Um guia para o futuro
Nos dias de hoje, só há uma saída para quem quer sobreviver no mundo dos negócios e ter relevância em seu nicho: I-NO-VA-ÇÃO. Sabendo disso, a Casa do Cooperativismo tem procurado oferecer cada vez mais conteúdos relevantes sobre o tema. De e-books a cursos rápidos, as cooperativas encontram os mais variados recursos e ferramentas nos sites do Sistema OCB.
E 2021 fechou com chave-de-ouro, o primeiro livro sobre inovação está saindo do forno feito sob medida para as cooperativas brasileira: Inovação no cooperativismo — um guia descomplicado para quem deseja inovar mais e melhor no universo coop.
De forma leve e didática, a obra tira todas as dúvidas da sua coop sobre inovação e ainda apresenta estratégias e ferramentas para viabilizar a implantação de programas de inovação dentro das organizações cooperativistas. Quer mais? Cada capítulo traz um artigo assinado por especialistas no assunto. Gente como Martha Gabriel — uma das maiores palestrantes de inovação do Brasil — e Jackson Fressato, criador de uma startup de saúde que coleciona prêmios nacionais e internacionais na área. Assim, o leitor começa a se familiarizar com os grandes nomes do ecossistema brasileiro da inovação.
Fizemos esse livro pensando nos líderes cooperativistas que desejam implantar programas de inovação em sua cooperativa, mas sabemos que acadêmicos e estudantes também vão se interessar no assunto, pois apresentamos muitos cases de cooperativas que estão inovando”, explicou Samara Araujo, coordenadora de Inovação do Sistema OCB.
Ainda segundo ela, a obra tem tudo para se tornar um se tornar um importante item para aprendizado e também pesquisa para estudiosos e professores do tema. Por isso, o Sistema OCB pretender disponibilizar exemplares para bibliotecas, universidades e outros locais de acesso público.
INSPIRAÇÕES
Destinado às cooperativas e escrito por experts em inovação, o livro traz seis cases de inovação realizados por coops de diferentes ramos. “Cada projeto apresentado servirá como inspiração para os gestores que desejam enveredar por essa seara”, acrescenta Samara.
Outro diferencial da publicação é acabar — de uma vez por toda — com a percepção equivocada de que inovação caminha de mãos dadas com as novas tecnologias. A obra deixa bem claro que o segredo da inovação é encontrar novas soluções para velhos problemas. A boa e velha caneta esferográfica, por exemplo, mudou a forma como nós escrevemos, continua atual e não tem nenhuma tecnologia disruptiva acoplada. Portanto, sua cooperativa pode inovar revendo processos, melhorando produtos já existentes ou criando novas maneiras de atender bem ao consumidor.
Além disso, o livro traça um retrato panorâmico de como as cooperativas enxergam a inovação em seu ramo, entre seus pares, e o que pode ser feito para agilizar e melhorar esse processo. Além disso, mostra as vantagens que as cooperativas possuem — em relação a outros modelos de negócio — na hora de inovar, e traz dicas para implantação de um programa de inovação cooperativista.
Ao final da obra, você ainda encontra um dicionário completo de inovação, com os principais verbetes e conceitos relacionados ao tema.
PORTFÓLIO COMPLETO
Desde o lançamento do InovaCoop — site que reúne em um mesmo lugar informações, e-books, cases de sucesso e ferramentas sobre inovação cooperativista—, o Sistema OCB colabora ativamente com a construção de um ecossistema inovador dentro do cooperativismo.
Nós já tínhamos oferecido aos nossos cooperados cursos de EAD na plataforma CapacitaCoop, blogposts com textos mais curtos, ferramentas para colocar a mão na massa e e-books sobre o tema. Recentemente, observando nosso portfolio de soluções, serviços e produtos de fomento à inovação, percebemos que faltava um material mais denso, profundo, robusto, perene e de consulta mais constante. Daí a ideia do livro”, explica a coordenadora de Inovação do Sistema OCB, Samara Araujo.
Quem participou da Semana InovaCoop, realizada em setembro de 2021, já sentiu o gostinho do que está por vir, durante o pré-lançamento do livro. O intuito do Sistema OCB é que a versão impressa da obra comece a circular no início de 2022, e seja disponibilizada para as cooperativas.
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Confira, em primeira mão, um trecho do primeiro capítulo do livro Inovação no cooperativismo: um guia descomplicado para quem deseja inovar mais e melhor no universo coop:
Quando falamos em inovação, qual imagem vem à sua mente? Máquinas de última geração, laboratórios de ponta, equipamentos modernos, estruturas grandiosas com design arrojado ou outros símbolos que representam alta tecnologia? Inovação é tudo isso, mas vai muito além.
A busca por soluções inovadoras acompanha os seres humanos desde a pré-história. A roda, a prensa tipográfica, as vacinas e a internet foram inovações criadas para solucionar problemas importantes e ajudaram a melhorar a vida das pessoas e a impulsionar diversos setores da economia. Mas, atenção: o progresso não acontece apenas com grandes rupturas. Inovações consideradas mais simples também foram responsáveis por novos comportamentos e impactaram a vida de muita gente. Entre elas, podemos citar a caneta esferográfica, os post-its, a comida enlatada e os serviços de delivery.
Se antes o impacto das inovações demorava décadas para se consolidar, atualmente, temos um cenário de aceleração do ritmo das transformações e uma rápida adesão das pessoas, o que impõe que as organizações permaneçam atentas — e em movimento — para se manterem competitivas.
É claro que as novas tecnologias da informação impactam — e muito — a inovação. A velocidade com que essas ferramentas se desenvolvem é catalisador para grandes mudanças em nossa sociedade. É importante destacar, no entanto, que a inovação não depende exclusivamente de equipamentos modernos, tecnologias disruptivas e tampouco do porte da organização em que está sendo gestada.
Entretanto, antes de avançar nesse debate, precisamos alinhar nosso entendimento sobre o significado da palavra inovação. Existem vários conceitos, em diferentes áreas do conhecimento, para definir esse vocábulo. E não há resposta simples, ou uma única correta, para a pergunta com a qual iniciamos este capítulo. Para Peter Drucker, considerado o pai da Administração moderna, inovar é pensar uma solução nova a cada vez que surge um problema novo.
"Inovação é o ato de atribuir novas capacidades aos recursos (pessoas e processos) existentes na empresa para gerar riqueza", explica o pensador.
Quando pensamos em grandes exemplos de inovação, os serviços de entrega de refeições prontas por aplicativo são referência. Na sua essência, o que iFood ou Rappi disponibilizam não é, exatamente, um produto novo ou uma engenhoca própria inventada por eles. O serviço de delivery já existia, mas antes era administrado pelo próprio estabelecimento, exigindo uma logística própria de administração.
No caso específico do iFood — uma empresa 100% brasileira —, a ideia original era simples: criar um cardápio impresso que reunisse todos os serviços de delivery de uma região em um mesmo lugar. Conforme cadastravam esses estabelecimentos, os idealizadores do serviço foram percebendo que ali havia uma baita oportunidade de negócios. Foi então que decidiram conectar quem queria receber uma refeição pronta em casa aos restaurantes e às lanchonetes interessados em oferecer o serviço, sem arcar com os custos de um delivery próprio. Para fazer isso, eles tiveram de sair do universo off-line (fora da internet) e entrar no digital, criando um dos aplicativos mais populares e lucrativos da América Latina.
Também é comum confundir os conceitos de inovação e tecnologia — o que é compreensível, já que muitas transformações importantes se deram a partir do desenvolvimento de uma nova tecnologia, como a internet. Mas, vale lembrar que tecnologia é ferramenta e, por isso, tem prazo de validade em termos de utilidade, já que dentro de algum tempo surgirá uma nova que cumprirá aquela atividade de forma mais satisfatória. É o caso do VHS, que evoluiu para o DVD, que evoluiu para o formato Blu-ray até que todos fossem ultrapassados pelos serviços de streaming (transmissão, em tempo real, de dados de áudio e vídeo). A inovação pode ser, inclusive, a descoberta de novos usos para velhos produtos.
Outro erro comum é pensar que a inovação surge como fruto do acaso ou em um lapso de genialidade de algum membro do time ou líder engenhoso. A verdade é que inovar dá trabalho, exige método e afinco, como veremos mais adiante neste livro. Habilidades como a criatividade e o pensamento disruptivo são relevantes, mas é fundamental ter em mente que a inovação é um processo sistemático — portanto, passível de organização e de gestão.
Ernest Gundling, autor do livro The 3M way to inovation, que conta a história da companhia norte-americana criadora dos famosos post-its, defende que inovação é “uma nova ideia implementada com sucesso, que produz resultados econômicos".
Perceba o destaque que se dá à questão econômica: uma boa ideia só pode ser considerada uma inovação, no contexto de uma organização, se gerar algum ganho econômico, direta ou indiretamente.
De forma simples e objetiva, a inovação é pensar novos caminhos para resolver problemas e oportunidades que se colocam a cada dia na rotina de uma organização. A gestão de uma organização — incluindo cooperativas — lida com desafios que surgem quase diariamente. O erro está em tentar resolver novas questões com fórmulas antigas que podem ter sido muito eficientes em outros momentos, mas não se aplicam aos contextos atuais.
Portanto, a inovação é fruto do trabalho. Trata-se de uma inspiração organizada. Pode ser disparada pelo mercado, por mudanças sociais, legislativas, por novos hábitos de consumo de uma população ou mesmo uma mudança geracional que modifica comportamentos. Dominar a capacidade de inovar, no cenário atual, não é mais uma opção para as organizações, sejam elas comerciais ou cooperativas. Ela passou a ser uma habilidade muito importante para a manutenção dos negócios e para a preservação da competitividade, conforme abordaremos adiante.
E já que todo cooperativista gosta de uma boa história, vale compartilhar uma anedota muito comum nas conversas sobre inovação. Ela fala sobre uma dupla de moscas que caiu em um copo de leite. Uma delas optou por ficar inerte, afogou-se e morreu; a outra se debateu desesperadamente e, com o movimento de suas asas, o líquido talhou, transformou-se em manteiga; ela conseguiu voar e se salvou. Após algum tempo, a mesma mosca sobrevivente caiu com outra no refrigerante. Sua colega viu o canudo e sugeriu que escapassem subindo por ali. Mas ela se lembrou de sua experiência passada e disse: “não, eu já sei como sair. É só bater as asas, insistentemente”. O líquido não mudou sua consistência e ela morreu de cansaço, após tanto se debater. A outra saiu pelo canudo, sem dificuldades. A moral da história é: não adianta tentar resolver novos problemas com soluções antigas. É preciso estar atento ao contexto para inovar, sempre.
Esta matéria foi escrita por Lílian Beraldo e está publicada na Edição 36 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação