O futuro é hoje!

Atenção gestores: a sustentabilidade do seu negócio depende de como você lida com as mudanças trazidas pela internet e pelas novas tecnologias. Marcas consagradas desapareceram, profissões estão sendo extintas, alguns e serviços estão ficando obsoletos. Parece o apocalipse, mas não é. No universo cooperativista temos plenas condições de fazer os ventos da mudança soprarem a nosso favor. Sabe por que? “O caminho para o sucesso não é pavimentado por tecnologias, mas por pessoas”. A frase é de Sandro Magaldi, autor do livro Gestão do Amanhã e fundador de uma startup com foco em gestão e empreendedorismo. E até ele — que vive da inovação — reconhece: a tecnologia é apenas uma ferramenta de mudança. As boas ideias surgem de pessoas.

Segundo Magaldi, entender como a tecnologia muda o comportamento da sociedade é o primeiro passo para saber como lidar com as transformações causadas por ela.

Não adianta pensar com a nossa cabeça. O primeiro passo é entender que o mundo mudou. O maior desejo dos jovens da minha geração, por exemplo, era ter um carro. Hoje, já não há mais tanto interesse porque existem aplicativos que resolvem o problema da locomoção para eles. Tanto, que houve uma redução de 21% na emissão de carteiras de habilitação no Brasil nos últimos três anos”, explica.

Justamente por isso, o desafio dos gestores das montadoras e dos taxistas não é quebrar a cabeça para desenvolver novas tecnologias para brigar com essa realidade. O desafio é entender o que as pessoas querem e oferecer soluções diferenciadas para elas. "A gente precisa aprender a desaprender e reaprender”, acrescenta André Bello, professor do Centro de Referência em Inteligência Empresarial (Crie), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Bello chama atenção para o fato de que as novas tecnologias estão apenas começando a aparecer. “Ainda vamos ter um salto tecnológico gigantesco nos próximos anos. E precisamos saber usar a tecnologia a nosso favor, para sanar as nossas necessidades, ao invés de competir com ela. Acredito que futuro será totalmente diferente de tudo que já foi vivido. E nesse futuro, não serão os mais fortes que sobreviverão, e sim os mais rápidos”.

Outro ponto importante: existe uma falsa percepção de que a inovação só é feita por pessoas jovens. "Inovação tem a ver com a forma de pensar, e não com idade”, garante o fundador da plataforma Meu Sucesso. Para ele, a empresa que possuir profissionais com conhecimento de mercado e capacidade para inovar tem seu futuro garantido. "O importante é não ter medo de mudar. Algumas marcas estão quebrando por fazer a mesma coisa muito bem feita por muito tempo. E nos dias de hoje precisamos de mais: é necessário fazer diferente", conclui Magaldi.

GOVERNANÇA COOPERATIVA

Se as pessoas são o principal ingrediente para o crescimento de um empreendimento, a implantação de um modelo de governança é similar a uma receita, capaz de fazer todos os profissionais da empresa atuarem de forma conjunta e sinérgica, gerando resultados melhores e mais sustentáveis.

Na prática, a governança cooperativa é um modelo de gestão fundamentado nos valores e princípios cooperativistas, que estabelece as políticas internas e os órgãos necessários para garantir a transparência, a ética e a perenidade dos negócios. Desde 2016, as melhores práticas relacionadas ao tema formam sistematizadas no Manual de Boas Práticas de Governança Cooperativista , elaborado pelo Sistema OCB.

"Esse modelo de referência de governança tem auxiliado nossas cooperativas a melhorar suas estruturas de gestão e, consequentemente, a melhorar sua performance e competitividade”, explica Luciana Mattos, uma das consultoras responsáveis pelo lançamento da publicação. Ela esclarece que todas as políticas e estruturas sugeridas pelo manual levam em consideração os princípios e as particularidades do modelo de negócios cooperativista. Afinal, somos diferentes, com orgulho, já que nossas decisões são sempre pautados por nosso compromisso com as pessoas e com o desenvolvimento sustentável das comunidades nas quais atuamos.

Dentro desse nosso modelo referencial, gestão e governança são duas engrenagens que devem estar funcionando sempre; e devem estar bem alinhadas porque se uma travar, a outra pode até demorar, mas trava também", disse.


Governança Cooperativista foi elaborado por um grupo técnico constituído por profissionais do Sistema OCB, representando as cinco regiões do país. A publicação aborda conceitos e princípios importantes sobre governança aplicada a sociedades cooperativas e trata de outras questões fundamentais, como o papel de cada agente, além da função dos órgãos de administração e fiscalização. Também são ressaltados os trabalhos e a relevância dos comitês de assessoramento e das auditorias, assim como da ouvidoria e do relacionamento constante e estreito com o cooperado.
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5 Princípios da Boa Governança Cooperativa

  1. Autogestão
    É o processo pelo qual os próprios cooperados, de forma democrática e por meio de organismos de representatividade e autoridade legítimos, assumem a responsabilidade pela direção da cooperativa e pela prestação de contas da gestão. Os agentes de governança são responsáveis pelas consequências de suas ações e omissões.
  2. Senso de Justiça
    É o tratamento dado a todos os cooperados com igualdade e equidade em suas relações com a cooperativa e nas relações desta com suas demais partes interessadas.
  3. Transparência
    É facilitar voluntariamente o acesso das partes interessadas às informações que vão além daquelas determinadas por dispositivos legais, visando à criação de um ambiente de relacionamento confiável e seguro.
  4. Educação
    É investir no desenvolvimento do quadro social visando à formação de lideranças, para que estas tragam em seus conhecimentos de gestão e administração a essência da identidade cooperativa, base de sucesso e perpetuidade de sua doutrina.
  5. Sustentabilidade
    É a busca por uma gestão ética nas relações internas e externas para geração e manutenção de valor a todas as partes interessadas, visando à perenidade da cooperativa, considerando os aspectos culturais, ambientais, sociais e econômicos.


Esta matéria foi escrita por Sabrine Meneses e está publicada na Edição 26 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação


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