Divulgação em rede
Somos muitos. Somos mais de 15,5 milhões de cooperados no Brasil. E, hoje, nossas cerca de cinco mil cooperativas geram 427,5 mil empregos diretos no país, ajudando a movimentar a roda da economia. São números e impactos inquestionáveis, mas ainda assim temos muitos desafios pela frente. E ecoar esses resultados para a sociedade é um deles.
“Cooperativismo é algo sério, que traz resultado concretos para a vida das pessoas, como o desenvolvimento social. E é isso o que a gente precisa falar”, explica Daniela Lemke, gerente de comunicação do Sistema OCB. “Hoje, a gente percebe que ganha o coração das pessoas quando elas entendem o que é uma cooperativa e o bem que ela faz para seus cooperados”.
Os caminhos para potencializar a divulgação do cooperativismo no Brasil são constantemente debatidos, aqui, no Sistema OCB. E como bons cooperativistas, nós já começamos a desbravá-los. Confira:
CAMINHO 01 — PENSAMENTO DIGITAL
Somos todos testemunhas da maior revolução tecnológica já ocorrida na humanidade. Desde a abertura da internet ao público, em 1995, a forma como nos relacionamos com o mundo e com as outras pessoas mudou completamente. Quase 70% da população mundial está conectada à internet 24 horas por dia, sete dias por semana, por meio do celular. Pagamos nossas contas sem sair de casa e basta um toque na telinha do smartphone para resolver nossos problemas. Abrindo um aplicativo, conseguimos um carro para ir aonde quisermos. Clicando em outro quadradinho, a gente encontra resposta para qualquer pergunta.
As novas tecnologias da informação estão mudando a sociedade, a forma de comercializar produtos e a relação entre as organizações e os clientes. É uma transformação cultural, comportamental e tecnológica”, explicou Arthur Igreja, especialista em tecnologia e informação, durante um dos eventos realizados pelo Sistema OCB, antes da pandemia.
Justamente por isso, é essencial avaliar a forma como as cooperativas estão falando digitalmente os seus cooperados e clientes. “A pergunta que deve ser feita é simples: qual o grau de burocracia para as pessoas chegarem nos produtos e serviços de uma cooperativa”, argumentou Igreja. Segundo ele, para ganhar mercado na nova economia digital, é preciso entender o problema que as pessoas querem resolver e qual o caminho mais conveniente para fazer isso. “E pode ter certeza: as pessoas encontrarão a informação que precisam, com a sua ajuda ou apesar de você”, enfatiza.
De fato, os clientes da atualidade também não querem ser tratadas como os do passado. “Você não vai conseguir tocar as pessoas ‘bombardeando’ elas [de informações]. Todo mundo está impulsionando postagens. O usuário está recebendo isso de todo mundo. Ele quer se relacionar. Está todo mundo gritando na internet. Não é assim que você vai engajar as pessoas. Você vai engajar as pessoas com conteúdo de qualidade, capaz de agregar valor as suas vidas”, destacou.
Está todo mundo gritando na internet. Não é assim que você vai engajar as pessoas. Você vai engajar as pessoas com conteúdo de qualidade, capaz de agregar valor as suas vidas. Arthur Igreja, especialista em inovação e tecnologia
CAMINHO 2 — FOCO NAS PESSOAS
Em um mundo conectado em rede, tem mais chances de vencer quem percebe algo simples: na era da inovação digital, quem mandam são as pessoas. E elas querem ser ouvidas, levadas em consideração e, principalmente, querem ter seus desejos atendidos de forma rápida e eficiente.
“Para ganhar espaço, toda empresa ou cooperativa precisa se adaptar e colocar as pessoas — sejam elas clientes ou cooperados — em primeiro lugar”, analisou Arthur Igreja. Não dá para criar um produto ou vender um serviço sem antes ouvir a opinião de quem consome. A era do executivo brilhante, que tomava decisões sozinhos sem precisar sair do escritório, acabou. Quem não ouvir o que o cliente tem a dizer está fadado ao fracasso.
De acordo com o especialista em marketing, Romeo Busarello, é fundamental estar atento ao público e aos seus desejos. Mais que isso! É fundamental construir uma relação de proximidade com cada pessoa da nossa rede. Mas isso nem sempre é fácil.
