Somando forças

Não é novidade que a colaboração e o trabalho em equipe fazem um time mais forte para vencer desafios. Foi essa lógica da união de esforços e de estratégias para vencer objetivos em comum que deu origem ao CoopMode — projeto de intercooperação que envolve cinco cooperativas do estado do Paraná que decidiram, juntas, desenvolver um ecossistema cooperativista de inovação. 

O projeto foi criado em janeiro de 2021, inicialmente, com a participação das cooperativas agroindustriais Frísia, Castrolanda e Capal, que já mantêm uma parceria institucional intercooperativa representada pela marca Unium

Por estarem sempre trabalhando juntas, as três coops perceberam que estavam enfrentando desafios muito parecidos para implementar a cultura da inovação em suas equipes. Por isso, decidiram montar um projeto conjunto de fomento à inovação. E, como a diversidade de olhares é fundamental para quem deseja criar algo novo, elas decidiram convidar uma quarta cooperativa para incrementar a parceria: a Capal Cooperativa Agroindustrial.

Percebemos que, por meio do CoopMode, poderíamos atender demandas estratégicas das cooperativas participantes e também trabalhar em conjunto e agregar cada vez mais valor aos negócios da região”, destaca Fábio Solano, analista de Estratégia e Inovação da Frísia Cooperativa Agroindustrial.

O gerente de Estratégia, Projetos e Processos da Castrolanda Cooperativa Agroindustrial, Vitor de Almeida Fonseca, concorda e acrescenta: “Considerando as incertezas do mercado e os desafios envolvidos em cada ideia inovadora, é confortante saber que não estamos sozinhos. Juntos, conseguimos refletir melhor sobre situações novas, e o compartilhamento de experiências tem sido ótimo para tomarmos decisões mais assertivas”.

PILARES DE ATUAÇÃO

O CoopMode é baseado em três pilares. O primeiro é a cultura da inovação, que busca sensibilizar — por meio de palestras e capacitações — colaboradores, cooperados e a alta gestão das cooperativas sobre a importância de investir em novas ideias, processos, produtos e serviços, valorizando a diversidade de olhares, pensamentos e perfis.  

Os outros dois pilares da iniciativa são a realização de projetos conjuntos e a conexão com ecossistemas de inovação, com a promoção de editais de inovação e de ações de inovação aberta — aquelas realizadas em parceria com outras instituições.

Por decisões estratégicas, a implementação dos pilares do CoopMode vai acontecer aos poucos e o primeiro deles, que trata de cultura de inovação, já está em andamento. “Decidimos trabalhar, inicialmente, com a sensibilização da alta liderança, justamente para muni-los de dados sobre o ecossistema de inovação e de cases práticos de uso de novas tecnologias no agronegócio. Cada evento de sensibilização tem contado com uma média de 100 participantes, focando sobre tendências e novidades em todo o setor”, conta Fábio Solano.

Segundo Alessandra Heuer, responsável pela Comunicação e Marketing da Capal, os eventos de sensibilização de lideranças já começaram a trazer resultados positivos para sua cooperativa. 

Hoje, já vemos a cultura da inovação presente no dia a dia da Capal; estamos pensando de forma mais inovadora, buscando parcerias e ferramentas que vão nos ajudar nos resultados. Estamos pensando, também, que a inovação é agora, é hoje, e não algo distante”, observa Alessandra. 

QUANTO MAIS COOPS INOVANDO, MELHOR

No início deste ano, mais uma cooperativa agroindustrial paranaense, a Agrária, foi convidada a fazer parte do CoopMode. 

“Em 2021, tivemos um benchmarking com a Castrolanda na área de Estratégia e Projetos, que abriu portas para a troca de experiências na área da inovação”, conta Danielle Machado, responsável pela área de Estratégia Corporativa da Agrária. “Recebemos o convite das cooperativas do Grupo Unium e encaramos como uma oportunidade para compartilhar experiências em inovação, tecnologia e ASG (sigla para ambiental, social e governança), discutindo e explorando oportunidades para crescimento dos cooperados e das cooperativas”, completa.

Segundo Danielle, o trabalho em intercooperação tem sido excelente para promover a busca por objetivos em comum. “A difusão do modo de ser cooperativista é aplicada na utilização das melhores práticas de cada cooperativa, com vistas à potencialização dos resultados. Dessa forma, nos apoiamos em nos mantermos atualizados sobre as novidades relevantes para o setor. Isso fortalece cada uma das cooperativas frente ao mercado”, observa.

