A força de uma marca

Um é pouco, dois é bom e três — pelo menos no cooperativismo — é ainda melhor. Essa é a experiência da Unium, marca que nasceu da união de três cooperativas paranaenses: Frísia, Castrolanda e Capal. Reconhecidamente, um dos mais bem-sucedidos projetos de intercooperação do Brasil. 

A Unium nasceu oficialmente em 2017, para dar maior escala e competitividade a três cadeias produtivas das cooperativas envolvidas: carne suína, produtos lácteos e trigo. Mas a ideia de somar forças é ainda mais antiga, como recorda Auke Dijkstra Neto, gerente executivo de Estratégia e Inovação da Frísia, e responsável pela marca Unium.

Nosso processo de intercooperação começou em 2011, com a cadeia de lácteos. A lógica por trás [da decisão] surgiu de um princípio de quase concorrência entre as cooperativas. Cada uma tinha sua planta de beneficiamento de leite, sua marca de lácteos. A pergunta feita foi: ‘Por que vamos competir, se podemos cooperar e ir ao mercado com uma única marca?’”, diz. 

Após a cadeia de lácteos, as cooperativas se uniram na produção de trigo, em 2014, e de carne suína, em 2015. Finalmente, em 2017, elas decidiram lançar a marca guarda-chuva Unium, que representa a união das três organizações. 

Na avaliação de Neto, uma das principais vantagens de uma nova marca foi a otimização dos investimentos em marketing. Agora, em vez de disputar a atenção do público, as três cooperativas somam forças para dar maior visibilidade à marca Unium e ao portfólio comum (veja quadro).

“Hoje, podemos fazer ações conjuntas entre as indústrias, participação em feiras, campanhas de marketing. Esse é o principal objetivo da criação de uma marca institucional, baseada na  intercooperação”, afirma. 

COLHEITA

Os números da marca Unium são verdadeiramente impressionantes. São mais de R$ 7 bilhões em faturamento anual e R$ 800 milhões em investimentos, resultado dos esforços de 5 mil famílias de cooperados que trabalham com lácteos, suínos e trigo. 

Atualmente, o modelo de negócios da marca Unium se divide em duas etapas. “A parte da gestão dos cooperados, da porteira para dentro das propriedades rurais, é responsabilidade de cada cooperativa”, pontua Auke Dijkstra Neto. “A partir do momento em que o produto é entregue na plataforma da planta industrial, começa realmente a intercooperação. As indústrias são das três cooperativas e cada uma tem um percentual diferente em cada negócio. Assim, existe uma cooperativa majoritária para cada negócio.” 

Ainda segundo o gestor, a cooperativa majoritária de cada segmento faz a gestão daquela planta, do processo de industrialização, da logística e da venda do produto. O resultado é distribuído de acordo com o percentual de cada cooperativa naquele negócio. 

No modelo de intercooperação, conseguimos ser eficientes em relação aos custos, devido à escala que a gente consegue alcançar. Ela também faz com que a gente reduza muito os riscos da entrada em um novo concorrente no mercado, pois esse risco é dividido com outros parceiros”, afirma Auke Dijkstra Neto. 

O gerente executivo destaca que, hoje, a intercooperação para a industrialização e venda de produtos da marca Unium representa mais de 34% do faturamento das cooperativas envolvidas. “Isso mostra quão importantes são essas parcerias”, comenta.A eficiência gerada pela união dessas três gigantes do Paraná também permitiu à Unium se fazer presente não apenas no mercado nacional, mas no exterior. “O foco principal das vendas é o B2B [business to business, ou seja, venda para outras empresas]. A gente faz muita prestação de serviços, industrialização para outras marcas. E, quando se fala em carne suína, a gente também tem uma presença internacional. Com a unidade industrial de carnes, nós exportamos  para mais de 34 países, atualmente”, afirma o gerente executivo.

FUTURO

Em meio aos bons resultados, a Unium tem planos para o futuro. Alguns novos projetos já estão em andamento, como a construção de uma queijaria e de uma maltaria. Além disso, segundo Auke Dijkstra Neto, os objetivos são manter e ampliar a aposta na intercooperação. 

O futuro é continuar essa intercooperação, buscando cada vez mais a verticalização dos negócios e a agregação de valor para o produtor rural, para que o resultado possa ser distribuído para ele. Também queremos mais intercooperação com outros parceiros de negócios, mas também investindo em mais sinergia entre as cooperativas [que integram a Unium]”, explica o gerente executivo. 

Segundo Neto, a ideia é usar a intercooperação em outros processos, além da industrialização. “O objetivo é buscar cada vez mais processos que podem ser feitos de forma conjunta, para que a gente possa ser cada vez mais competitivo no mercado.” 


Esta matéria foi escrita por Renato Crozzatti e está publicada na Edição 42 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação


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