“Acompanhar as mudanças trazidas pelas novas tecnologias da informação exige dedicação”, alerta Busarello. “Estudar e buscar conhecimento são fundamentais para qualquer profissional. É preciso ir atrás de educação. E não digo somente sobre MBA, pós-graduação ou doutorado, falo cada vez mais de cursos de uma semana ou 15 dias, participar de eventos e congressos com profissionais de mercado. O importante é fazer conexões e ter uma alma digital”.
O importante é fazer conexões e ter uma alma digital" Romeo Busarello, especialista em marketing
CAMINHO 3 — UNIR PARA CONQUISTAR
A Casa do Cooperativismo já deu o primeiro passo para aumentar o reconhecimento do cooperativismo em todo o Brasil. Em 2020, lançamos uma campanha nacional de divulgação do nosso movimento, que contou com a participação do ídolo Gustavo Kuertener. Além disso, lançamos, em 2017, o Movimento SomosCoop — criado para fortalecer a imagem do nosso modelo de negócios no Brasil e o orgulho de fazer parte de uma cooperativa. A iniciativa seguirá como a peça central da nossa divulgação nos próximos anos, já que vem trazendo ótimos resultados.
Estou há mais de 30 anos no cooperativismo e confesso que ainda não tinha visto um projeto tão diferenciado e capaz de dar uma projeção tão grande aos nossos produtos e às nossas cooperativas quanto o SomosCoop”, elogiou Samuel Zanello Filho, coordenador de comunicação do Sistema Ocepar, durante o Congresso Brasileiro do Cooperativismo, realizado em Brasília, há dois anos.
Na avaliação do jornalista, só é preciso ter um cuidado: o SomosCoop só tem significado se todos nós, cooperativistas, nos engajarmos. “Quanto mais pessoas e mais cooperativas aderirem ao SomosCoop, maior será a receptividade por parte do cidadão comum”, garante.
Justamente por isso a Ocepar abraçou o movimento SomosCoop desde o seu lançamento, estimulando as cooperativas do estado a utilizarem essa marca em seus produtos. “Precisamos educar o consumidor a dar preferência aos produtos das cooperativas, destacando que eles são mais sustentáveis e têm impacto direto na melhora de vida de toda a comunidade”, defendeu Zanello.
Tal percepção é endossada por uma pesquisa realizada com 1.023 consumidores do Paraná. O estudo, realizado em 2017, revelou que os entrevistados dariam prioridade aos produtos cooperativistas se tivessem conhecimento do impacto que causam na sociedade e na economia. Além disso, constatou que 96% dos entrevistados aprovam os produtos de cooperativas, destacando o bom preço e a qualidade dos mesmos. Outros 33% afirmaram que desconhecem quais produtos são de cooperativas.
Para deixar bem claro quais produtos têm DNA cooperativista, o Sistema COB lançou, ainda, o Carimbo SomosCoop, disponível para uso gratuito por qualquer cooperativa brasileira.
Precisamos educar o consumidor a dar preferência aos produtos das cooperativas, destacando que eles são mais sustentáveis e têm impacto direto na melhora de vida de toda a comunidade” Samuel Zanello Filho, coordenador de comunicação do Sistema Ocepar
CAMINHO 4 — FALAR UMA MESMA LÍNGUA
Um dos principais desafios da comunicação, nesse sentido, é alinhar o discurso institucional do cooperativismo. A forma de falar sobre o nosso movimento difere muito de Norte a Sul do país”, constata Daniela Lemke, gerente de comunicação do Sistema OCB.
Dispostos a reverter esse quadro, os comunicadores da Casa do Cooperativismo e das unidades estaduais do Sistema OCB estão produzindo um guia de discurso institucional sobre o cooperativismo.
Outra estratégia em andamento é a avaliação de qual formato de divulgação do cooperativismo traz maior impacto para o nosso movimento. “No momento, estamos seguindo esse caminho nas redes sociais com a técnica de storytelling [contação de história]. Afinal, contar histórias tem tudo a ver com o cooperativismo; e cooperativismo tem tudo a ver com pessoas. Outra aposta são vídeos curtinhos com um resumo jornalístico do que está acontecendo de mais importante no cooperativismo, o Minuto Coop.”, exemplifica Daniela.
Contar histórias tem tudo a ver com o cooperativismo; e cooperativismo tem tudo a ver com pessoas” Daniela Lemke, gerente de comunicação do Sistema OCB
Esta matéria foi escrita por Tcérena Guimarães e está publicada na Edição 26 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação