicos e sociais, tanto no nível local quanto no internacional. Precisamos ampliar nossa capacidade de articulação com governos, organismos internacionais e outros parceiros estratégicos, destacando o papel das cooperativas como motores de desenvolvimento sustentável e inclusão social. Outro ponto essencial é apoiar as cooperativas na adoção de modelos de negócios inovadores e sustentáveis, garantindo que possam enfrentar os desafios do futuro com competitividade e resiliência.
Que mensagem o senhor gostaria de transmitir aos cooperativistas do Brasil e do continente?
Aos cooperativistas do Brasil e das Américas, reforço que o cooperativismo é mais do que um modelo de negócios – é um movimento de transformação social. Unidos pelos nossos valores e princípios, temos a força necessária para construir um futuro mais justo, sustentável e inclusivo. Juntos, podemos superar os desafios e aproveitar as oportunidades que se apresentam, deixando um legado de impacto positivo para as próximas gerações.
Agenda da ACI-Américas para o Ano Internacional das Cooperativas A ACI-Américas estruturou uma agenda estratégica de eventos para 2025, com foco em quatro áreas temáticas de grande relevância para o desenvolvimento sustentável e a promoção do modelo cooperativista: Produtividade e Desenvolvimento Local e Territorial Data: 12 e 13 de maio de 2025 Local: Chile Economia do Cuidado Data: 8 e 9 de julho Local: Panamá Finanças Cooperativas para o Desenvolvimento Sustentável Data: 27 e 28 de agosto Local: México Educação e Cooperativismo Data: 9 e 10 de outubro Local: Paraguai |