Danielle destaca, ainda, que a parceria já está dando frutos. “Nosso grupo trabalha focado em resultados. Elaboramos uma matriz de priorização dos assuntos de interesse em comum para as cooperativas e definimos um calendário de estudos dos temas mais relevantes. No mês de abril, tivemos a primeira palestra do ano com um especialista externo, que explorou as possibilidades de projetos de Energia Limpa”, conta.

Além das quatro cooperativas, o CoopMode conta com o apoio da Fundação ABC — instituição sem fins lucrativos que realiza pesquisa aplicada para desenvolver e adaptar novas tecnologias, com o objetivo de promover soluções tecnológicas para o agronegócio aos mais de 5 mil produtores rurais filiados às cooperativas Frísia, Castrolanda e Capal, além de agricultores contribuintes.

Para Luís Henrique Penckowski, gerente técnico de Pesquisa da Fundação ABC, a união de pessoas, trabalhando juntas para um mesmo objetivo, acelera a busca pela solução de um problema. “Nos mais de 95 anos de cooperativismo nos Campos Gerais, nós temos vários exemplos de que isso dá certo. É por isso que a Fundação ABC apoia o CoopMode para buscar soluções inovadoras aos produtores cooperados”, afirma.

ECOSSISTEMA DA INOVAÇÃO

Para 2022, além da continuidade das atividades de capacitação e sensibilização, que serão estendidas a um público mais amplo das quatro cooperativas, as ações do projeto deverão ser ampliadas. 

Estamos agora entrando em uma nova etapa, que se refere às práticas de gestão de projetos específicos compartilhados nas cooperativas. O foco é entrar com esses projetos práticos com o objetivo de melhorar processos e produtos que as cooperativas trabalham”, explica Fábio Solano. “Essa nova fase poderá gerar resultados com alto grau de escalabilidade, uma vez que os projetos são voltados ao core business de todos os membros envolvidos”, completa.

Também está em estudo para este ano a abertura de editais de inovação em conjunto, com temáticas específicas e compartilhadas com os negócios das cooperativas. “Além disso, estamos debatendo a viabilidade de realizar programas de residência com foco em inovação”, conta o analista de Estratégia e Inovação da Frísia.

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A união faz a força

Criada em 2017, a Unium (fusão das palavras “união” e “um”) é uma das mais bem sucedidas iniciativas de intercooperação do país, envolvendo três das principais cooperativas agropecuárias do Brasil: Castrolanda, Frísia e Capal. 

Antes de intercooperarem, essas coops atuavam de maneira independente nos mercados de leite e derivados lácteos, produção e comercialização de carne de suínos, e produção de trigo. Separadas, tinham recursos limitados para investir em pesquisa e em novas tecnologias e gastavam muito com marketing, logística e despesas administrativas. Foi então que decidiram unir forças para tornar o cooperativismo mais forte na região e criaram uma marca conjunta, a Unium.

Desde então,      passaram a dividir despesas e a unir suas produções. Resultado? Em 2021, sob a marca Unium, faturaram R$ 4 bilhões, consolidando-se como a segunda maior produtora de leite do Brasil. Além disso, exportam carne, rações e grãos para mais de 25 países. Para saber mais, acesse o case completo da Unium no site do InovaCoop

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Entenda o poder da intercooperação

Sexto princípio do cooperativismo, a intercooperação é uma maneira inteligente e eficaz de fortalecer o nosso movimento. Afinal, quando uma coop cresce, todo o cooperativismo cresce junto, ganhando maior visibilidade na sociedade.

Ainda segundo a Aliança Cooperativa Internacional (ACI), a intercooperação tem natureza voluntária e consensual, não podendo ser imposta, necessitando do apoio e da contribuição de todas as partes envolvidas. Essas parcerias podem acontecer de diversas maneiras e com diferentes graus de comprometimento entre as partes. Confira: 

  • Intecooperação local, nacional, regional e internacional: é a classificação mais básica e analisa o âmbito geográfico da parceria. Os acordos locais são válidos no município das cooperativas envolvidas; os regionais são mais amplos, abrangendo uma região, com um ou mais estados; a intercooperação nacional é válida em todo o Brasil e a internacional ultrapassa nossas fronteiras. 
  • Intercooperação setorial e intersetorial: a intercooperação setorial é realizada entre cooperativas, centrais ou sistemas de um mesmo ramo; a intercooperação intersetorial é a realizada entre cooperativas, centrais ou sistemas de dois ou mais ramos diversos.
  • Intercooperação formal e informal: essa classificação envolve o formato legal da parceria. A intercooperação formal conta com estruturas ou contratos formais estabelecidos para esse fim; a informal tem, normalmente, mais flexibilidade e menores custos, mas acarreta maior insegurança, o que poderá causar problemas de governabilidade. 

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Esta matéria foi escrita por Alessandro Mendes e está publicada na Edição 37 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação


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