Por que as cooperativas deveriam exportar seus produtos?

Os benefícios da exportação são imensuráveis para o nosso movimento. Irineo da Costa Rodrigues, diretor-presidente de uma das maiores cooperativas do país, a Lar, destaca a proteção cambial como uma das vantagens de conquistar o mercado internacional. “Importamos em uma moeda estrangeira, em uma moeda forte. E quando exportamos, também nesta moeda, estamos nos protegendo, afirma.

Como cada cliente estrangeiro tem as suas características específicas, as equipes das cooperativas precisam se dedicar para aprenderem mais, conhecerem culturas, costumes e, sobretudo, as exigências dos clientes, estimulando as cooperativas a alcançarem um patamar mais elevado. “Não que os clientes internos não sejam importantes. Sim, são importantes, exigentes, mas à medida que exportamos para cinco continentes, isso nos traz uma realidade nova e que efetivamente faz com que a cooperativa tenha que pensar muito”, analisa o representante da Lar.

E claro, sem faltar o entendimento técnico para atender às demandas do mercado externo, que são muitas, com barreiras, de ordem sanitária e econômica, com os países se protegendo muitas vezes em bloco para não permitir concorrência de produtores, de cooperativas brasileiras com produtores locais e de outros países. Por isso, ser competitivo, estar atualizado, aprendendo constantemente, e ter o conhecimento como palavra de ordem, praticada no dia a dia, foram os principais desafios enfrentados pela Lar, mas que já fazem parte da rotina da cooperativa.

INOVAÇÃO É PONTO DE PARTIDA

Crédito: Adobe Stock

Uma das ferramentas encontradas pela Lar, que tem sede em Medianeira, no interior do Paraná, foi investir na área de inovação. A cooperativa entendeu que seria necessário investir em estudo, tanto que lançou em setembro a Lar Universidade Corporativa.

 A educação faz parte do 5º princípio do cooperativismo e está na nossa essência. Temos muitos talentos dentro de casa, verdadeiras joias que precisam ser lapidadas”, afirmou o diretor-presidente da Lar.

A Universidade é um grande guarda-chuva com cursos de terceiro grau focados nas necessidades da cooperativa, além dos cursos já ministrados de nível médio, mais os cursos de curta, média e longa duração. “A inovação é o que precisamos estar sempre buscando”, frisa o vice-presidente. A Lar possui um programa de inovação estruturado há diversos anos, com comitês internos, específicos, inclusive com comitê de inovação envolvendo associados, agricultores, produtores e também técnicos da cooperativa.

Aliás, a inovação é um dos grandes instrumentos que permitiram que a Lar se consolidasse como uma das principais cooperativas exportadoras do Brasil. Ela, que detém suas principais operações no oeste do Paraná, além de unidades no Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Paraguai, vende seus produtos para 76 países. A Lar tem foco na produção de grãos e industrialização de aves, cujo abate em 730 mil por dia, sendo 55% exportadas para a China, Japão e Europa.

Não tenho dúvidas de que por estarmos exportando para o resto do continente americano, Europa, Ásia e países árabes, nós precisamos estar muito atualizados”, avalia Rodrigues.

As exportações também são uma excelente oportunidade para as cooperativas darem vazão à produção brasileira. De acordo com o Mapa, o agronegócio representa mais da metade do total da pauta de exportações brasileiras, por isso, a importância de as cooperativas fazerem um esforço para participarem dessas oportunidades. “As cooperativas não podem ficar de fora, muito pelo contrário. Elas devem assumir o papel de protagonismo, ou seja, estar à frente em alguns mercados, porque produção nós temos, sabemos fazer, nós temos qualidade e podemos garantir essa qualidade aos nossos clientes”, conclui o diretor da Lar, que possui 11.700 associados e 18.300 trabalhadores, sendo a cooperativa singular que mais emprega no Brasil. A Lar encerrou 2019 com faturamento de quase R$ 7 bilhões.



Esta matéria foi escrita por Luciana Vieira e está publicada na Edição 32 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação


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